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Etnias e línguas indígenas: pesquisadora do Museu Goeldi discute os dados do Pará no Censo de 2022 do IBGE
- Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Agência Museu Goeldi - No Pará, existem 222 etnias indígenas, segundo os resultados do Censo 2022, divulgado na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Comparando com os números divulgados pelo censo em 2010, os dados mostram 65 etnias em território paraense, que não constavam anteriormente. Ao todo, no Brasil, foram constatadas 391 etnias e 295 línguas indígenas. São Paulo é o estado com maior número de etnias identificadas, seguido do Amazonas, da Bahia e do Pará, que ficou com a quarta posição.
Estes são alguns dos resultados que serão apresentados no evento “Etnias e Línguas Indígenas – Principais Características Sociodemográficas: Resultados do Universo”, que será realizado nesta quinta-feira (30/10), às 9h, no Auditório K1 do Campus Básico da Universidade Federal do Pará (UFPA). Promovido pelo IBGE, por meio da Superintendência Estadual no Pará, em parceria com a Universidade Federal do Pará e a Universidade Estadual do Pará, o evento contará com uma mesa de debates com a presença da professora e pesquisadora do Museu Goeldi, a linguista Ana Vilacy Galucio.
Segundo ela, que também é professora do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará, “em um país de grande dimensão e diversidade étnica, linguística e cultural, como o Brasil, é de fundamental importância o conhecimento, o mapeamento da real situação dos povos habitantes deste território, com suas línguas e culturas específicas”. Para Ana Vilacy, conhecer a situação das línguas faladas no país, incluindo quantitativo e localização geográfica, permite planejar e implementar políticas públicas de salvaguarda, valorização e fortalecimento dessas línguas, bem como o arcabouço de conhecimentos e de possibilidades que elas representam.
“Penso que a inclusão no Censo Nacional da questão sobre as línguas indígenas faladas no Brasil é uma contribuição importante para se começar a entender a real situação dessas línguas”, explicou a linguista, dizendo que essa perspectiva de inclusão foi iniciada na edição do Censo Nacional de 2010, cujo planejamento a área de linguística do Museu Goeldi colaborou, através das atividades do Grupo de Trabalho da Diversidade Linguística, constituído no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para planejar o Inventário Nacional da Diversidade Linguística do país (INDL).
De acordo com a pesquisadora do Museu Goeldi, “as informações coletadas no Censo devem ser analisadas e entendidas, à luz da metodologia de coleta utilizada e das questões de representatividade de cada grupo social, de cada comunidade, de cada cidadão e cidadã que respondeu ao Censo. A qualificação das informações é necessária, enfatizou Ana Vilacy, destacando a necessidade de refletir sobre os números coletados pelo IBGE. “Ao mesmo tempo que é importante o aumento da representatividade, observada através do número de etnias e de línguas apresentadas através da metodologia da autoidentificação, é necessário refletir sobre o impacto desses números”, explicou Vilacy. “Para a formulação de políticas públicas efetivas relativas à manutenção, fortalecimento e valorização das línguas indígenas, é crucial termos a dimensão exata da situação”, concluiu a pesquisadora.
Para participar do evento de divulgação dos resultados do Censo Demográfico 2022: “Etnias e Línguas Indígenas – Principais Características Sociodemográficas: Resultados do Universo”, com foco no Estado do Pará, é necessário realizar inscrição pelo link: https://forms.gle/ZXQ59TKP7Prcey4d9
O evento também será transmitido pelo Portal do IBGE (www.ibge.gov.br), na seção IBGE Digital, e pelas redes sociais do Instituto. Abaixo, confira a programação completa.
Texto: Carla Serqueira
Edição: Denise Salomão
PROGRAMAÇÃO
9h00 – Abertura oficial
- Rony Helder Nogueira Cordeiro – Superintendente Estadual do IBGE no Pará
- Prof. Dr. Gilmar Pereira da Silva – Reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA)
- Representante da UEPA
- Representante da Associação dos Povos Indígenas Estudantes na Universidade Federal do Pará - APYEUFPA
9h30 – Apresentação do Censo Demográfico 2022 “Etnias e Línguas Indígenas – Principais Características Sociodemográficas: Resultados do Universo”
- Luiz Claúdio do Monte Martins – Economista, Gerente de Planejamento e Gestão Administrativa, Coordenador Técnico do Censo 2022 (IBGE SES/PA)
- José Maria Ferreira Costa Junior – Antropólogo, Prof. do Instituto Federal do Pará (IFPA) – Campus Castanhal, Analista censitário de povos e comunidades tradicionais no Censo 2022 (IBGE SES/PA)
11h00 – Debate
- Sidney da Silva Facundes - Professor do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL/ILC/UFPA), Coordenador do Grupo de Estudos sobre Línguas e Culturas Indígenas (GELCIA)/UFPA
- Antonia Zelina Negrão de Oliveira - Professora do Departamento de Educação Escolar Indígena (DEEI), membro do Grupo de Estudos Indígenas da Amazônia (GEIA), Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Educação Escolar Indígena (PPGEEI/UEPA)
- Ana Vilacy Galucio, Linguista, Professora Titular do Museu Paraense Emílio Goeldi, Profa. Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL/ILC/UFPA)
- Tito Citu Wai Wai – Indígena do povo Wai Wai, Mestrando do Mestrado Profissional em Linguística e Línguas Indígenas (PROFLLIND)/ Museu Nacional / Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
- Iaponã Ferreira Guajajara, Cientista Social, com ênfase em Sociologia - Universidade Estadual de Campinas - (UNICAMP), Membro do Conselho Estadual de Assistência Social do Pará (CEAS-PA), participante do programa "Kuntari Katu: Líderes Indígenas na Política Global" e membro da Comitiva do Ministério dos Povos indígenas (MPI) na COP30 - mesa de negociação sobre "Mitigação"
