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Pesquisadora do LNA participa de artigo de revisão sobre a pesquisa de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs) no espaço
Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs) são moléculas formadas por átomos de carbono e hidrogênio, nas quais os carbonos estão dispostos em múltiplas estruturas hexagonais e os hidrogênios ficam presos nas bordas dessa molécula. Na Terra, essas moléculas são produzidas, por exemplo, na queima de combustíveis fósseis e, infelizmente, fazem parte da poluição atmosférica. Infelizmente porque podem ser bastante tóxicas para nós. No espaço, elas estão presentes em vários ambientes, como atmosferas de outros planetas e luas, nuvens de gás, material circunstelar, em nossa e em outras galáxias. São de nosso interesse, pois são razoavelmente abundantes e estáveis e podem ser um importante reservatório de átomos carbono — molécula importante para a vida — no Universo.
A pesquisa sobre PAHs no espaço envolve Astrônomos, Físicos e Químicos, realizando observações astronômicas, experimentos laboratoriais e desenvolvendo teorias e modelos. Essa interdisciplinaridade muitas vezes encontra obstáculos, por necessitar da colaboração entre campos que usualmente trabalham separados e de formas muito distintas. Para ajudar a criar pontes entre esses campos, foi criada a newsletter AstroPAH (https://astropah-news.strw.leidenuniv.nl/), que há mais de 10 anos compila trabalhos de pesquisa e oportunidades de colaboração nas várias áreas relevante à pesquisa de PAHs e espécies relacionadas.
Para celebrar os primeiros dez anos do AstroPAH, seus editores (incluindo Isabel Aleman, pesquisadora do LNA) prepararam um artigo de revisão sobre os últimos 10 anos de pesquisa vista através de suas páginas. O artigo tem dez capítulos dedicados a temas como a emissão de PAHs e sua associação com as bandas infravermelhas, ópticas e a emissão anômala de micro-ondas, o processamento dos PAHs pela radiação ultravioleta e choques, suas propriedades em diferentes ambientes astrofísicos e sua importante relação com a poeira, a molécula H2 e moléculas de interesse à vida. São discutidas técnicas e conhecimentos gerados através de observações, experimentos, teoria e modelagem em Astronomia, Física e Química, mas tentou-se manter uma linguagem acessível a profissionais de todas essas áreas.
O lançamento do Telescópio Espacial James Webb traz a promessa de grandes avanços na pesquisa sobre PAHs no infravermelho próximo e médio, região espectral onde essas moléculas emitem copiosamente quando presentes. Esse artigo chega, então, em um momento importante para contribuir para pesquisas futuras com esse telescópio.
O artigo está disponível de forma aberta no seguinte endereço:
The AstroPAH 10 Years of Science Review
Helgi Rafn Hrodmarsson, Isabel Aleman, Alessandra Candian, Sandra Wiersma, Julianna Palotás, David Dubois, Ameek Sidhu, Donatella Loru, Pavithraa Sundarajan, Ella Sciamma-O’Brien & Alexander G. G. M. Tielens
Space Science Reviews (2025) Vol. 221, artigo 42
https://doi.org/10.1007/s11214-025-01161-x
Capa da newsletter AstroPAH de maio de 2024.

- A capa mostra o espectro da radiação no infravermelho médio da Nebulosa de Orion observada com o Telescópio Espacial James Webb (JWST) sobrepondo uma imagem desta nebulosa. As protuberâncias coloridas em vermelho no espectro são bandas de emissão de PAHs. Na ilustração de fundo da capa, alguns exemplos de moléculas de PAHs são ilustrados. Créditos: Espectro de Chown et al. 2024, https://www.aanda.org/articles/aa/full_html/2024/05/aa46662-23/aa46662-23.html; imagens da nebulosa de Orion fornecidas por Christiaan Boersma e Els Peeters; imagem de fundo da capa do AstroPAH por NASA/STScI/JPL-Caltech/CXC/Univ.Potsdam/L.Oskinova et al.; composição newsletter AstroPAH.