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Pesquisadores, alunos e colaboradores do Inpa são homenageados no XI Congresso Brasileiro de Herpetologia
Inpa recebeu centenas de participantes do Congresso na atividade “Portas Abertas: Espaços da Herpetofauna”. Entre eles estavam a Coleção de Anfíbios e Répteis, a Casa da Ciência, com a exposição Tramas da Ciência, e o Centro de Estudos de Quelônios da Amazônia (Cequa), no Bosque da Ciência. Foto: Igor Souza- Ascom Inpa.
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) recebeu os participantes do XI Congresso Brasileiro de Herpetologia (CBH), realizado em Manaus, sediado no Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques e possibilitou aos congressistas conhecerem os espaços científicos e culturais dedicados à herpetofauna no Inpa.
No Instituto, os visitantes participaram da atividade “Portas Abertas: Espaços da Herpetofauna”, que apresentou ambientes voltados ao estudo e à conservação da fauna amazônica. Entre eles estavam a Coleção de Anfíbios e Répteis, a Casa da Ciência, com a exposição Tramas da Ciência, e o Centro de Estudos de Quelônios da Amazônia (Cequa), no Bosque da Ciência.
A pesquisadora do Inpa e curadora da Coleção de Anfíbios e Répteis, Fernanda Werneck, destacou a importância da atividade para a troca de experiências. “Receber essa comunidade científica, formada por alunos e pesquisadores de todo o Brasil e diferentes áreas do conhecimento sobre a herpetofauna, é também uma oportunidade de apresentar o trabalho de consolidação do nosso acervo, que já conta com mais de 49 mil exemplares e a pesquisa integrada que desenvolvemos entre trabalho de campo, coleção científica e extensão”, explicou.
Para o congressista Henrique Furtado, mestre em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal), a experiência reforçou a importância do contato direto com o acervo. “Visitar a coleção foi uma oportunidade de ver exemplares que mais me interessavam, como as salamandras e as cobras-corais, que aqui na região são bem maiores e que geralmente só conhecemos pelos livros”, afirmou.
O Bosque da Ciência também recebeu os visitantes com uma programação exclusiva, que incluiu a exposição da Casa da Ciência e visitas guiadas ao Cequa. O biólogo Arthur Freitas, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais, destacou a dimensão da vivência proporcionada. Para ele, a atividade representou uma experiência de imersão na Amazônia por meio do contato com a fauna e a flora locais.
A semana do XI CBH também marcou a estreia do vídeo documentário ‘A expedição científica à Flona de Tefé’ realizada pelo projeto de pesquisas apoiado pela Iniciativa Amazônia+10 coordenado pela pesquisadora Fernanda Werneck e que passou a ficar em exibição permanente na exposição “Tramas da Ciência” e foi lançado também on-line durante o Simpósio 'Mudanças climáticas e a sociobiodiversidade amazônica: perspectivas da herpetofauna' (https://www.youtube.com/watch?v=TDzSQJ7uwRM).
Sobre o Evento
De 25 a 29 de agosto, Manaus recebeu o XI Congresso Brasileiro de Herpetologia (CBH), o primeiro realizado no Amazonas. Com o tema “Encontro de Saberes Ancestrais e Contemporâneos no Coração da Amazônia”, o congresso reuniu mais de mil participantes entre alunos, pesquisadores, representantes de comunidades tradicionais, indígenas e demais interessados para discutir a diversidade e a relevância da herpetofauna brasileira em múltiplas dimensões do conhecimento.
A programação abordou a herpetologia de forma interdisciplinar, com temas que vão de biogeografia e conservação à saúde pública e educação ambiental. O evento integrou ciência e saberes tradicionais, fortaleceu redes de colaboração e ampliou o entendimento sobre biodiversidade e conservação em um cenário global.
O XI CBH foi promovido pela Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH) e executado pela UFAM, UEA e FMT-HDV, além de diversas instituições parceiras, incluindo o Inpa. “Estamos muito orgulhosos e gratos de realizar o maior evento de herpetologia do país no coração da Amazônia e com recorde de participantes. A participação do Inpa foi fundamental para a realização do CBH em Manaus” disse Igor Kaefer, professor da UFAM e Presidente do XI CBH.
A atividade no Inpa se deu no primeiro dia antes da abertura do Congresso e fez parte das contribuições do Instituto para o congresso, que também contou com dezenas de participações de pesquisadores e alunos em apresentações orais, pôsteres e palestras em diversos Simpósios e Mesas redondas, além do reconhecimento com homenagem a seus profissionais.
Ocirio de Souza Pereira, mais conhecido como “Juruna” ou “Deputado”, foi um dos homenageados. Juruna é assistente de campo nas pesquisas do Inpa há quase 40 anos. Sua experiência engloba expedições e cursos do instituto em toda a Amazônia, assim como em outros biomas. Serpentes, anuros, aves e palmeiras estão entre os muitos grupos biológicos com os quais ele já trabalhou e domina. Além disso, tem profundo conhecimento de convivência na floresta e do ritmo de vida nos acampamentos de selva. Das serras de Roraima até as florestas de Araucária do Rio Grande do Sul, o trabalho e o bom humor do Juruna abrilhantam as pesquisas do Inpa por mais de três décadas.
Homenagem à Albertina Lima
Durante o congresso, a pesquisadora e herpetóloga do Inpa, Albertina Lima, foi homenageada por sua contribuição à herpetologia amazônica. Reconhecida pelo trabalho de mais de quatro décadas, Albertina destacou a relevância do gesto por representar também um avanço em termos de representatividade feminina na área. “Fiquei muito honrada, especialmente por ser uma mulher da Amazônia. A herpetologia foi por muito tempo um campo dominado por homens, e poucas mulheres recebiam reconhecimento”, afirmou. Para ela, a homenagem funciona como inspiração para as novas pesquisadoras que estão iniciando a carreira.
Albertina lembrou que, quando começou sua trajetória, o espaço para mulheres era bastante restrito. Hoje, no entanto, acredita que a área já se mostra mais inclusiva. “Cavar esse espaço não foi fácil, mas valeu a pena. Espero que as novas gerações de mulheres na herpetologia se sintam motivadas a continuar”, acrescentou.
As pesquisadoras Albertina Lima e Fernanda Werneck também participaram junto a outras pesquisadoras e alunas de uma mesa-redonda sobre a presença feminina na herpetologia amazônica, e também incentivaram a participação e liderança de seus alunos em outras atividades do congresso. Segundo Albertina, é fundamental que os jovens ganhem experiência e voz em eventos acadêmicos. Na ocasião do simpósio intitulado ‘Olhares femininos sobre a herpetologia da Amazônia’ as herpetólogas participantes organizaram uma homenagem adicional à Albertina Lima na forma de uma placa comemorativa destacando algumas das espécies de anfíbios amazônicos que foram descritas por ela ou nomeadas em sua homenagem.
Trajetória da pesquisadora
Com mais de 20 espécies descritas e dezenas de orientações concluídas, Albertina reforça que o mérito da homenagem não é apenas pessoal, mas coletivo, fruto da dedicação junto a estudantes e colaboradores ao longo da carreira.
Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Amazonas (1989), mestre e doutora em Ecologia pelo Inpa/Ufam, Albertina é hoje pesquisadora titular do Instituto e atua como professora nos programas de pós-graduação em Ecologia (Inpa) e em Zoologia (Ufam). Nos últimos anos, tem se dedicado especialmente a estudos sobre biogeografia e descrição de espécies de anuros amazônicos.






