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Inpa é coorganizador de Encontro da comunidade científica da Amazônia com a presidência da COP30
A capital amazonense será palco de debates que colocam a ciência amazônica no centro das metas climáticas do Brasil para a COP30. Banner: Kaylane Golvin/ Ascom Inpa
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) é coorganizador do Encontro da Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia com a Presidência da COP30, que será realizado na terça e quarta-feira da próxima semana (19 e 20), na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). A presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, está confirmada na terça (20).
Para o diretor do Inpa, o professor Henrique Pereira, o evento é uma oportunidade para estabelecer o diálogo com o negociador-chefe do Brasil, o embaixador André Corrêa do Lago, e também para subsidiar a diplomacia brasileira com as informações produzidas pela ciência amazônica, com a certeza de que a ciência da região pode ser uma referência importante para as negociações. A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) está marcada para ocorrer em Belém (PA) de 10 a 21 de novembro.
O Encontro pré-COP é organizado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável e Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República (CDESS/SRI), conhecido como “Conselhão”, em parceria com o Inpa, da Ufam, Fiocruz Amazônia que integram um coletivo de mais de 40 instituições parceiras. Nos últimos dois meses, o Conselhão se reuniu com instituições de ensino e pesquisa para construir um documento que será apresentado e debatido no evento. O relatório contém propostas e soluções para auxiliar os debates da COP.
“Ao reunir a comunidade científica da Amazônia também iremos apoiar a diplomacia brasileira com informações científicas que podem fundamentar as propostas brasileiras durante a negociação . A Amazônia tem um papel importante na regulação do clima global e da América do Sul, e são as organizações científicas da Amazônia que podem informar, com a certeza que a ciência nos garante, quais são os impactos da mudança do clima sobre a região e como a região contribui para a mitigação dessas mudanças”, destacou o diretor do Inpa, o professor Henrique Pereira.
A iniciativa faz parte de uma Agenda de Ações da COP30 liderado pela Presidência da COP no Brasil para destacar a relevância da ciência produzida na Amazônia como um componente essencial para o cumprimento das metas climáticas do Brasil, integrando-se aos principais programas nacionais, como o Plano de Transformação Ecológica, o Plano Clima, a Nova Indústria Brasil e às diretrizes da Agenda de Ação da COP30, que será realizada no próximo mês de novembro, em Belém (PA).
As contribuições da ciência amazônica para as políticas climáticas do país
Um relatório executivo vai consolidar as contribuições da comunidade científica e tecnológica da Amazônia para a implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada, ou NDC (do inglês Nationally Determined Contribution) para o período de 2025 a 2035. O texto será focado no conhecimento gerado sobre o bioma Amazônico e os desafios econômicos e socioambientais. O documento será entregue ao presidente da COP30 no Brasil e às autoridades do Governo Federal.
A agenda global da COP30 está estruturada em cima de 30 ações concretas divididas em seis eixos — Transição energética, da indústria e dos transportes; Gestão das florestas, oceanos e biodiversidade; Transformação da agricultura e dos sistemas alimentares; Criação de resiliência para as cidades, infraestruturas e oferta de água; Promoção do desenvolvimento humano e social; Promoção e aceleração de capacidades, incluindo financiamento, transferência tecnológica, fortalecimento e desenvolvimento de habilidades.
A última NDC brasileira (disponível aqui) entregue em novembro de 2024, durante a Conferência do Clima na COP29, estabelece a meta de reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa do País entre 59% e 67% até 2035, em comparação aos níveis de 2005, o que equivale a alcançar entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente em termos absolutos. O compromisso reflete o alinhamento do Brasil com as metas do Acordo de Paris.
“Somos um instituto de importância mundial para a biologia tropical, e nossas contribuições ao enfrentamento das emergências climáticas alinhadas aos eixos da COP se dão principalmente no tema da gestão da floresta e da biodiversidade, especialmente com as pesquisas básicas sobre a biodiversidade, mas também na compreensão do funcionamento da floresta para os ecossistemas amazônicos. O Inpa tem contribuído com estudos fundamentais que revelam como a floresta influencia o clima do planeta e como ela vem sendo influenciada pela mudança do clima”, destacou Pereira.
Outra importante contribuição do Inpa se trata das pesquisas com sistemas agroalimentares, nas quais o instituto já trabalha há mais de 40 anos na geração de conhecimento e no desenvolvimento do cultivo de espécies nativas da Amazônia, como pupunha e camu-camu. Além disso, o Inpa é uma instituição que forma pessoas altamente qualificadas, ativo fundamental para o desenvolvimento social e humano para a região. Em 50 anos de pós-graduação, o instituto titulou mais de 3,5 mil mestres e doutores, dos quais cerca de 70% deles permanecem na região.
Saiba mais
A contribuição das instituições da Amazônia resulta de décadas de financiamento público em esforços de pesquisa, extensão, formação superior e tecnológica, envolvendo mais de 400 unidades institucionais presentes nos nove estados da Amazônia Legal. São cerca de 500 programas de Pós-Graduação na Amazônia Legal engajados nas mais diversas áreas de conhecimento sobre as dinâmicas ambientais, sociais e econômicas associadas às florestas tropicais e suas interações urbanas e continentais.

