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Editora do Inpa apresenta sete novas publicações durante a COP 30
Foto: Lucciano Lima/Ascom Inpa
A tarde chuvosa da segunda-feira (18) trouxe mais que abrigo aos visitantes que circulavam pelo Parque Zoobotânico Emílio Goeldi, em Belém (PA). A Casa da Ciência, um dos espaços mais movimentados da programação paralela da 30ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima (COP 30), foi palco do lançamento de cinco novos títulos da Editora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), reunindo pesquisadores, estudantes, famílias e curiosos atraídos pelas cores, formas e histórias apresentadas.
A qualidade editorial, as ilustrações e a diversidade dos temas despertaram atenção imediata, fortalecendo a aproximação entre a produção científica e o público, reafirmando o compromisso do Inpa com a socialização do conhecimento.
O diretor do Inpa, professor Henrique Pereira, destacou que realizar o lançamento durante a COP 30 ampliou o alcance das obras e fortaleceu o diálogo com diferentes públicos. “Foi um momento de grande visibilidade para os nossos autores com as produções científicas do Inpa. Um contato direto com o público e um momento muito agradável de convívio, inclusive com sorteios das obras com mais de 100 participantes, em um momento ímpar de celebração da ciência amazônica", frisou.
Mudanças climáticas sob diferentes olhares
Duas obras sobre os impactos das mudanças climáticas na herpetofauna amazônica, organizadas ou assinadas pela pesquisadora Fernanda Werneck e equipe do Laboratório de Ecologia e Evolução de Vertebrados (Leevi) ganharam destaque. O livro “Emergência Climática e a Sociobiodiversidade Amazônica” reúne estudos sobre anfíbios e répteis, espécies altamente sensíveis às alterações ambientais. “Estamos muito felizes em compartilhar com a comunidade esses produtos de um longo trabalho desenvolvido no laboratório, com financiamento da Fapeam e CNPq, para trabalharmos as questões de como as emergências climáticas e a crise de perda de espécies da biodiversidade são interligadas”, detalhou.
Voltado ao público infantil e juvenil, o livro “A Herpetofauna Amazônica e as Mudanças Climáticas: Vamos Aprender Colorindo?” (2ª edição) introduz conceitos científicos por meio de ilustrações interativas e linguagem lúdica. A iniciativa, assinada por Fernanda Werneck, Felipe Zanusso, Jordana Ferreira, Geovana da Silva e William Nascimento, aproximou famílias e crianças das mesas de exposição.
“Os livros são a culminação de vários projetos de pesquisa, extensão e popularização, e trazem um sumário de como as pesquisas são desenvolvidas no Leevi, além dos principais resultados, apresentados em linguagem para o público geral, infantil, juvenil, adulto, até tomadores de decisão”, completou Werneck.
Educação ambiental
O livro “Vamos Virar o Jogo: Tecendo na Amazônia a Educação Ambiental pelo Clima e pela Vida” ampliou o debate ao propor reflexões sobre práticas pedagógicas transformadoras diante da crise socioambiental. Organizado por Maria Henriqueta Andrade Raymundo, Luiza Magalli Pinto Henriques, Henrique dos Santos Pereira, Hendryo André e Marcos Sorrentino, o livro reúne textos apresentados no VIII Congresso Internacional de Educação Ambiental, realizado em julho, em Manaus.
Para Sorrentino, diretor do Departamento de Educação Ambiental e Cidadania do Ministério do Meio Ambiente (MMA), a publicação traduz a vivência coletiva. “A obra é uma provocação voltada a ‘virar o jogo’ da degradação socioambiental. Reunimos olhares amazônicos que ajudam a compreender e agir de forma educadora e comprometida com a problemática ambiental.”
Segundo a coordenadora-geral de Planejamento, Administração e Gestão Estratégica do Inpa, Magalli Henriques, a emergência climática é também uma crise civilizatória, exigindo não apenas soluções técnicas, mas também uma profunda revisão dos valores que orientam as escolhas políticas, econômicas e sociais. “O enfrentamento da emergência climática precisa reconhecer as desigualdades históricas entre os povos (ninguém pode ser deixado para trás) e valorizar saberes locais e indígenas, respeitando culturas e modos de vida que já praticam sustentabilidade há séculos”, ressaltou Henriques.
Da pesquisa ao território: experiências que regeneram a Amazônia
Já o título “Cicatrizando feridas: recuperando áreas degradadas na Amazônia” tem como premissa as soluções práticas e científicas para regenerar ambientes impactados, com abordagem que envolve manejo do solo, diagnóstico preciso e integração de saberes locais. Organizado pelos pesquisadores do Inpa, Rogério Gribel e Gil Vieira, o livro é um acervo de vivências durante anos de pesquisas em campo.
“O livro relata experiências de diferentes tipos de impactos ambientais e como pesquisadores e técnicos interferiram para que o ambiente se recuperasse mais rapidamente e se transformasse em um ambiente mais produtivo", revelou Gribel.
Alimento - memória e conhecimento
A obra “Ariá: um alimento de memória afetiva” trata do tubérculo amazônico Goeppertia allouia, tradicional na culinária regional. O título, que chegou à final da 2ª edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, na categoria Ilustração, promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), surgiu da iniciativa do jovem pesquisador Eli Minev Benzecry, que identificou a necessidade de reunir informações dispersas sobre o ariá para apresentá-las de forma acessível ao público.
A pesquisadora do Inpa e coautora, Noemia Ishikawa, destacou o caráter inclusivo e multilíngue da obra. “O livro foi escrito em português, inglês e tukano com a intenção de dialogar tanto com leitores do Brasil quanto de outros países. Também lançamos a série Mycelia 5, que aborda a micodiversidade e os fungos como oportunidade de renda na Amazônia”.
Cooperação científica Pan-Amazônica
O livro trilíngue “Caminhos para a Ciência Pan-Amazônica (Caminos hacia la Ciencia Panamazónica / Pathways to Pan-Amazonian Science)” foi produzido de forma coletiva por pesquisadores e especialistas das oito instituições de pesquisa e inovação em biodiversidade de cinco países da Pan-Amazônia que compõem a Rede Bioamazonia, incluindo o Inpa. A iniciativa conta apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A publicação leva o selo da Editora Inpa e expressa um uma visão compartilhada sobre quatro eixos de atuação da Rede: Bioeconomia, Sistemas de conhecimento e governança local, Conhecimento e gestão da biodiversidade e Conflitos e ameaças. A coletânea explora conceitos, identifica lacunas científicas e propõe recomendações dentro de uma perspectiva sistêmica e pan-amazônica.
“É a primeira vez que as principais instituições de ciência e tecnologia dos países amazônicos se reúnem para criar um protocolo técnico e científico integrado. Apresentamos nossa agenda científica aos parceiros e negociadores da conferência”, finalizou o diretor do Inpa e vice-presidente da Rede Bioamazonia.



