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COP 30 - Cientistas do Inpa marcam presença em debates de proteção da Amazônia e impactos da mudança climática
Conferência da ONU sobre mudanças climáticas acontece pela primeira vez no Brasil e mais especificamente na Amazônia. Banner: Kaylane Golvin- Ascom Inpa.
A contagem regressiva para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) já começou, e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) marcará presença em debates sobre proteção e monitoramento da Amazônia, impactos climáticos, biodiversidade, agricultura sustentável, soluções de baixo carbono e justiça climática.
Mais de 20 cientistas do Inpa participam da COP 30 e eventos paralelos, de 10 a 21 de novembro, em Belém (PA), em painéis, mesas-redondas, diálogos, exposições e lançamento de livros. Veja aqui a programação do Inpa na COP 30.
A Conferência reunirá líderes mundiais, pesquisadores, organizações da sociedade civil e representantes de governos para debater estratégias de enfrentamento às mudanças climáticas, com foco na redução das emissões de gases de efeito estufa e estruturação de mecanismos de financiamento para que países em desenvolvimento possam realizar sua transição energética. Estão confirmadas a participação de 143 delegações dos 198 países signatários dos tratados internacionais sobre mudança do clima.
Como instituição de ciência, tecnologia e inovação, a principal contribuição do Inpa à posição brasileira nas negociações da COP 30 são os estudos e pesquisas sobre a interação entre floresta e clima, segundo o diretor do Inpa, Henrique Pereira. Com 70 anos de trajetória científica na Amazônia e referência mundial em estudos da biodiversidade amazônica, ecossistemas e mudança do clima, o Inpa atua como fonte de informação científica para subsidiar decisões e políticas públicas.
“Como maior organização científica dedicada ao estudo das florestas tropicais da Amazônia, o Inpa informa e subsidia as autoridades brasileiras sobre o estado da arte do conhecimento sobre o papel das florestas tropicais, especialmente da Amazônia, como um sistema essencial para o equilíbrio climático global, além de apontar como as mudanças climáticas vêm afetando a biodiversidade”, destacou Pereira.
Contribuição do Inpa na COP30
O Inpa estará em espaços distintos da Conferência do Clima. Tem presença em atividades na Zona Azul, ambiente restrito aos negociadores, na Zona Verde, espaço de diálogo da sociedade civil, no complexo montado no Parque da Cidade, além de eventos paralelos na Casa da Ciência organizada pelo MCTI no Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), a Estação Amazônia Sempre pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no MPEG e Museu das Amazônias. Também estão previstas participações na Agrizone/ Embrapa, Diálogos COP 30 Global Youth Climate Pact (GYCP), Parque de Ciência e Tecnologia de Guamá, Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Universidade Federal (UFPA), Cúpula dos Povos, entre outros espaços de debates.
De acordo com o pesquisador Philip Fearnside, o Inpa leva à COP evidências científicas que reforçam a importância de proteger a Amazônia, destacando que os dados produzidos no instituto são um alerta para o futuro do planeta. “O Inpa tem muitos resultados sobre a vulnerabilidade da floresta amazônica às mudanças climáticas previstas e a magnitude das emissões de gases de efeito estufa se a floresta colapsar, indicando a urgência de controlar as emissões globalmente, e para o Brasil parar o desmatamento, a degradação da floresta e o uso de combustíveis fósseis”, ressaltou.
O pesquisador do Inpa Carlos Alberto Quesada ressalta o papel fundamental da ciência para lidar com as questões das mudanças climáticas. Quesada coordena dois importantes empreendimentos científicos em cooperação internacional que usam torres na maior floresta tropical do mundo e estão instaladas em bases de apoio à pesquisa do Inpa. Um deles é o AmazonFACE (Brasil/Reino Unido), experimento científico que busca compreender como a Amazônia vai se comportar frente o aumento de gás carbônico na atmosfera dado os efeitos das mudanças climáticas em curso, e o outro é o Observatório de Torre Alta da Amazônia (ATTO, na sigla em inglês para Amazon Tall Tower Observatory). O projeto ATTO (Brasil/Alemanha) é a maior torre (325 metros de altura) de monitoramento climático do mundo.
“Não tem como lidar com um problema dessa magnitude sem o conhecer bem e aqui na Amazônia, num sistema tão complexo, de múltiplas amazônias e ambientes dentro desse bioma”, pontuou Quesada. “E o Inpa é fundamental nesse processo, porque tem uma tradição gigantesca e de longo prazo atuando para entender o funcionamento desse ecossistema e como é afetado pelas mudanças climáticas. Dessa forma, conhecendo os impactos, podemos entender o risco que estamos enfrentando e pensar em novas trajetórias mais eficientes e estratégicas”, completou.
Rede científica integrada
A participação do Inpa na COP30 também evidencia o papel da instituição em redes científicas e em projetos colaborativos com centros de pesquisa da América do Sul e da Europa. Nas ações da Rede Bioamazonia, iniciativa que reúne os principais institutos de pesquisa e inovação em biodiversidade do bioma amazônico, o Inpa coordena na COP o eixo “Conflitos e ameaças da biodiversidade”, voltado a compreender as pressões sobre a conservação na Pan-Amazônia.
A programação da Rede que busca fortalecer a cooperação científica a sustentabilidade com foco na bioeconomia da Amazônia inclui oito eventos temáticos distribuídos entre os quatro eixos de atuação, além de exposição fotográfica “Amazônia a olhos vistos sobre os impactos e soluções” e lançamento de obra “Caminhos para a ciência pan-amazônica”, produzido pela Editora Inpa.
Outra importante participação do Inpa é nas atividades do Centro Franco-Brasileiro da Biodiversidade Amazônica (CFBBA), iniciativa que reúne cientistas do Brasil e da França. Como instituição que ocupa a direção nacional do Centro, o Inpa participará dos debates nos pavilhões brasileiro e francês da Zona Azul, além do MPEG, reforçando a cooperação científica binacional e a importância da Amazônia para o enfrentamento das mudanças climáticas.
“Nossa expectativa é garantir uma presença numerosa e de qualidade nos debates promovidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e pelos parceiros. Esta é a COP no Brasil e na Amazônia, e todo o esforço tem sido feito para garantir uma participação à altura da importância da região”, destacou diretor do Inpa.
Cooperação internacional
A participação do Inpa na COP30 reflete o compromisso da instituição em ocupar espaços estratégicos de debate e decisão, liderando uma voz da ciência amazônica ao centro das discussões globais sobre o clima. O diretor destaca ainda que a presença do Inpa se estenderá a outras parcerias de relevância nacional e internacional. O Instituto também participará de eventos promovidos pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), com debates sobre infraestrutura e impactos socioambientais, além de contribuir com discussões sobre bioeconomia, área emergente na qual o Inpa tem acumulado resultados significativos de pesquisa.
A COP30 na Amazônia
A COP30, em Belém (PA), marcará a primeira edição do evento realizado no Brasil e mais especificamente na Amazônia. A Conferência vai reunir delegações de países, em um encontro que será decisivo para avaliar o progresso dos compromissos reforçados no Acordo de Paris e fortalecer as ações globais de enfrentamento à crise climática, consolidando a Amazônia como protagonista nas discussões sobre o futuro do planeta.
Primeira etapa da jornada
A primeira parte da comitiva do Inpa embarcou na terça-feira (04), na Jornada COP30, uma mobilização reunindo lideranças comunitárias, movimentos sociais e instituições públicas para construir planos de ação climática baseados na realidade das comunidades amazônicas. O diretor do Inpa, Henrique Pereira, a diretora substituta, Sônia Alfaia, e a coordenadora de Ações Estratégicas, Regina Oliveira, integram a expedição a bordo do barco Banzeiro da Esperança, a convite da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).

