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Setembro Verde
CIHDOTT do HUSM atua para transformar dor em esperança por meio da doação de órgãos
Doação de órgãos
Santa Maria (RS) – Durante o Setembro Verde, mês de conscientização sobre a importância de doações de órgãos, o Hospital Universitário de Santa Maria, da Universidade Federal de Santa Maria (HUSM-UFSM), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), destaca o trabalho da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT). A equipe é responsável por acompanhar potenciais doadores, garantir que todas as etapas do processo sejam feitas com rigor ético e prestar apoio às famílias em um dos momentos mais delicados da vida: a perda de um familiar.
“Lidar com o sofrimento da família é muito dolorido para nós, mas quando vemos o quanto a decisão de doar pode confortar, trazendo a ideia de que até oito pessoas podem ser beneficiadas, isso é reconfortante e faz valer a pena”, relata a coordenadora da comissão, Luciana Segala, médica intensivista do HUSM.
Conheça a CIHDOTT:
A comissão é regulamentada por lei e obrigatória em hospitais com mais de 80 leitos. No HUSM, ela existe há mais de duas décadas e hoje conta com oito profissionais, em sua maioria enfermeiros especializados, além de fisioterapeuta e médicos. A atuação se concentra em áreas-chave do hospital como UTIs, pronto-socorro, centro cirúrgico e sala de recuperação, locais onde geralmente estão os potenciais doadores: pacientes em ventilação mecânica com diagnóstico de morte encefálica. “Nós rastreamos potenciais doadores, acompanhamos os exames e, caso a família opte pela doação, conduzimos os trâmites junto à Central Estadual de Transplantes”, explica Segala.
O que é a morte encefálica?
A morte encefálica ocorre quando o cérebro perde completamente suas funções. Diferente da ideia tradicional de morte associada apenas à parada do coração, nesses casos o corpo ainda pode manter batimentos e respiração com o auxílio de ventilação mecânica.
Segundo a coordenadora da CIHDOTT, “um paciente com morte encefálica pode continuar com o coração batendo graças à ventilação artificial. Para confirmar a morte cerebral, seguimos protocolos científicos e regulamentados por lei, incluindo testes clínicos de reflexos, avaliação da respiração espontânea e exames de imagem que comprovem a ausência de circulação ou atividade cerebral.” Esse diagnóstico é crucial para que a doação de órgãos seja realizada de forma segura e ética, garantindo que os órgãos permaneçam em condições ideais para transplante
Entre protocolos, desafios e acolhimento: como a doação de órgãos transforma vidas
O processo começa com a suspeita de morte encefálica. De acordo com a médica, a confirmação só ocorre após uma bateria de exames rigorosos: testes clínicos de reflexos, avaliação de respiração espontânea e exames de imagem, como eletroencefalograma ou arteriografia. “Esses protocolos são padronizados e garantem segurança no diagnóstico. Só depois disso a família é comunicada e convidada a refletir sobre a possibilidade de doação”, detalha.
No caso de aceite, os órgãos viáveis passam por análises laboratoriais. Em seguida, são encaminhados para a Central de Transplantes, em Porto Alegre, que define os receptores conforme a lista estadual. O HUSM realiza transplantes de rim, mas órgãos retirados em Santa Maria podem beneficiar pacientes em diferentes cidades do Rio Grande do Sul.
Luciana conta que um dos principais obstáculos é a logística. O deslocamento de pacientes para exames de imagem pode ser arriscado, e as condições climáticas às vezes impedem que as equipes cheguem de avião de Porto Alegre até Santa Maria. Além disso, o tempo prolongado até a captação pode gerar desistência das famílias, que enfrentam o luto e a pressão de realizar o funeral.
Mais do que um processo técnico, a doação de órgãos envolve escuta e acolhimento. “O diagnóstico de morte encefálica é dado pela equipe assistente, mas a nossa comissão entra em seguida para conversar com a família. Esse é um momento que exige sensibilidade e humanidade”, afirma a coordenadora.
Casos marcantes fazem parte da rotina da equipe. A médica recorda de um paciente, vítima de explosão no rosto, em que a destruição da face impediu a realização dos testes neurológicos habituais: “Foram dias de incerteza, com a família disposta a doar, mas sem condições de confirmar o diagnóstico de morte. Situações como essa nos marcam profundamente”.
Apesar das dificuldades, cada doação representa vidas transformadas. Para a comissão, o consolo das famílias ao saber que a morte de um familiar pode significar esperança para outras pessoas é o que sustenta a missão.
“É um trabalho árduo, mas extremamente gratificante. Ver o alívio no olhar de quem doa é a prova de que a decisão pode transformar dor em vida”, conclui Luciana.
Transplante em números[1] : órgão cantados no HUSM no ano passado e até início do mês de setembro.

Fonte: Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT).
Sobre a Ebserh
O HUSM-UFSM faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por: Maria Eduarda Silva da Silva, acadêmica do Curso de Jornalismo da UFSM e estagiária da Unidade de Comunicação do HUSM.
o link da foto pra baixar no drive:
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