HU-UFSC realiza simpósio sobre Prevenção à Lesão por Pressão

Todo ano, na terceira quinta-feira do mês de novembro, é celebrado o Dia Mundial de Prevenção de Lesão por Pressão (LP). A lesão afeta a qualidade de vida de pacientes e familiares e aumenta os custos do tratamento. Mesmo com os avanços na saúde, a LP permanece como uma das principais causas de morbidade e mortalidade hospitalar. Em alusão à data, o Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, realizou, no dia 13/11, o Simpósio de Prevenção da Lesão por Pressão, organizado pela Comissão Interdisciplinar dos Cuidados com a Pele (CICPel).

De acordo com a coordenadora da CICPel e enfermeira estomaterapeuta do HU-UFSC, Cilene Fernandes Soares, ações como essa são importantes para sensibilizar e capacitar continuamente os profissionais de saúde sobre as melhores práticas de prevenção. “A lesão por pressão é um evento que pode ser evitado quando há conhecimento, protocolos bem estabelecidos e uma atuação colaborativa entre as equipes. Promover momentos de formação e troca de experiências fortalece a segurança do paciente e melhora a qualidade do cuidado prestado”, acrescenta.

Esse é um tipo de lesão que ocorre na pele, geralmente em áreas de proeminências ósseas ou devido ao uso de dispositivos, em pessoas com mobilidade reduzida, que ficam muito tempo na mesma posição, seja na cama, cadeira ou outra superfície. A pressão prolongada em área específica pode levar ao desenvolvimento da lesão.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), destaca que prevenção da lesão por pressão é meta de segurança do paciente e responsabilidade da equipe multidisciplinar em todos os níveis de atenção à saúde. Segundo a Anvisa, a maioria das lesões por pressão é evitável e ocorre em pacientes em risco no início do processo de hospitalização ou admissão em instituições de longa permanência.

Programação

A programação da ação no HU-UFSC foi organizada pela CICPel, profissionais do hospital e Atenção Primária a Saúde do Município de Florianópolis, com foco na prevenção, no tratamento e na atualização dos trabalhadores da saúde. Durante a manhã, o Simpósio apresentou mesas de discussão sobre prevenção de lesão por pressão na transição do cuidado, protocolos institucionais e desafios para integralidade da assistência entre diferentes níveis da Rede de Atenção à Saúde. As discussões reuniram profissionais do HU-UFSC, da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, especialistas convidados, professores, graduandos e pós-graduando de diversas áreas.

No período da tarde, os participantes realizaram oficinas práticas organizadas em estações de aprendizagem, com rodízio entre os grupos. Os temas incluíram reposicionamento e superfícies de apoio, aplicação da escala de Braden e condutas preventivas, além de estratégias de referência e contrarreferência no cuidado ao paciente.

Cuidados importantes

O Ministério da Saúde destaca a importância de alguns cuidados para prevenir lesões por pressão:

• Identificar sinais de ressecamento, rachaduras, eritema, fragilidade, calor e enduração.
• Hidratar a pele.
• Realizar higiene íntima após cada troca de fralda.
• Utilizar dispositivos de alívio de pressão como colchões especiais, travesseiros e almofadas de gel.
• Proteger calcâneo e manter os membros inferiores aquecidos.
• Não utilizar almofadas tipo “donut” (com furo no meio).
• Realizar transferências e movimentações do paciente com o auxílio de coxins e apoios.
• Posicionar o paciente no leito de forma correta.
• Estimular a movimentação.

Tratamento

O tratamento envolve aliviar a pressão, evitar atritos e forças de cisalhamento e cuidar constantemente das feridas. Em alguns casos, podem ser necessários tratamentos mais avançados. Quando a lesão é tratada no início, o prognóstico é favorável, mas, se negligenciada, pode se tornar grave e de difícil recuperação, com risco de infecção.

De acordo com Cilene, a prevenção da lesão por pressão é uma responsabilidade coletiva e exige olhar atento de toda a equipe de saúde. “Cada profissional contribui com uma dimensão do cuidado, seja na avaliação do risco, no reposicionamento adequado, no suporte nutricional, no acompanhamento clínico ou nas orientações à família. Quando cada profissional compreende seu papel e atua de forma integrada, conseguimos identificar precocemente alterações e evitar o agravo, bem como que pequenas lesões evoluam para quadros mais graves” destaca.

Outro ponto fundamental, segundo a profissional, é a importância de garantir uma transição do cuidado bem estruturada entre o hospital e a Atenção Primária a Saúde, permitindo que as orientações e medidas iniciadas no HU-UFSC tenham continuidade após a alta. “Além de proteger a saúde do paciente e melhorar sua qualidade de vida, esse trabalho integrado traz benefícios econômicos expressivos às instituições, evitando complicações que geram maior consumo de recursos e prolongamento da internação. Prevenir é sempre mais humano, mais seguro e mais sustentável”, conclui.

Dados de incidência

Conforme o Relatório Nacional de Incidentes relacionados à Saúde, entre 2014 e 2022 foram notificados 1.100.352 incidentes, dos quais 223.378 (20,30%) foram lesões por pressão, tornando-se o segundo tipo de evento mais frequente nos serviços de saúde do país. Além disso, cerca de 26.735 never events (eventos que nunca deveriam ocorrer) foram registrados, com 19.307 (72,21%) relacionados a lesão por pressão estágio 3 e 5.769 (21,57%) a lesão por pressão estágio 4.

Sobre a Ebserh

O HU-UFSC faz parte da Rede Ebserh desde março de 2016. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.