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GESTÃO HOSPITALAR
HU-Furg registra software para avaliação de feridas utilizado no cuidado a pacientes do SUS
Roberta, Suzana e Christian no início dos treinamentos para utilização do sistema
Rio Grande (RS) – Como um sistema pode melhorar o cuidado ao paciente? No Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), a resposta veio com o software de Gestão de Avaliação de Feridas, desenvolvido no próprio Hospital e utilizado no atendimento os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A ferramenta, registrada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), é empregada para organizar solicitações, pareceres e fluxos de dispensação de insumos para pessoas com lesões de pele.
A iniciativa envolveu profissionais da Enfermagem, Farmácia e Tecnologia da Informação (TI), em articulação com a Unidade de Gestão da Inovação Tecnológica em Saúde (UGITS), ligada à Gerência de Ensino e Pesquisa. O sistema permite que enfermeiros da Comissão de Pele e Feridas identifiquem avaliações pendentes no próprio módulo eletrônico, sem depender de comunicação por mensagens, telefonemas ou formulários em papel. A automação também envia diretamente ao Almoxarifado as solicitações de coberturas, otimizando a gestão de materiais.
Da ideia à implementação
A enfermeira do HU-Furg, Suzana Oliveira Santos, uma das idealizadoras da ferramenta, explicou que a motivação surgiu quando assumiu a presidência da Comissão de Pele e Feridas. Segundo ela, “o uso de formulários em papel dificultava o fluxo assistencial. Eu observava que o instrumento em papel era complicado de usar. Muitas avaliações se perdiam e isso gerava burocracia e atrasos até chegar ao Almoxarifado”.
Além disso, Suzana explicou que a proposta começou a tomar forma em 2021, quando buscou apoio de outros setores. “Eu trouxe a ideia, mas o desenvolvimento foi coletivo. A Roberta Coelho, farmacêutica que atuava no Almoxarifado, e o Christian Giménez Barañano, analista da TI, abraçaram a construção do sistema comigo”. Ela destacou que cada profissional contribuiu de maneira complementar: “Eu trabalhava no desenho do fluxo e da avaliação; a Roberta ajudava a catalogar as coberturas e a definir o percurso até o Almoxarifado; e o Christian colocava tudo em funcionamento no Sistema HU”.
A fase piloto foi na Unidade de Clínica Médica (UCM) do HU-Furg. “A Carolina de Souza, que era chefe da unidade na época, nos recebeu e abriu espaço para treinarmos a equipe. Ali percebemos pontos de melhoria que foram surgindo no uso real do sistema. As sugestões chegaram principalmente durante as avaliações de pacientes, quando os profissionais identificavam ajustes necessários. A equipe sempre nos sinalizava o que funcionava melhor e ajustávamos”, detalhou.
Após o período de testes, o treinamento foi expandido para todo o Hospital. Algumas unidades tiveram mais dificuldade de adaptação. “Havia quem quisesse continuar usando papel. Então fomos em cada unidade assistencial, reforçando o treinamento até que todos se sentissem seguros. Quando percebemos que o sistema estava maduro, lançamos o aviso oficial e seguimos acompanhando as equipes para garantir uma transição tranquila”, afirmou.
Suzana descreveu as mudanças trazidas pela plataforma: “Hoje o enfermeiro da Comissão de Pele e Feridas pode verificar no sistema todas as avaliações pendentes. Não dependemos mais de mensagens, ligações ou formulários”. E explicou a integração com o Almoxarifado: “Quando o profissional libera uma cobertura no Sistemas HU, essa informação vai direto para o Almoxarifado. O processo ficou mais seguro e rastreável”.
“O sistema está à disposição do HU. Outras unidades da Rede Ebserh já demonstraram interesse, porque muitas enfrentam a mesma dificuldade de não terem um módulo de avaliação de feridas”, pontou Suzana. Segundo ela, as conversas com a Administração Central da Ebserh seguem para discutir possibilidades futuras.
Formalização e cultura de inovação
O chefe da UGITS, Pedro Baptista dos Santos, afirmou que o registro do software reforça a gestão da inovação no HU-Furg e em toda a Rede Ebserh. Ele salientou que “A formalização e o registro dos softwares garantem a proteção da propriedade intelectual e reconhecem oficialmente o desenvolvimento de soluções tecnológicas criadas no ambiente hospitalar”. E acrescentou: “Esse processo contribui para a padronização das práticas inovadoras, estimula a criação de novos produtos e permite que tecnologias com potencial de impacto assistencial ou gerencial sejam devidamente catalogadas, valorizadas e difundidas na Ebserh”.
Segundo Pedro, “O registro também valoriza o trabalho dos colaboradores envolvidos, conferindo visibilidade, legitimidade e reconhecimento institucional aos esforços técnicos e científicos empreendidos. Além disso, o registro assegura segurança jurídica, facilita futuras transferências tecnológicas e reforça a cultura de inovação em saúde, consolidando o HU-Furg/Ebserh como um espaço institucionalmente comprometido com a produção de conhecimento e o desenvolvimento tecnológico”.
Ele explicou ainda que a UGITS orienta profissionais interessados em registrar tecnologias, oferecendo acompanhamento durante todas as etapas. A Unidade apoia desde a identificação da modalidade de proteção até a análise de requisitos técnicos e documentais. Pedro pontuou que “a UGITS auxilia no preenchimento da documentação, na elaboração de relatórios e no uso adequado do SEI, além de atuar na interlocução com o Núcleo de Inovação Tecnológica da Ebserh Sede quando necessário. O objetivo é garantir que inventores tenham condições de formalizar suas criações de forma adequada e alinhada às normas da Rede”.
Sobre a Ebserh
O HU-Furg faz parte da Rede Ebserh desde julho de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh