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ENSINO EM SAÚDE
UFPel e Hospital Escola promovem encontros clínicos diários para aprimorar a formação em saúde
Pelotas (RS) – Você já imaginou como se forma um médico capaz de tomar decisões rápidas, precisas e humanas diante de um paciente em situação crítica? É exatamente essa experiência que o Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e o Hospital Escola (HE-UFPel), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), oferecem diariamente por meio de encontros matinais que integram teoria, prática e reflexão clínica.
O projeto ‘8 em Ponto’, realizado de segunda a sexta-feira, às 8h, na Sala de Ensino 1 do prédio Marcílio Dias, reúne acadêmicos, residentes, docentes e profissionais que atuam na assistência hospitalar. A iniciativa faz parte do plano de ensino da disciplina de Estágio de Clínica Médica e é coordenada pelo professor Ricardo Noal, que destacou a importância da rotina para consolidar o conhecimento e desenvolver um raciocínio clínico estruturado.
“Essa é uma atividade curricular do estágio de Clínica Médica. O estágio compreende os últimos dois anos da formação, período em que o aluno passa por diversas áreas — como Medicina Social, Saúde Mental, Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia e Clínica Médica — integrando todo o conhecimento adquirido ao longo do curso. No nosso estágio, especificamente, o treinamento é hospitalar e ambulatorial: as atividades acontecem pela manhã no hospital, à tarde nos ambulatórios e, à noite e nos finais de semana, em regime de plantão. Durante todo o estágio, há atividades teórico-práticas diárias, organizadas para expor os alunos à prática clínica com embasamento teórico sólido”, explicou Ricardo.
O cronograma de encontros é variado:
- Segundas-feiras: discussão de casos e contextos de eletrocardiograma;
- Terças-feiras: seminário “UAUs”, com apresentação de fluxogramas clínicos de diferentes síndromes;
- Quartas-feiras: discussão de casos clínicos acompanhada de revisão da literatura;
- Quintas-feiras: Morning Report, com apresentação das internações e intercorrências do plantão;
- Sextas-feiras: “Pílula epidemiológica” seguida da análise de um artigo científico.
Segundo Ricardo, “Os encontros permitem discutir casos clínicos, vinhetas e situações reais com professores de diversas áreas. Isso expõe os alunos a diferentes opiniões e experiências, ajudando-os a decidir, no futuro, que tipo de médico querem ser. Temos atividades diárias, com colaboração de professores como o Daniel Ribeiro nas discussões de cardiologia às segundas e a Letícia Weinert nas sextas, com discussões de artigos científicos”.
A gerente de Ensino e Pesquisa do HE-UFPel, Silvana Orlandi, explicou que a ação fortalece a missão do HE-UFPel de integrar ensino, pesquisa e assistência, contribuindo diretamente para a qualificação do atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). “O projeto consolida a formação crítica e reflexiva dos estudantes, elemento essencial para uma prática médica qualificada e humana”.
Para Ricardo, os encontros marcam a vivência dos acadêmicos. “Recebi depoimentos de um ex-residente, citando a impressão da turma e dizendo que sente falta dessas atividades e reconhece que a formação aqui é de excelência, apesar do nosso centro ser menor comparado a cidades como São Paulo ou Porto Alegre. É um trabalho duro, mas muito gratificante”, compartilhou.
Espaço aberto e colaborativo
Os encontros são abertos à participação de acadêmicos, residentes, professores e profissionais interessados. Nas terças e sextas-feiras, professores convidados, como os professores aposentados Enrique Saldaña e Umberto Oliveira, contribuem com diferentes perspectivas e experiências clínicas, ampliando o repertório de casos e temas abordados.
“Essa tradição remonta ao tempo do professor Rogério Marques e simbolizava o clínico que a UFPel almejava formar, unindo sólida competência técnica e autoridade moral. Também os professores Umberto e Enrique participam dessas atividades há anos, mesmo aposentados, trazem não apenas conhecimento acadêmico e técnico, mas também uma visão humanizada da prática clínica. A presença desses docentes, aliada ao compromisso de muitos profissionais que passaram por aqui como residentes e hoje atuam como preceptores, mantém vivo esse legado e fortalece a formação das novas gerações de médicos”, pontuou Ricardo.
Sobre os encontros, o professor Enrique afirmou: “Uma área primordial é aprender a filtrar o sem-fim de informações recebidas diariamente. Isso só é possível com conhecimento básico em epidemiologia. É árido, análogo à alfabetização, mas depois traz clareza sobre o que realmente merece ser lido”.
Para o professor Umberto, “O objetivo maior é treinar o atendimento ao paciente com suas demandas e entender o que podemos oferecer. Trabalhamos a empatia associada à melhor evidência científica possível. A interação com diferentes profissionais agrega experiência prática e contribuição científica, fechando o círculo entre assistência e ensino”.
O cronograma do estágio em Clínica Médica prevê a participação obrigatória dos estudantes em discussões matinais, atividades hospitalares, plantões e ambulatórios. Além de aprimorar a prática clínica, as reuniões incentivam a análise crítica de artigos científicos, a apresentação de fluxogramas diagnósticos e a discussão de estratégias terapêuticas.
Sobre a Ebserh
O HE-UFPel faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh