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SEGURANÇA DO PACIENTE
HE-UFPel realiza VIII Semana de Prevenção de Lesão por Pressão e reforça impacto da prática no cuidado pelo SUS
Pelotas (RS) – Como seria o cuidado em saúde se cada risco pudesse ser identificado antes mesmo de se transformar em dor ou complicação para o paciente? Essa pergunta orienta o trabalho de prevenção de lesão por pressão e marcou a VIII Semana de Prevenção de Lesão por Pressão (LPP), realizada nos dias 27 e 28 de novembro de 2025, no Bloco 3 do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Segundo a chefe do Setor de Gestão da Qualidade (STGQ) do HE-UFPel, Susana Cecagno, “esse evento é um importante momento de reflexão e aprimoramento das práticas de prevenção e tratamento das LPPs, e, ao mesmo tempo, de fortalecer as estratégias de segurança do paciente, melhoria contínua de processos, inovação do cuidado e ampliação de práticas em serviço”.
O evento reuniu profissionais de saúde, residentes, estudantes e docentes. A ação foi organizada pelo Grupo de Pele do HE-UFPel e pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC), visando fortalecer práticas seguras e integradas que fazem diferença na assistência diária.
“A VIII Semana de Prevenção de LPP reafirma o compromisso do HE-UFPel/EBSERH com a qualificação contínua das equipes de saúde. Ao longo de oito anos, o evento tem sido espaço fundamental para educação permanente, atualização técnico-científica e fortalecimento de boas práticas assistenciais, contribuindo para a melhoria da qualidade do cuidado, da segurança do paciente e da integração entre ensino, pesquisa e assistência”, enfatizou a docente da Faculdade de Enfermagem da UFPel e líder do GEPPTELC, Fernanda Tristão.
No dia 27, o auditório do Bloco 3 recebeu 41 participantes, “sua capacidade máxima”, disse Fernanda, para uma programação dedicada à atualização de práticas baseadas em evidências. As palestras e debates abordaram temas como avaliação de risco, registro clínico qualificado, segurança do paciente e articulação entre o cuidado hospitalar e o domiciliar, reforçando a importância de fluxos integrados na prevenção de LPP.
As atividades tiveram continuidade em 28 de novembro, no Laboratório de Simulação Realística, onde foram realizadas oficinas práticas voltadas à capacitação de enfermeiros para a avaliação de risco no ambiente domiciliar. Utilizando alunos da Faculdade de Enfermagem como modelos e atores, as simulações reproduziram situações comuns da rotina de cuidado, permitindo aproximação com cenários reais. “Essa dinâmica permitiu aos participantes exercitarem habilidades técnicas, discutir casos reais e fortalecer competências relacionadas à tomada de decisão segura no cuidado ao paciente no domicílio”, pontuou Fernanda.
Práticas fortalecidas no cotidiano do HE-UFPel
Segundo Susana, “a expansão da aplicabilidade da Escala de Braden e a padronização dos cuidados de prevenção e tratamento no Serviço de Atenção Domiciliar proporcionara uma melhor qualidade de vida dos pacientes, colaborando, também, para a redução do tempo de internação domiciliar”.
Nesse sentido, encontro destacou como a prevenção envolve uma sequência de cuidados: avaliação sistemática com a Escala de Braden, exame físico, reposicionamento, orientações aos cuidadores, observação da pele, nutrição adequada e uso correto de dispositivos. Esses elementos fazem parte de um processo contínuo, adotado diariamente pelas equipes assistenciais. As apresentações também trouxeram dados institucionais que ajudam a compreender o perfil dos pacientes atendidos e o impacto das estratégias de prevenção no cuidado hospitalar e domiciliar.
O que é lesão por pressão?
A lesão por pressão acontece quando uma parte do corpo fica muito tempo apoiada no mesmo ponto, dificultando a circulação. É comum em pessoas acamadas, que usam cadeiras de rodas, têm dificuldade de mobilidade, estão debilitadas ou utilizam sondas, máscaras e outros dispositivos. Ela pode aparecer como uma vermelhidão persistente, uma bolha ou até uma ferida mais profunda. Quando não cuidada, pode causar dor, infecção e atrasar a recuperação. Por isso, familiares, cuidadores e pacientes precisam estar atentos a sinais simples, como:
- pele avermelhada que não clareia quando pressionada;
- áreas do corpo mais quentes, duras ou doloridas;
- irritação causada por calor, suor, urina ou fezes;
- marcas deixadas por dispositivos, como sondas ou máscaras.
Como prevenir?
Muitas ações simples podem ser feitas em casa ou no hospital, entre elas:
- Mudança de posição: virar a pessoa acamada a cada duas horas e ajudar quem usa cadeira de rodas a mudar o peso do corpo a cada uma hora.
- Hidratação da pele: manter a pele limpa e hidratada, evitando esfregar com força.
- Alimentação adequada: manter boa ingestão de líquidos e alimentos nutritivos, quando possível.
- Atenção à umidade: trocar roupas, lençóis ou fraldas imediatamente quando estiverem úmidos.
- Cuidado com dispositivos: observar se há vermelhidão onde a máscara, sonda ou cateter encosta.
- Comunicação com a equipe assistencial: relatar rapidamente qualquer mudança na pele para a equipe do SUS.
Nesse sentido, a Escala de Braden é utilizada para identificar o risco de um paciente desenvolver lesão por pressão. Ela avalia seis fatores: percepção sensorial, umidade, atividade, mobilidade, nutrição e risco de fricção ou cisalhamento. Quanto menor for a pontuação, maior o risco. A partir desses dados, as equipes assistenciais planejam as ações de cuidado, como reposicionamento, hidratação da pele, ajuste de dispositivos, nutrição adequada e orientação a pacientes e cuidadores.
Sobre a Ebserh
O HE-UFPel faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh