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DE OLHO NA PESQUISA
Sono e diabetes: pesquisa no HUGG busca novas respostas
No Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG-Unirio), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), pesquisas em endocrinologia buscam compreender de que forma o sono pode influenciar o metabolismo. Nesta edição do quadro De Olho na Pesquisa, o foco está em um estudo que avalia a relação entre a micro e a macroarquitetura do sono e o controle do diabetes mellitus tipo 1 em adultos.
Endocrinologista e pesquisadora do HUGG, Márcia Costa explica que a correlação entre distúrbios do sono e doenças metabólicas já é conhecida no caso do diabetes tipo 2, associado à resistência insulínica, obesidade e sedentarismo. “O fato da base etiológica do diabetes tipo 1 não envolver resistência insulínica abre vários questionamentos sobre o impacto que os distúrbios do sono podem ter nesta população do ponto de vista metabólico”, afirma. Essa lacuna científica motivou a proposta de investigar o tema no hospital, ainda que a execução plena dependa de ajustes técnicos.
Segundo ela, o objetivo central da pesquisa é correlacionar a arquitetura do sono e o controle metabólico em adultos com diabetes tipo 1. Entre as metas específicas, estão traçar o perfil do sono por meio de polissonografia, identificar distúrbios associados, avaliar parâmetros glicêmicos e metabólicos e cruzar esses dados para compreender possíveis padrões. “Queremos traçar o perfil do sono nessa população, identificar a presença de distúrbios e relacionar esses achados com o controle glicêmico”, explica a especialista. Ainda que a literatura traga dados limitados sobre o tema, ela ressalta que cada avanço pode oferecer pistas valiosas para a prática clínica.
A endocrinologista reconhece que a pesquisa enfrenta desafios práticos. O uso da polissonografia, exame essencial para o estudo, ainda depende de ajustes técnicos e de infraestrutura. “Temos um aparelho disponível, mas é necessário adequar sua utilização para que o estudo avance como planejado”, comenta. Ela acrescenta que, enquanto isso, a equipe tem buscado alternativas, como dispositivos de monitorização contínua da glicose fornecidos por parceria externa, o que reforça o esforço de articulação para viabilizar a pesquisa.
Apesar das dificuldades, Márcia enfatiza que o ambiente do hospital universitário é decisivo para dar sustentação ao projeto. Em suas palavras, a contribuição das equipes de sono, da gestão e de diferentes áreas médicas tem sido essencial para que o trabalho continue. A pesquisadora destaca ainda que integrar assistência, ensino e pesquisa é o que permite que estudos como esse avancem, trazendo benefícios tanto para pacientes quanto para a formação de profissionais.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário Gaffrée e Guinle faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Felipe Monteiro
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh