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DE OLHO NA PESQUISA
Pesquisa que calcula impacto: estudos no HUGG aproximam gestão e assistência
No Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG-Unirio), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), a pesquisa em saúde também passa pela análise criteriosa de dados financeiros e operacionais. Nesta edição do quadro De Olho na Pesquisa, o foco está nos estudos de custo-efetividade desenvolvidos no Laboratório de Avaliação Econômica e Tecnologias em Saúde (LAETS), que buscam tornar a gestão hospitalar mais eficiente e as decisões em saúde mais baseadas em evidências.
Segundo Daniel Aragão, gerente de Ensino e Pesquisa do HUGG, o interesse pela avaliação econômica em saúde surgiu em dois momentos simultâneos de sua trajetória profissional. “O primeiro foi durante minha atuação como gerente de Atenção à Saúde no HUGG. Naquela oportunidade, percebi o quanto a tomada de decisão informada por evidências científicas tinha um efeito positivo para a melhoria dos indicadores institucionais, potencializando os resultados em saúde e educação”. O segundo momento, como ele relata, foi o convite para integrar o LAETS, em 2016. A partir daí, aprofundou-se na temática, desenvolvendo pesquisas que conciliam eficiência, qualidade e responsabilidade no uso de recursos públicos.
Os estudos liderados por Daniel avaliam o impacto financeiro e clínico de diferentes procedimentos. “Atualmente, tenho me debruçado em estudos que deem conta de evidenciar, na perspectiva da instituição de saúde, os reais custos para diversos procedimentos, de forma que sirvam de estímulo para uma reanálise da tabela de financiamento utilizada no SUS”, explica. Para ele, os dados produzidos oferecem respaldo técnico para gestores públicos que precisam tomar decisões difíceis, como priorização de recursos ou revisão de condutas assistenciais.
No entanto, ele destaca uma distinção essencial para o entendimento do tema. “Muitas vezes, estudos de custo não mostram o real valor que um procedimento possa representar. O conceito de custo é diferente do de valor, e isso faz total diferença quando observamos o modelo de saúde que idealizamos”.
Os desafios da área, porém, são significativos. “Os obstáculos estão na obtenção de informações e dados precisos”, afirma. Como explica, os estudos exigem modelos analíticos complexos e uma arquitetura de dados robusta, o que demanda tempo, tecnologia e capacitação. “O grande avanço que percebi nos últimos anos foi a implantação de sistemas de gestão que facilitam a obtenção dos dados. Mas ainda é possível melhorar, seja com ferramentas tecnológicas ou com a formação de profissionais capacitados”. Para enfrentar esse cenário, ele tem atuado junto aos programas de pós-graduação, estimulando a formação de novos pesquisadores e o fortalecimento de uma cultura de avaliação nas instituições de saúde.
A atuação de Daniel no HUGG também representa, em sua visão, o equilíbrio entre ensino, pesquisa e assistência. “Este tripé é a base de uma instituição universitária e a linha mestra da organização do meu cotidiano. A forma que atuo no ensino de graduação é estando com os estudantes nas enfermarias do HUGG. A pesquisa equilibra este cotidiano. Cada resultado que obtemos confirma o caminho seguido ou ajuda a modificá-lo”.
De acordo com ele, manter a ciência como parte da rotina institucional não é apenas desejável, mas necessário. “As ações em saúde devem ser tomadas com base em evidências científicas e temos o compromisso, como professores e pesquisadores, de apresentar esses resultados indicando melhores práticas de assistência à saúde, ensino e pesquisa”.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário Gaffrée e Guinle faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Felipe Monteiro
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh