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NOVEMBRO ROXO
No mês da prematuridade, Huap reforça importância do contato entre família e bebê na UTI neonatal
Desde 2008, o mês de novembro é dedicado a falar sobre o tema da prematuridade. A cor roxa, que simboliza a sensibilidade e a individualidade, é associada às características do bebê prematuro, que apresenta diferentes necessidades de cuidado para realizar a transição entre a vida intrauterina e o mundo aqui fora. Para este bebê, que ainda está em fase de amadurecimento dos principais órgãos e sistemas do corpo humano, é essencial um cuidado multidisciplinar e humanizado, que é feito na UTI neonatal do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF), referência no tratamento de bebês prematuros na região metropolitana II do Rio de Janeiro, e a taxa de sobrevida em 2021 foi de 95% em bebês com menos de 1500g.
“A prematuridade é quando o bebê nasce com menos de 37 semanas. Ela pode ser classificada em vários níveis, de acordo com a idade gestacional, e quanto menor a idade gestacional deste bebê, mais grave ele é”, explica o médico neonatologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, Alan Araújo Vieira. Ele aponta que o grande problema é que os órgãos, como o pulmão e o intestino, dentre outros, ainda são imaturos e, muitas vezes não conseguem assumir suas funções integralmente após o nascimento, o que dificulta a transição da vida intrauterina para o ambiente externo.
As causas da prematuridade são várias. Segundo o professor, que é chefe da UTI Neonatal do Huap, as causas maternas são os principais fatores que desencadeiam a prematuridade, como diabetes, hipertensão, infecções, e causas específicas dos bebês, quando recebem pouco oxigênio ou são malnutridos ainda no útero, por exemplo. “Uma das maneiras de prevenir prematuridade é fazer um bom pré-natal, e oferecer a essas mães, em caso de infecção, hipertensão ou diabetes, tratamento e acompanhamento adequados, para que essas situações não decorram em partos pré-maturos”, orienta o neonatologista.
Equipe preparada, atendimento humanizado
Quando o bebê nasce prematuro, a equipe multidisciplinar passa a ter como objetivo fazer com que a adaptação da criança ao mundo externo tenha êxito, até que ele ou ela possa ir para casa. “Tudo o que atrapalha o desenvolvimento do bebê, desde dentro do útero até os dois primeiros anos de vida, ou seja, os primeiros mil dias pós-concepção, interfere muito na saúde a curto e longo prazo, às vezes, pro resto da vida”, afirma o professor Alan Vieira. E para proporcionar esses cuidados, é necessário grande investimento em tecnologia, geração de conhecimento e principalmente em equipe multidisciplinar treinada, “ter pessoas preparadas para lidar com bebês muito pequenos, pois estamos falando de crianças com até 500g ou 24 semanas”, afirma o médico.
- A sobrevida dos prematuros de muito baixo (peso de nascimento menor que 1500g) no Huap é semelhante aos melhores centros do mundo: 95%. Mesmo quando analisada a taxa de mortalidade de recém-nascidos mais prematuros, aqueles com menos de 1000g, ainda estamos entre os melhores centros. Fazemos parte da Rede de Pesquisas Brasileiras Neonatais, que é composta por todos os hospitais universitários que possuem UTI neonatal, e outros hospitais privados, e essa rede é conectada à rede Vermont-Oxford Network, uma rede internacional que possui mais de 1.400 UTIs neonatais conectadas a ela. Isso é de grande importância pois permite comparar os nossos resultados com os de UTIs do mundo inteiro e avaliar em que pontos precisamos melhorar.
A enfermeira Fernanda Bemfica Alves, que faz parte da equipe da UTI neonatal do Huap, conta que o maior desafio para a enfermagem neonatal é garantir que o cuidado traga qualidade de vida ao paciente, que é tão crítico e cheio de especificidades:
- O principal cuidado é estar atualizado no conhecimento de como prover o melhor cuidado ao prematuro. O conhecimento difundido pela equipe através de treinamentos e discussões permite o cuidado unificado e individualizado. Os cuidados vão depender de cada recém-nascido e sua adaptação à vida extrauterina, mas sempre de maneira individualizada para atender às necessidades de cada recém-nascido e de sua família.
Importância do contato pele a pele
Em 2022, o tema da campanha para o mês da prematuridade é “Garanta o contato pele a pele com os pais desde o momento do nascimento”. Visando proporcionar essa conexão, o Huap adota o método canguru, do Ministério da Saúde, que possibilita que a família do bebê prematuro seja inserida na rotina da UTI neonatal, gerando maior interação e melhorando o desenvolvimento do paciente. “Isso faz com que a família tenha uma percepção mais clara da dificuldade que é fazer esse bebê sobreviver. Além disso, eles aprendem a lidar com o bebê. Incentivamos a trocar fralda, colocar no colo, tirar leite e a cuidar do bebê dentro da UTI”, explica o professor Alan. Passada essa fase, se o bebê e a mãe atingirem certos critérios, podem ir pra casa antes do previsto, e o bebê continua sendo acompanhado regularmente pela equipe de pediatria do hospital.
- O toque pele a pele entre mãe e bebê é muito significativo, pois gera uma conexão única entre eles, uma conexão emocional exacerbada por picos hormonais característicos do período pós-parto, como se a mãe “se apaixonasse” pelo bebê. Se você perde esse toque, diminui a possibilidade dessa conexão tão forte entre eles. Essa conexão facilita o aleitamento materno, a imunidade do bebê e a recuperação física da mãe no pós-parto -, finaliza o neonatologista.
A enfermeira Fernanda Bemfica também reforça a importância da campanha pelo mês da prematuridade, bem como o contato entre a família e o bebê: “vemos milagres acontecerem diariamente com a vontade que os prematuros demonstram na luta pela vida. Esse mês renova nossas esperanças e traz à consciência o quanto precisamos estar conectados, família e equipe, para promover o melhor cuidado”.
O atendimento na maternidade e na UTI neonatal do Huap é regulado pela da Central Estadual de Regulação de vagas neonatais, e todos os serviços são oferecidos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). São atendidos os bebês que nascem na maternidade do hospital (referenciada) e algumas transferências solicitadas pela central.
Unidade de Comunicação Social (UCS)
Foto: Nathalie Valmoré Harduim