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JANEIRO LILÁS
Visibilidade trans ganha destaque durante o mês de janeiro
Juiz de Fora (MG) – O Dia Nacional da Visibilidade Trans é lembrado anualmente no dia 29 de janeiro, desde 2004, quando o ato nacional chamou a atenção para o tema, no lançamento da campanha “Travesti e Respeito”, do Ministério da Saúde. Desde então, o tema tem conquistado mais espaço na sociedade.
O Programa de Atenção à Saúde da População Trans (Paes Pop Trans) da Secretaria de Atenção Especializada à Saúde (Saes), do Ministério da Saúde, anunciou investimentos de R$ 152 milhões até 2028, sendo R$ 68 mi em 2025. A estimativa é de 36 serviços ambulatoriais e 23 serviços cirúrgicos habilitados para 2025 e a ampliação para 153 serviços ambulatoriais e 41 serviços cirúrgicos habilitados até 2028.
O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), possui um Centro de Atenção Especializada no Processo Transexualizador, habilitado em 2023, na modalidade hospitalar e ambulatorial.
O serviço oferece acompanhamento especializado em saúde e cirurgias de afirmação de gênero. Na modalidade ambulatorial, oferta acolhimento multiprofissional, acompanhamento endocrinológico, hormonioterapia, acompanhamento ginecológico destinado a mulheres/transfeminines com neovagina e homens/transmasculines, acompanhamento psicológico hospitalar pré e pós-cirúrgico, suporte do Serviço Social, avaliação e acompanhamento fisioterápico pélvico.
Na modalidade hospitalar, o HU-UFJF oferece os seguintes procedimentos: redesignação genital feminina (cirurgia para construção de neovagina), orquiectomia (remoção de testículos), metoidioplastia (reposicionamento do clitóris), histerectomia/ooforectomia (retirada de útero e ovários), mamoplastia de aumento e mastectomia masculinizadora (colocação e retirada de mamas). “Há proposta de fornecimento de outros procedimentos a partir de 2025, como as cirurgias ligadas à feminização facial e retirada do pomo-de-adão”, contou o psicólogo do Centro de Atenção Especializada, Gabriel Tardin.
No mês de janeiro, em homenagem à Visibilidade Trans, o HU-UFJF, em parceria com a Secretaria Especial de Direitos Humanos de Juiz de Fora/MG, está colaborando na construção da 4ª Marcha da Visibilidade Trans no município de Juiz de Fora. A atividade se dá em parceria com o movimento social, representantes da UFJF, da sociedade civil e dos órgãos governamentais, a fim de reafirmar o pensar coletivo na construção, efetivação e aprimoramento de perspectivas políticas, institucionais e humanitárias ligadas à existência dessas pessoas. A 4ª Marcha da Visibilidade Trans será no dia 29/01 às 17h, no Parque Halfeld, aberta a todos os públicos.
Atualmente, o Centro de Atenção Especializada no Processo Transexualizador do HU-UFJF conta com 260 pessoas cadastradas. Desde a habilitação ambulatorial, em junho de 2023, até agosto de 2024, foram contabilizadas 521 consultas especializadas. Na parte hospitalar, o balanço é de aproximadamente 20 cirurgias de mastectomia masculinizadora, três redesignações genitais (neovagina) e uma histerectomia. Esse número deve atingir marca ainda maior, devido à ampliação dos horários para atendimento, que aconteceu gradativamente durante o ano de 2024. “As diversas equipes foram buscando melhores condições de tempo e espaço físico para as consultas destinadas à comunidade trans”, explicou o psicólogo.
Gabriel Tardin atua com o público trans no HU-UFJF desde a primeira habilitação do Centro de Atenção Especializada, em março de 2023, e contou como tem percebido os avanços: “Iniciei a trajetória junto à população trans desde meu estágio na graduação, em 2015. Participei de atividades do movimento social no Rio de Janeiro e já fui coordenador de coletivo LGBTQIA+. Percebo como avançaram os espaços de educação permanente em saúde ligados à temática da saúde integral de pessoas trans, a inclusão desse saber no currículo de algumas profissões atuantes na saúde e a elaboração no PAES-POP Trans, do Ministério da Saúde, embora a portaria que oficializa o programa ainda não tenha sido publicada”.
Caminhos do SUS
A pessoa que utiliza o SUS, interessada no atendimento, deve entrar em contato com qualquer estabelecimento da Atenção Básica de sua região (posto de saúde, consultório na rua, UBS, clínica da família...) e solicitar encaminhamento ao Centro de Atenção Especializada no Processo Transexualizador do HU-UFJF. Este encaminhamento é feito via regulação, a fim de garantir a equidade e o aprimoramento do fluxo.
“Ao chegar no HU-UFJF, a pessoa será recebida em uma consulta de acolhimento multiprofissional destinada a promover um primeiro espaço de escuta, coleta de dados e validação de seus interesses, construindo, assim, seu projeto terapêutico singular (PTS), que poderá ser modificado a qualquer tempo. Depois, o paciente é encaminhado às clínicas, que o acompanharão ao longo de sua trajetória na instituição”, finalizou Gabriel Tardin.
Rede Ebserh
O HU-UFJF faz parte da Rede Ebserh desde novembro de 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Pollyana Freitas com revisão de Vanda Laurentino