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CONSCIENTIZAÇÃO E PREVENÇÃO
Março Azul: Unidos Contra o Câncer Colorretal
Estima-se que em 2020 tenham ocorrido mais de 1,9 milhão de novos casos e 935 mil mortes relacionadas ao câncer colorretal. Somente no Brasil, foram registrados 20.540 novos casos em homens e 20.470 em mulheres, com incidências estimadas de 9,1% e 9,2%, respectivamente. É, então, o terceiro tipo de câncer mais comum entre os homens e o segundo entre as mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Nesse contexto, o Março Azul, campanha voltada para conscientização e prevenção da doença, e abraçada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), emerge como uma oportunidade crucial para educar a população e promover exames preventivos. E no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) não é diferente. “As campanhas para aumentar a sensibilização do público sobre o câncer colorretal desempenham um papel crucial na promoção da detecção precoce, na redução do estigma, no incentivo a comportamentos saudáveis, na defesa de recursos e na capacitação dos indivíduos para assumirem o controle da sua saúde. Ao educar o público sobre o câncer colorretal, as campanhas de sensibilização capacitam os indivíduos a assumirem o controle da sua saúde e a tornarem-se proativos no que diz respeito ao rastreio e à prevenção. Isso pode levar à detecção mais precoce, ao tratamento mais eficaz e à melhoria da qualidade de vida das pessoas afetadas pela doença”, alerta o médico Paulo Henrique de Sousa Fernandes, cirurgião oncológico e chefe da Divisão Médica do HC-UFU.
Sintomas
Define-se por câncer um crescimento anormal das células, gerando o que chamamos de tumor. Inicialmente, a doença pode não apresentar sinais. Porém, caso apareçam, deve-se estar atento para indícios antes não perceptíveis, que persistam sem causa, como: alteração do hábito intestinal (diarreia e constipação, por exemplo); mudança do formato das fezes; sensação de nunca estar com o intestino vazio e sempre necessitando evacuar mais; sangramento nas fezes, com sangue vermelho brilhante; fezes muito escuras ou pretas; cólicas ou dor abdominal persistente; fraqueza e fadiga; perda de peso e anemia.
O público-alvo a ser investigado são pessoas acima de 50 anos, porém, não deve ser motivo de desespero, pois, algumas doenças benignas também podem surgir com sangramento, a exemplo das hemorroidas, diarreia aguda, doença inflamatória intestinal. O mais importante é procurar um médico e de preferência o especialista, que é o proctologista.
Prevenção e diagnóstico precoce
Quase sempre o câncer colorretal se inicia com um pequeno pólipo no intestino, por isso, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será o tratamento. O diagnóstico precoce e o tratamento do câncer colorretal são extremamente importantes por vários motivos, conforme explica o médico Paulo Henrique:
1. Melhor prognóstico: “Quanto mais cedo o câncer colorretal for diagnosticado, melhor tende a ser o prognóstico. Quando o câncer é detectado numa fase inicial, antes de se espalhar para outras partes do corpo, o tratamento é muitas vezes mais eficaz e as probabilidades de sobrevivência em longo prazo são significativamente maiores”.
2. Mais opções de tratamento: “O câncer colorretal em estádio inicial muitas vezes pode ser tratado com procedimentos menos invasivos, como cirurgia ou radioterapia localizada, o que pode resultar em menos efeitos colaterais e uma recuperação mais rápida em comparação com estádios mais avançados da doença”.
3. Risco reduzido de complicações: “O diagnóstico e o tratamento precoces podem ajudar a evitar que o câncer se espalhe para os linfonodos regionais ou para outros órgãos, reduzindo o risco de complicações graves, como obstrução intestinal, perfuração ou metástase para outras partes do corpo”.
4. Preservação da qualidade de vida: “A detecção e o tratamento precoces podem ajudar a preservar a qualidade de vida do paciente, minimizando a necessidade de tratamentos agressivos e reduzindo o impacto de sintomas como dor, sangramento e disfunção intestinal”.
5. Custos de saúde mais baixos: “O tratamento do câncer colorretal numa fase inicial é geralmente mais barato do que o tratamento da doença em fase avançada, uma vez que pode exigir menos intervenções médicas, internamentos hospitalares mais curtos e menos medicamentos ou medidas de cuidados de suporte”.
6. Prevenção da propagação do câncer: “O diagnóstico e o tratamento precoces podem ajudar a prevenir a propagação do câncer colorretal para outros órgãos, o que pode melhorar significativamente as taxas de sobrevivência em longo prazo e aumentar a probabilidade de cura”.
7. Oportunidade de rastreio e prevenção: “O diagnóstico precoce ocorre frequentemente através de testes de rastreio de rotina, como colonoscopias ou exames de fezes. A detecção de pólipos pré-cancerosos durante esses exames permite sua remoção antes que se transformem em câncer, prevenindo assim a doença por completo”.
“O rastreio regular, a avaliação imediata dos sintomas e o início atempado do tratamento apropriado são componentes essenciais de estratégias eficazes de gestão do câncer colorretal”, reforça o médico.
O pólipo é uma lesão que surge como uma espécie de “bolinha” no intestino, e pode ser identificado através da Colonoscopia. Portanto, o procedimento deve ser feito em qualquer pessoa com 50 anos ou mais, tendo ou não sintomas, tendo ou não histórico familiar de câncer.
Durante o exame a pessoa está sedada, logo não há dor ou desconforto. E se for encontrado pólipo, o próprio colonoscopista já poderá retirar, eliminando aquela lesão, que em alguns anos poderia se tornar um câncer.
Especial atenção devem ter pessoas com fatores de risco não modificáveis, como: histórico familiar de câncer colorretal, genética com predisposição à doença; pólipos adenomatosos no intestino; idade acima de 50 anos; e doenças inflamatórias intestinais de longa duração (mais de 10 anos).
Nos casos em que há relação genética com o surgimento da doença, a recomendação é já começar a investigação com colonoscopia a partir dos 40 anos. No caso de o indivíduo já ter a doença diagnosticada, o tratamento vai depender da localização do câncer colorretal e do grau de invasão, ou seja, se há ou não metástase e se houve aparecimento do tumor em outro órgão (fígado, pulmão, ossos e cérebro).
Tipos de tratamento
Existem vários tipos de tratamento disponíveis para pacientes diagnosticados com câncer colorretal, e o plano de tratamento pode variar dependendo do estádio do câncer, da localização do tumor, das características individuais do paciente e de outros fatores. Alguns dos principais tipos de tratamento incluem:
1. Cirurgia: A cirurgia costuma ser o tratamento primário para o câncer colorretal. Durante a cirurgia, o objetivo é remover o tumor e uma parte do cólon ou reto afetado, juntamente com os linfonodos regionais. Em alguns casos, uma colostomia ou ileostomia temporária ou permanente pode ser necessária para desviar as fezes temporária ou permanentemente do corpo.
2. Quimioterapia: A quimioterapia pode ser usada antes da cirurgia (quimioterapia neoadjuvante) para reduzir o tumor e torná-lo mais facilmente removível, ou após a cirurgia (quimioterapia adjuvante) para tentar destruir quaisquer células cancerosas remanescentes e reduzir o risco de recorrência. A quimioterapia também pode ser usada para tratar o câncer colorretal metastático.
3. Radioterapia: A radioterapia usa feixes de radiação de alta energia para destruir as células cancerígenas. Pode ser usado antes da cirurgia para reduzir o tumor, facilitando a remoção, ou após a cirurgia para reduzir o risco de recorrência. A radioterapia também pode ser usada para aliviar os sintomas em pacientes com câncer colorretal avançado.
4. Terapia direcionada: alguns medicamentos direcionados são projetados para atingir especificamente as células cancerígenas, minimizando os danos às células normais. Os exemplos incluem medicamentos que bloqueiam o crescimento de novos vasos sanguíneos que alimentam o tumor ou aqueles que visam mutações genéticas específicas presentes nas células cancerígenas.
5. Imunoterapia: A imunoterapia é uma abordagem de tratamento que estimula o próprio sistema imunológico do corpo a atacar as células cancerígenas. Alguns tipos de imunoterapia, como os inibidores do ponto de controle imunológico, demonstraram eficácia no tratamento de certos casos de câncer colorretal metastático.
6. Terapia Multimodal: Em muitos casos, uma combinação de diferentes modalidades de tratamento é usada para maximizar os resultados e reduzir o risco de recorrência.
“É importante que os pacientes discutam suas opções de tratamento com uma equipe médica multidisciplinar, incluindo oncologistas, cirurgiões oncológicos, radiologistas e outros profissionais de saúde, para desenvolver um plano de tratamento personalizado que atenda às suas necessidades e objetivos de saúde individuais”, esclarece o especialista do HC-UFU.
Serviços e programação
O HC-UFU, 100% gratuito e integrante do Sistema Único de Saúde (SUS), conta com atendimento para diagnóstico e tratamento do câncer colorretal. Os pacientes devem ser encaminhados ao serviço por meio do sistema de regulação. Ou seja, é necessário passar pelo médico da Unidade Básica (Posto de Saúde), que fará o encaminhamento ao especialista, para exames e tratamento.
Sobre a Ebserh
O HC-UFU faz parte da Rede Ebserh desde 2018. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.