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SAÚDE
HC-UFU/Ebserh tem programação especial no Dia Mundial do Rim
Os rins são dois órgãos tão importantes que ganharam uma data especial, celebrada na segunda quinta-feira do mês de março. Além de eliminar resíduos e líquidos do organismo, os rins executam outras funções importantes: regular a água do organismo e outros elementos químicos do sangue, eliminar medicamentos e toxinas introduzidos no organismo e liberar hormônios no sangue, que regulam a pressão sanguínea, fabricam células vermelhas do sangue e fortalecem os ossos.
A doença renal crônica (DRC) afeta cerca de 10% da população, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, a prevalência estimada é de 6,7% em adultos e três vezes mais em idosos, de acordo com o boletim epidemiológico sobre a DRC no Brasil, divulgado em setembro no ano passado (2024).
O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), conta com o Serviço de Transplante Renal, que realiza hemodiálise, diálise peritoneal, transplante de rim, tratamento conservador (consultas de acompanhamento com nefrologistas) e plasmaférese (troca terapêutica do plasma), procedimento utilizado em casos de rejeição de rim ou doenças autoimunes.
Em alusão à data, haverá uma campanha promovida pelo Serviço de Transplante Renal, com atividades de capacitação interna nos setores do HC-UFU, com o objetivo propagar informações sobre as doenças renais com foco na prevenção, diagnóstico precoce e tratamento adequado.
Em 2024, o HC-UFU acompanhou 119 pacientes, com vaga fixa na hemodiálise ambulatorial, além de realizar quase quatro mil (3.619) sessões de hemodiálises intra-hospitalares e 24 transplantes de rins.
“O transplante de rim representa uma transformação significativa na vida de um paciente que estava em hemodiálise ou diálise peritoneal. Após o transplante, muitos pacientes experimentam uma melhora significativa na qualidade de vida, com mais energia e menos restrições em suas atividades diárias”, comentou Allana Gomes, enfermeira e liderança do Serviço de Transplante no HC-UFU.
Debora Cruvinel Ferreira, 26 anos, contou sua jornada, da descoberta do problema renal até o transplante no HC-UFU: “Em algum momento de 2010, comecei a sentir dores na perna. Com o tempo, as dores foram piorando, a ponto de haver dias em que eu não conseguia nem andar de tanta dor. Fui a vários médicos, até que, em junho de 2011, fui encaminhada para uma consulta com um reumatologista pediátrico no HC-UFU. Fiz tantos exames que meu medo de agulha desapareceu. Duas semanas depois, na consulta, foi quando veio o resultado: meus rins não estavam mais funcionando. A dor nas pernas era consequência de uma complicação da doença renal crônica, o hiperparatireoidismo secundário. Recebi essa notícia de forma calma, humana e segura, sentindo que estava no lugar certo para ser bem tratada”.
Na consulta seguinte, com a nefrologista pediátrica, para investigar por que os rins haviam parado de funcionar, a médica confirmou a doença renal crônica e a necessidade de internação. “Fiquei internada por aproximadamente 45 dias e precisei passar por cinco cirurgias. Durante esse tempo, descobri uma força que não sabia que existia dentro de mim. Passei a fazer diálise peritoneal, um tratamento no qual colocaram um cateter na minha barriga e eu precisava ser ligada a uma máquina todas as noites. Meus pais precisaram fazer um curso para aprender a me conectar à máquina. Minha dieta também mudou completamente. Não podia comer chocolate, não podia tomar suco de laranja, e a lista de restrições só crescia. Passei um ano e meio nessa rotina”, relatou Débora.
“Minha mãe fez exames para doar o rim dela para mim, e éramos compatíveis em cerca de 50%. No entanto, tive uma anemia severa. No dia 27 de dezembro de 2012, meu médico ligou dizendo que havia outro rim para mim — e ele era ainda mais compatível do que o da minha mãe. Naquele dia, eu renasci. Fiquei nove dias internada, com o rim funcionando e iniciando o uso dos imunossupressores. Depois disso, tudo mudou. Passei a ter uma vida normal. Minha maior alegria era levantar da cama à noite e sair andando pela casa”, contou, emocionada.
A enfermeira, Allana Gomes enfatizou: “Apesar de não ser a cura, o transplante de rim não apenas transforma a saúde física do paciente, mas também impacta positivamente sua vida emocional e social. Dessa forma, reafirmo a importância da doação de órgãos no Brasil, um ato de generosidade que pode salvar vidas”.
“Se não fosse o transplante, eu não estaria aqui hoje, vivendo com saúde, praticando atividades físicas, e, principalmente, aproveitando a vida. E, acima de tudo, toda essa história, todos os médicos que cuidaram de mim e o carinho que criei pelo HC-UFU, me fizeram querer estar do outro lado: ser médica. E aqui estou eu, quase me formando e querendo ser pelo menos um terço do médico que cuidou de mim e, com isso, lutar e incentivar o transplante”, finalizou Débora.
Rede Ebserh
O HC-UFU faz parte da Rede Ebserh desde maio de 2018. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Pollyana Freitas