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ACESSIBILIDADE
Teclado adaptado criado por colaborador do HUCFF amplia acessibilidade e reduz pela metade o tempo de trabalho de colega
Rio de Janeiro (RJ) - O dia 5 de dezembro marca o Dia Nacional da Acessibilidade — uma data que convida à reflexão sobre como transpor barreiras que dificultam ou impedem o acesso e a autonomia plena nos espaços, serviços, informações e oportunidades. Entre as iniciativas que fortalecem um ambiente mais inclusivo nos Hospitais Universitários da Rede Ebserh, destaca-se a ação de empregados da estatal no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), unidade do Complexo Hospitalar da UFRJ.
No HUCFF, a solidariedade entre colegas resultou na criação de um teclado adaptado para pessoas com restrições motoras. Fabricio Cezar Vieira de Oliveira, chefe da Unidade de Licitações, projetou e produziu — com o auxílio de uma impressora 3D — um teclado complementar para facilitar o trabalho diário da assistente administrativa da Unidade de Planejamento de Compras, Esther Regina Matias do Nascimento.
“A minha função é basicamente corrigir a documentação para fazer as compras no hospital universitário. Como eu tenho paralisia cerebral, tenho uma coordenação motora limitada. Com o meu membro esquerdo não consigo acessar algumas teclas do teclado. A ideia do Fabrício foi fazer um tecladinho que me auxilia para usar apenas uma mão, a direita”, explicou Esther. Segundo ela, o tempo e o esforço dedicados às tarefas diminuíram pela metade graças ao suporte.
Com o tamanho aproximado de um celular pequeno, o protótipo conta com oito teclas ampliadas, capazes de executar, a cada clique, comandos normalmente digitados com as duas mãos, como Ctrl C e Ctrl V. Para desenvolver o teclado de Esther, o gestor hospitalar utilizou apenas uma placa controladora Arduino Pro Micro, oito switches de teclado mecânico, e a estrutura produzida em uma impressora 3D Ender 3, com filamento PLA verde e preto. A configuração dos comandos foi programada em Python. Segundo ele, o custo total não chegou a R$ 70.
Fabrício relatou que o conhecimento em relação a equipamentos adaptados deve a experiência adquirida junto à equipe de Terapia Ocupacional do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), no Espírito Santo, onde atuou por sete anos. “Lá havia projetos como pegadores adaptados para pessoas com mobilidade reduzida nos dedos”, explicou.
“Uma ideia muito boa e prática que muitos não pensam”
O trabalho no setor administrativo do hospital no Fundão foi a primeira experiência profissional de Esther, concursada em 2024. O ingresso trouxe desafios, mas a atenção de um colega tornou o processo mais leve. “Estava corrigindo uma documentação e o Fabrício sentou do meu lado, porque notou a dificuldade que eu tinha com os atalhos, viu que eu esticava meu braço ao máximo que podia e às vezes apertava a tecla errada. Ele notou e disse ‘Esther, eu estou com a ideia de um teclado’”, contou.
Para ela, o gesto, apesar de simples, teve grande impacto: “Eu costumo dizer que por mais que seja uma ideia simples, muitas pessoas não pensam na acessibilidade. Foi uma ideia muito boa e prática que muitas pessoas não pensam.”
Sobre a Ebserh
O HUCFF faz parte do Complexo Hospitalar da UFRJ, gerido pela Ebserh desde 2024. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Elisa Andrade
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh