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CUIDADO PERINATAL
Segurança do paciente desde o início: uma missão coletiva pela vida de cada criança
Rio de Janeiro (RJ) – Reforçando a importância de consolidar uma cultura de segurança do paciente desde o nascimento, a Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ME-UFRJ- Ebserh) promoveu o evento “Cuidado seguro desde o início: um compromisso de todos”. A palestra foi ministrada pela neonatologista e coordenadora da segurança do paciente do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM-UNICAMP), Roseli Calil, que defendeu o compromisso de todos os profissionais da saúde com práticas seguras e humanizadas.
O encontro foi inspirado no Dia Mundial da Segurança do Paciente, que destacou em 2025 o cuidado com crianças e recém-nascidos, um dos grupos mais vulneráveis do sistema de saúde. Segundo Calil, é preciso eliminar danos evitáveis e mobilizar governos e instituições em torno de cuidados mais seguros e equitativos. “A maioria dos hospitais não nasceu com uma cultura de segurança estabelecida dentro da estrutura física e em seus processos de trabalho. Precisamos integrar os princípios de segurança do paciente nas disciplinas existentes e oferecer um ambiente de aprendizado com uma análise não punitiva, mas com uma cultura justa”, ponderou.
O chefe da Unidade de Qualidade e Segurança do Paciente da Maternidade Escola, Dr. Sully Turon, destacou que o evento faz parte de uma iniciativa mais ampla, ligada ao Projeto Fiocruz-Ebserh, que envolve 25 maternidades da Rede Ebserh em todo o país. “A doutora Roseli é consultora do projeto Fiocruz-Ebserh para diminuição da mortalidade materna e neonatal, no qual já temos bons resultados nesse sentido. O objetivo é dar visibilidade a esse trabalho e mostrar ao colaborador o quanto sua atuação é essencial nas ações de melhoria”, ressaltou o médico.
Os pilares da segurança neonatal
Entre os principais pontos da palestra, Roseli Calil destacou as áreas críticas da assistência ao recém-nascido e à criança, como o nascimento seguro e cuidados pós-natais; segurança no uso de medicamentos; prevenção de infecções hospitalares; identificação correta do paciente; comunicação efetiva entre equipes, trabalho interdisciplinar e notificação de eventos adversos.
Ela enfatizou que “segurança não é burocracia, é cultura”, e que essa cultura precisa estar presente desde a formação dos profissionais de saúde.
Redução de cesáreas e novas metas assistenciais
A gerente de Atenção à Saúde da ME, Penélope Marinho, apresentou os avanços do plano de ação para a redução da taxa de cesarianas e ampliação das cirurgias eletivas, em conformidade com as metas do Acordo Organizativo Coletivo (AOC) entre os hospitais do complexo e a Maternidade Escola. “Durante anos, praticamos a cesárea a pedido da paciente. No entanto, percebemos a necessidade de atuar de maneira contínua no trabalho educativo da gestante com orientações sobre parto seguro, desde o pré-natal, o que levou a uma redução da taxa de cesarianas de 72% para 54%. Também estamos inserindo a lista de verificação de parto seguro como meta de desempenho e planejamos criar um comitê para avaliar 100% das cesáreas realizadas”, explicou.
O papel das famílias e da educação
A professora Roseli ressaltou o papel transformador da educação em segurança do paciente, não apenas para profissionais, mas também para pais e crianças. Ela lembrou que o Plano Global de Ação para a Segurança do Paciente 2021-2030 defende a inclusão da educação em segurança do paciente no currículo escolar, proporcionando às crianças conhecimentos sobre princípios de segurança e autodefesa no ambiente de saúde. “Com a educação adequada e apoio, as crianças podem se tornar embaixadoras da segurança do paciente, promovendo práticas mais seguras em suas comunidades”, afirmou.
Evitar é divino
A alta hospitalar também deve ser planejada desde a admissão, com orientação à família e fortalecimento do vínculo entre pais e equipe. Calil defendeu que “a gestão da segurança deve olhar para a frente, não apenas para evitar que as coisas deem errado, mas para garantir que deem certo”. Concluiu dizendo que “errar é humano, evitar é divino, mas acertar também é humano. Precisamos aprender com os erros e transformar a prática em cada nascimento.”
Sobre a Ebserh
A Maternidade Escola faz parte do Complexo Hospitalar da UFRJ, gerido pela Ebserh desde 2024. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS)
ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Claudia Holanda
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh