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INOVAÇÃO
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ) realiza seu primeiro implante percutâneo de válvula aórtica (TAVI)
Rio de Janeiro (RJ) – O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ), gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), em conjunto com o Instituto do Coração Edson Saad (ICES-UFRJ), dá um passo importante na ampliação do cuidado cardiovascular ao realizar, pela primeira vez, em outubro, o Implante Percutâneo de Válvula Aórtica — TAVI (Transcatheter Aortic Valve Implantation). O procedimento, menos invasivo que a cirurgia convencional, é indicado principalmente para idosos com estenose aórtica e alto risco cirúrgico.
A estenose aórtica consiste em um estreitamento progressivo da válvula que conduz o sangue do coração para o restante do corpo. Segundo o chefe da Unidade de Sistema Cardiovascular do HUCFF, Juliano Carvalho Gomes de Almeida, trata-se de uma doença frequente na população idosa e com grande impacto na sobrevida. “Quando a válvula está calcificada e quase não abre, o sangue não chega adequadamente aos órgãos. O paciente sente dor no peito, cansaço aos pequenos esforços e pode desmaiar. Esses sintomas refletem risco de morte. Sem tratamento, um idoso com estenose aórtica grave e falta de ar tem média de dois anos de sobrevida”, explica.
Uma alternativa menos invasiva
Na cirurgia tradicional, a válvula é removida por meio de abertura do tórax e circulação extracorpórea. Ou seja, uma abordagem mais arriscada para pacientes idosos e com múltiplas doenças associadas. “O TAVI mudou a história da estenose aórtica em pacientes frágeis. A recuperação é mais rápida e o risco é menor”, resume o médico.
Responsável pela execução do primeiro procedimento no HUCFF, o cardiologista Ângelo Tedeschi detalha a técnica minimamente invasiva: “A válvula nova é comprimida dentro de um cateter fino. Através de uma punção na virilha, ela é levada até a válvula doente e aberta ali dentro, esmagando a válvula antiga e passando a funcionar imediatamente. Diferente da cirurgia aberta, não há necessidade de abrir o tórax nem de pontos. Isso reduz dor, complicações e tempo de recuperação”.
Primeiro caso no hospital do Fundão
O primeiro TAVI do HUCFF representa um ganho significativo de qualidade de vida para o paciente Pedro Ferreira Gomes. Aos 90 anos, ativo e independente, o idoso enfrenta limitações marcantes impostas pela estenose aórtica. “Esse procedimento não é uma coisa tão comum, mas é muito importante e, felizmente, maravilhoso para mim. Não me dá trabalho nenhum, sofrimento algum. Depois que a válvula é colocada, vou para casa e nunca mais sinto nada, nem parece que colocaram algo. Simplesmente aumenta minha resistência. As dores nas pernas acabam e o cansaço some. Tudo funciona perfeitamente”, relata.
Pedro destaca a tranquilidade durante a intervenção: “Quando terminou, os médicos faziam perguntas e eu respondia sem dificuldade. Estava totalmente consciente”. Segundo ele, a recuperação em casa “também foi simples”. Sobre o receio de se submeter a uma técnica inovadora, afirma: “Na idade de 90 anos, fazer um procedimento desses é um prêmio. Não tive medo nenhum”, demonstrando confiança na equipe e no processo.
Precisão, tecnologia e segurança
Para o especialista responsável pelo implante, dr. Ângelo, o procedimento foi um passo importante para o HUCFF. “Conseguimos realizar o procedimento graças a uma avaliação criteriosa. Por ser um tratamento de alto custo, a seleção é essencial para garantir benefício real. Ele teve alta rapidamente, sem complicações, e voltou a ter uma vida muito mais ativa”, avalia.
O médico destaca ainda que o sucesso do primeiro caso reforça a capacidade do HUCFF em oferecer tratamentos de ponta na área cardiovascular. “Esse tipo de intervenção exige equipe treinada, equipamentos adequados e grande precisão técnica. Realizar o TAVI aqui demonstra que estamos preparados para expandir nosso alcance, oferecer mais segurança aos pacientes e incorporar terapias modernas ao sistema público”, acrescenta.
Hemodinâmica em expansão
O HUCFF planeja ampliar o número de procedimentos estruturais realizados no setor de Hemodinâmica, incluindo o TAVI. Para isso, prepara uma modernização completa da área, que envolve a reativação de uma sala e a instalação de um novo angiógrafo, mais moderno e preciso. “Nosso objetivo é iniciar com um implante a cada dois meses — cerca de seis por ano — e avançar até chegarmos a uma realização mensal”, projeta o chefe da Unidade de Sistema Cardiovascular.
Segundo o dr. Juliano, com essa renovação, o hospital amplia não apenas os TAVI, mas também outros procedimentos estruturais que evitam cirurgias abertas. Além disso, fortalece o papel do HUCFF como centro de referência acadêmica. “Com mais procedimentos estruturais, nossos residentes e jovens hemodinamicistas terão acesso a técnicas avançadas que geram novas pesquisas e publicações”, justifica ele.
Sobre a Ebserh
O HUCFF faz parte do Complexo Hospitalar da UFRJ, gerido pela Ebserh desde 2024. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Elisa Andrade
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh