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RECOMEÇO
Cirurgia no HU-UFPI devolve visão e qualidade de vida a paciente com complicações do diabetes
Teresina (PI) - Um caso de superação e recomeço marca o trabalho da equipe de Oftalmologia do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O piripiriense Fábio Rodrigues, de 44 anos, voltou a enxergar após perder completamente a visão por causa de uma retinopatia diabética proliferativa, complicação grave do diabetes mellitus que pode levar à cegueira quando não tratada a tempo.
O procedimento que devolveu a visão ao paciente foi uma vitrectomia, cirurgia ocular indicada para os estágios mais avançados da doença. A técnica consiste em remover o humor vítreo (gel transparente que preenche o interior do olho), permitindo o acesso à retina para tratar hemorragias, cicatrizes e trações retinianas. Em muitos casos, o espaço é preenchido com solução salina, gás ou óleo de silicone, o que ajuda a estabilizar a retina e favorece a recuperação da visão. No caso de Fábio, foram necessárias intervenções nos dois olhos, realizadas pela equipe de Oftalmologia do HU-UFPI.
O amor nasceu na adversidade
Quando chegou ao hospital, há dois anos, o paciente não enxergava nada e era conduzido pela namorada, Raimunda Neres, de 50 anos, que se tornou seu principal apoio durante o tratamento. “Entrei sem enxergar, sendo trazido nos braços pelos outros. Hoje leio, uso o celular, vejo minhas redes sociais. Só tenho a agradecer a todos do HU-UFPI”, relata Fábio, emocionado.
A história do casal começou justamente durante esse período difícil. Raimunda, sensibilizada com a situação, decidiu cuidar de Fábio, que vivia sozinho e debilitado. “Quando o conheci, ele estava muito doente, sem enxergar, com os pés inchados. Saí do meu trabalho para cuidar dele. Ele só não entrou em depressão porque passou a ter companhia. Depois da cirurgia, nossa vida mudou e agora é só alegria. Saímos e viajamos juntos”, conta.
Tratamento complexo
O oftalmologista Ênio Braga, responsável pelo caso, explica que o tratamento foi complexo e exigiu o envolvimento de toda a equipe do HU-UFPI. “O Fábio não tinha perspectiva de voltar a enxergar. Era trazido pela namorada e nos contou que nunca tinha visto o rosto dela. No pós-operatório, ele me disse: ‘doutor, melhorei’. Depois, quando voltou na outra semana, falou: ‘doutor, estou vendo tudo, estou conseguindo até ler’”, detalha.
Segundo o médico, o momento foi marcante para todos os profissionais envolvidos. “A equipe ficou emocionada e feliz. Todos se envolveram com o Fábio, porque ele é uma pessoa carismática, divertida e, apesar do problema, sempre encarou tudo com muita serenidade”, ressalta Braga.
O especialista salienta ainda que o caso simboliza o impacto positivo do trabalho realizado no HU-UFPI. “O ganho de visão foi extraordinário. Ele passou de uma condição de total dependência para a autonomia. Ele está usando óculos, e a namorada contou que ele voltou a pilotar moto e a cuidar do próprio comércio. É um exemplo de superação”, afirma o médico.
O descontrole do diabetes pode levar à cegueira
A retinopatia diabética é uma das principais complicações do diabetes quando a doença não é controlada ao longo dos anos. No caso de Fábio, as sequelas surgiram em decorrência do tempo e da falta de controle da glicemia.
Segundo o oftalmologista Ênio Braga, o desenvolvimento da doença costuma ser silencioso e de evolução lenta. “A retinopatia diabética é uma doença degenerativa que evolui de estágios não proliferativos para estágios proliferativos, quando atinge níveis avançados em que a única alternativa de tratamento é a cirurgia”, pontua.
Ele enfatiza que muitos pacientes demoram a perceber a gravidade do problema. “A pessoa vai perdendo a visão gradativamente, achando que é apenas um problema de óculos, mas, na verdade, a doença está progredindo. Em outros casos, a visão vai embaçando, o indivíduo se acostuma com isso e, de repente, perde a visão subitamente porque a doença avançou demais”, alerta.
Sobre o HU-UFPI
O HU-UFPI faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde novembro de 2012. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Maria Carvalho Costa, com edição de George Miranda
Unidade de Imprensa e Informação Estratégica para as regiões Norte e Nordeste
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh