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NOVEMBRO AZUL
Espaço Trans do HC realiza palestra com foco no autocuidado com a saúde da próstata
Espaço trans realizou palestra com mulheres trans sobre o autocuidado, a prevenção e detecção precoce do câncer de próstata
O Espaço de Acolhimento e Cuidado a Pessoas Trans do Hospital das Clínicas da UFPE realizou palestra com mulheres trans sobre a importância do autocuidado, da prevenção e da detecção precoce do câncer de próstata, em alusão à campanha mundial Novembro Azul, que conscientiza sobre o tema. A ação foi realizada na manhã da última segunda-feira (24), na sala 5 do 3º andar (antigo Curso Médico), com pacientes acompanhadas pelo ambulatório. O HC é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
O urologista do HC-UFPE Luiz Simões explicou que a palestra teve como um dos seus objetivos lembrar que mulheres trans, independentemente de fazerem ou não a cirurgia de transgenitalização, precisam manter os cuidados preventivos, que incluem a realização de exames de rastreamento a partir dos 50 anos – em pessoas com histórico familiar de câncer de próstata, negros ou com outros fatores de risco, esse início pode ser antecipado para os 45 anos, ou até 40, dependendo do caso.
“É fundamental realizar exames periódicos. A incidência do câncer é menor entre as mulheres trans que têm níveis baixos de testosterona, mas, por ser um grupo com grande variação hormonal, é necessário manter a vigilância. Não se deve esperar o aparecimento de sintomas para realizar os exames, porque eles já aparecem numa fase tardia da doença”, comentou Luiz Simões.
O especialista reforçou a importância do rastreamento precoce do câncer de próstata com o exame que mede o nível de PSA (Antígeno Prostático Específico) e destacou que há diferenças nos valores esperados de PSA entre homens cis e mulheres trans, especialmente naquelas que realizam terapia hormonal afirmativa.
Durante o encontro, o médico também respondeu dúvidas sobre atividade sexual e possíveis impactos da cirurgia de redesignação. Ele esclareceu que práticas sexuais - (anais ou vaginais), no caso das que têm neovagina - não aumentam nem reduzem o risco para câncer de próstata. “Não há alteração na incidência devido ao tipo de atividade sexual ou à cirurgia”, reforçou Simões.
A coordenadora do Espaço Trans do HC, Paula Azevedo Graça, reforçou o alerta para a necessidade de manter a prevenção do câncer de próstata entre mulheres trans, sobretudo entre aquelas que não realizam hormonização ou não utilizam bloqueadores de testosterona. “Com níveis altos de testosterona, o risco permanece semelhante ao de qualquer pessoa com próstata”, afirmou.
Segundo ela, a recomendação é que a prevenção seja feita a partir dos 50 anos. Paula explica que mulheres trans que já passaram pela cirurgia de neovagina têm risco muito reduzido, mas não inexistente. “Mesmo com testosterona baixa, é importante não abandonar a prevenção”, disse.
Além do acompanhamento clínico, Paula enfatiza a importância da educação em saúde. Ela lembra que a expectativa de vida da população trans no Brasil ainda é de cerca de 35 anos, o que torna a informação e o acesso ao cuidado ainda mais urgentes. “Não queremos apenas garantir cirurgia, mas promover saúde integral. É fundamental que as pacientes saibam se prevenir e conheçam seus direitos”, concluiu.
Ação semelhante foi realizada no Outubro Rosa alertando para o autocuidado e realização de exames para a detecção precoce do câncer de mama.
Sobre a Ebserh
O HC-UFPE faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Moisés de Holanda
Coordenadoria de Comunicação Social