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COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Projeto entre Brasil e França promoverá ampliação do uso da analgesia no parto vaginal
Reduzir a mortalidade materna em cesarianas. Esse é o objetivo de projeto internacional, que prevê intercâmbio de experiências em parto e nascimento, conduzido pela Embaixada da França no Brasil e a Fundação Instituto Oswaldo Cruz/Ministério da Saúde (FioCruz/MS). A Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC), do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (UFC) e vinculada à Rede Ebserh, atuará como centro para implementação do projeto-piloto. Além da MEAC, uma maternidade do Rio de Janeiro, a Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, também participará da iniciativa, constituindo apenas duas unidades em todo o país.
A estratégia é ampliar o uso da analgesia peridural no parto vaginal, tipo de procedimento que utiliza medicamentos que controlam a dor sem a perda de consciência e de movimento da paciente. Com o projeto, espera-se garantir a oferta de analgesia peridural durante o trabalho de parto e parto a todas as gestantes que procurem estas unidades, ampliar o número de partos vaginais e reduzir o de cesáreas. Após os testes e ajustes necessários, a expectativa é de replicar a iniciativa nas demais maternidades brasileiras, com prioridade para aquelas que realizam mais de 1 mil partos por ano.
Algumas ações da MEAC que humanizam o atendimento levaram-na a ser escolhida para encabeçar o projeto internacional. Além de disponibilizar um atendimento humanizado às gestantes que procuram a unidade, possui também o Centro de Parto Normal dentro da maternidade e a Casa da Gestante, Bebê e Puérpera, que abriga as mamães e os bebês que precisam de uma atenção maior, porém não necessariamente hospitalar.
O gerente de Atenção à Saúde da maternidade, Carlos Augusto Alencar Júnior, avaliou positivamente a ação. “Temos tentado implementar a analgesia com dificuldade, mas vencendo barreiras. Esperamos poder avançar ainda mais com esse importantíssimo intercâmbio”, completou.
Visita técnica
No dia 4 de setembro de 2019, a coordenadora do projeto, Maria do Carmo Leal (Fiocruz/MS), e a consultora Mônica Neri (ISC/UFBA) visitaram a MEAC acompanhadas de dois obstetras pesquisadores franceses, com o objetivo de inteirar-se das boas práticas locais e discutir as diretrizes da iniciativa com a gestão da maternidade.
Philippe Descamps, do Centro Hospitalar Universitário de Angers, e Damien Subtil, do Centro Hospitalar Universitário de Lille, conheceram as instalações e participaram de reuniões com profissionais assistenciais de várias especialidades que atuam em conjunto no parto. "Fiquei muito impressionado com o sentimento coletivo, é muito raro uma equipe multiprofissional com tanta coerência”, comentou Subtil.
Ficou oficializada a participação da MEAC como uma das duas instituições-piloto. “Vai ser uma mudança de cultura. Faremos um trabalho prévio de esclarecimento e engajamento da nossa equipe e planejaremos a necessidade de insumos”, afirmou o chefe da Divisão de Gestão do Cuidado da maternidade, Edson Lucena.
Saiba mais:
A morte materna é um indicador mundial da qualidade da saúde desde 1995.
Os principais fatores que levam à mortalidade materna no Brasil são síndrome hipertensiva, hemorragia pós-parto e infecções.
Na MEAC são realizados, em média, 405 partos por mês. Cerca de 60% são cesarianas, devido ao seu perfil de hospital referência para gestação de alto risco.
A MEAC é Instituição Amiga da Criança (IHAC), Hospital Amigo da Mulher (Câmara dos Deputados), Hospital Sentinela (Anvisa) e Centro de Apoio às Boas Práticas de Obstetrícia e Neonatologia (Ministério da Saúde).