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MULTIPLICADORES
Acadêmicos de medicina da UFGD capacitam agentes indígenas de saúde sobre a doença de Chagas
Caroline Lumi Onodera, Cinthya Alves Esteves, Gabrielli Rodrigues de Medeiros, Joel Pereira Renovato Filho, Larissa Sobrinho Aniceto e Marina Dalla Bernardina Casotte, acadêmicos de medicina da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) realizaram uma ação no Colégio Municipal Araporã, na Aldeia Bororó em dezembro de 2023. Os discentes realizaram uma capacitação dos Agentes Indígenas de Saúde (AIS) acerca da doença de Chagas, em que o objetivo principal foi fornecer noções básicas sobre a doença e instruir sobre o reconhecimento e a abordagem do vetor, preparando os AIS para realizar uma busca ativa do bicho-barbeiro e orientando sobre os procedimentos a serem seguidos caso o inseto seja encontrado. Esta iniciativa aconteceu no contexto da disciplina de Base das Doenças Infecciosas (2023-2) e integra o projeto de extensão "Promovendo Saúde e Prevenindo Doenças Infecciosas e Parasitárias (ODS-3)", sob coordenação da Dra. Cristiane Maria Colli, docente da disciplina e orientadora desta atividade.
A capacitação envolveu uma abordagem teórica sobre a doença de Chagas, como formas de transmissão, características da doença e profilaxia, bem como uma parte prática com demonstração de insetos para o reconhecimento do vetor e outros insetos semelhantes, porém sem importância epidemiológica na transmissão da doença, a fim de que as AIS possam fazer a diferenciação entre eles. No final da ação, um questionário foi feito e demonstrou que as AIS tiveram 100% de acerto nas afirmativas apresentadas. Tendo em vista o máximo rendimento das agentes e o aprendizado efetivo, as participantes receberam certificado de participação do treinamento, o que as qualificou para a busca ativa e segura do vetor da doença de Chagas.
De maneira imprescindível, o grupo contou com o auxílio do Núcleo de Saúde Indígena do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), filiado à Ebserh e da Gerência de Ensino e Pesquisa (GEP), que mediaram o contato com o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) para autorizar a capacitação na aldeia, destacando nesse processo Jakeline, Luciana e Rosimayre. Além disso, o HU-UFGD disponibilizou ao grupo o transporte em carro oficial até a aldeia. Houve também a colaboração do Laboratório de Entomologia da FCBA-UFGD que prontamente emprestou os insetos para que fosse feita a parte prática de diferenciação entre bicho-barbeiro (hematófago) de insetos fitófagos e predadores, que frequentemente são confundidos.
Por meio do projeto de extensão, a educação pôde transcender os muros das instituições de ensino e efetivamente causar impacto na comunidade. Para os alunos, a oportunidade de levar o conhecimento adquirido em sala de aula para a população foi uma experiência gratificante e uma oportunidade única de aprendizado e diálogo com a realidade local da comunidade indígena. A apresentação, assim, foi proveitosa tanto para as AIS quanto para os discentes, uma vez que os participantes ouvintes também compartilharam o conhecimento empírico prévio e as experiências pessoais relacionadas à essa doença. Além dessa ação, os demais alunos que cursaram a disciplina de Bases de Doenças Infecciosas também desenvolveram atividades educativas abrangentes, em escolas, centros de acolhimento e em feiras livres da cidade de Dourados, com o objetivo de promover a saúde e prevenir o adoecimento da população.
Depoimentos
Priscila, Agente Indígena de Saúde da Aldeia Bororó:
“Eu acho que aquele dia foi muito importante e interessante para podermos aprender e queremos outras capacitações para que possamos aprender mais com elas. Estávamos lembrando sobre os certificados, sobre o que aprendemos e gostaríamos de ter outras também. Espero que a gente possa estar mais junto para nos ajudar aqui na reserva indígena. Muito obrigada.”
Cinthya Esteves, estudante de Medicina da UFGD:
“Uma das motivações para escolhermos essa temática, foi o meu pai, o senhor José Esteves, a qual foi diagnosticado tardiamente com a Doença de Chagas. Como filha e estudante de Medicina, vejo a importância social e biológica do diagnóstico precoce, pois existem, hoje, medicações as quais proporcionam uma perspectiva de cura de até 70% quando a doença de Chagas ainda se encontra na fase aguda. Como futura médica, senti que seria meu dever na graduação orientar mais pessoas sobre os cuidados preventivos que todos devem ter em relação a essa doença. Ter essa oportunidade agora de falar sobre a doença de Chagas à população indígena de Dourados foi uma experiência ímpar, mas esperamos expandir essa causa a mais pessoas e não ter indivíduos sendo diagnosticados tão tardiamente por essa doença.”
Cristiane Maria Colli, professora de BDI (Parasitologia) da FCS-UFGD:
“Como docente da disciplina de BDI e idealizadora do projeto de extensão 'Promovendo Saúde e Prevenindo Doenças Infecciosas e Parasitárias (ODS-3)', sinto-me profundamente grata pelos alunos que dedicaram seu tempo e esforço ao desenvolvimento desta ação. Agradeço imensamente a todos os profissionais do HU-UFGD, cuja colaboração incansável foi fundamental para o sucesso da iniciativa. Também gostaria de estender meus agradecimentos às Agentes Indígenas de Saúde, cuja participação ativa permitiu uma valiosa troca de conhecimentos entre elas e os alunos, demonstrando plenamente o impacto positivo da extensão universitária. Por fim, ver alunos tão comprometidos e engajados como estes enche meu coração de orgulho!”
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.