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FORA DO RITMO
Treinos intensos e anabolizantes aumentam risco de arritmia cardíaca, alertam especialistas
Especialistas da Ebserh reforçam importância de hábitos saudáveis para evitar a condição. Imagem ilustrativa: Freepik. - Foto: Dmytro Sheremeta
Brasília (DF) – Um simples desmaio pode ser o primeiro sinal de uma arritmia cardíaca grave — problema responsável por até 400 mil mortes súbitas por ano no Brasil. Neste 12 de novembro, Dia Nacional de Prevenção de Arritmias e Morte Súbita, médicos da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) alertam: hábitos como o uso de anabolizantes, excesso de café e treinos intensos sem acompanhamento estão entre os principais gatilhos silenciosos.
A chave para combater a doença pode ser a prevenção. Arritmias cardíacas são alterações no ritmo dos batimentos do coração. Elas se dividem em dois tipos principais: bradiarritmias (quando o coração bate muito devagar) e taquiarritmias (quando o coração bate muito rápido). É normal que a frequência cardíaca acelere durante esforços físicos ou emoções fortes, retornando ao normal depois. No entanto, na arritmia propriamente dita, os batimentos podem se elevar de forma significativa ou permanecer acelerados mesmo em repouso.
A cardiologista Claudia Karina Guarino Lins, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), alerta para a necessidade de investigar sintomas específicos, pois algumas arritmias são genéticas e não estão ligadas a fatores de risco tradicionais. “Sintomas como desmaios, palpitações e crises convulsivas devem ser investigados, pois há o risco de serem arritmias cardíacas graves hereditárias”, destacou a médica.
MITOS E VERDADES
O número de mortes súbitas entre jovens tem subido – mito!
As arritmias podem causar morte súbita, que consiste no óbito inesperado em até uma hora após o início dos sintomas. Embora o infarto agudo do miocárdio seja a causa mais comum em pessoas acima de 35 anos, a morte súbita pode atingir indivíduos de qualquer idade. Quando ocorrem com jovens e atletas, por exemplo, os casos costumam chamar a atenção da população e são destaques nas notícias e mídias sociais, dando a impressão que estão ocorrendo com mais frequência.
As vacinas contra Covid-19 aumentaram os casos de morte súbita – mito!
A cardiologista do HU-UFPI reforçou que não houve aumento no número de casos e esclareceu um mito comum: não há relação entre a vacina da Covid-19 e um suposto aumento de mortes súbitas. “A miocardite, uma espécie de inflamação do músculo cardíaco, é uma doença capaz de causar morte súbita, porém o aumento da incidência dela após a pandemia de Covid-19 foi discreto e devido ao aumento do número de infecções virais pela Covid. A incidência de miocardite viral pós-vacina é extremamente rara”, afirmou Claudia.
Há formas de tentar prevenir a morte súbita – verdade!
A principal forma de prevenção está na adoção de um estilo de vida saudável. André Rezende, arritmologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE), lista os cuidados essenciais: praticar atividade física regularmente, não fumar, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, evitar estimulantes com cafeína em altas doses, controlar doenças crônicas como hipertensão e diabetes, dormir bem e tratar a apneia do sono.
Treinos intensos aumentam os riscos da arritmia – verdade!
O médico ressalta que os exercícios físicos são benéficos, mas alerta para os riscos dos treinos de alta intensidade sem acompanhamento. “Algumas arritmias mais graves associadas a doenças cardíacas podem ser precipitadas pelo esforço físico. Muitos desses pacientes são orientados à restrição de atividades”, enfatizou.
Ainda segundo Rezende, os anabolizantes não devem ser utilizados, uma vez que são drogas prejudiciais ao coração. “Os estimulantes muito utilizados como pré-treino também são nocivos. Já os suplementos devem ser orientados por profissional especializado e não devem ser consumidos indiscriminadamente”, reforçou o especialista.
João Luiz Itagiba Fonseca, cardiologista do Hospital Universitário da Grande Dourados (HU-UFGD), complementou: “O consumo dessas substâncias interfere no metabolismo e no sistema cardiovascular, podendo levar a problemas graves, como insuficiência cardíaca”.
Há diagnóstico e tratamento de arritmia no SUS – verdade!
A maioria dos exames para avaliação cardiológica está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio dos hospitais universitários, incluindo teste ergométrico, ecocardiograma e Holter. Na atenção primária, é possível ter acesso a exames básicos, como o eletrocardiograma.
O cardiologista João Luiz finaliza reforçando a necessidade do acompanhamento profissional. “É importante que as pessoas compreendam a necessidade de fazer consultas médicas periódicas, e que os profissionais de saúde ajudem os pacientes tanto com a prevenção, diagnóstico e tratamento adequados”.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Paulina Oliveira com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh