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DIA DE PREVENÇÃO DA OBESIDADE
Muito além da balança, tratamento da obesidade exige hábitos saudáveis contínuos
No Brasil, a projeção é de que 31% da população adulta esteja obesa. Imagem ilustrativa: Freepik.
Brasília (DF) – De acordo com a edição deste ano do Atlas Mundial da Obesidade, relatório produzido pela Federação Mundial da Obesidade, no Brasil, a projeção é de que 31% da população adulta esteja obesa, cenário que, segundo especialistas, exige cautela diante de soluções rápidas e atrativas como as chamadas “canetas emagrecedoras”. Nos hospitais da Rede Ebserh, equipes multiprofissionais atuam na prevenção e no tratamento da doença.
Em Belo Horizonte (MG), o Hospital das Clínicas da UFMG/Ebserh conta com um serviço completo para tratamento clínico e cirúrgico da obesidade. Cirurgiã do aparelho digestivo e professora associada da Faculdade de Medicina da UFMG, Soraya Rodrigues explica que se trata de uma doença multifatorial.
“Como qualquer doença crônica, a obesidade tem que ser tratada ao longo da vida. É um distúrbio de metabolismo e/ou compulsão alimentar que pode vir associado a comorbidades como hipertensão arterial de difícil controle, diabetes, doença hepática gordurosa, problemas articulares” explicou. Segundo ela, faz-se necessário um acompanhamento contínuo e multidisciplinar: “Oferecemos no Ambulatório de Tratamento da Obesidade consultas com endocrinologista, psicólogo, psiquiatra, nutrólogo e cirurgia bariátrica”.
Apesar da popularização das “canetas emagrecedoras”, fármacos da classe dos análogos do GLP-1 prescritos inicialmente para tratamento do diabetes tipo 2, porém com repercussão na perda de peso, ela afirma que essa não é a primeira linha de tratamento da obesidade. “Essa medicação só deve ser prescrita por um médico especialista. O que está acontecendo é que muitas pessoas estão usando essas canetas indiscriminadamente para perder peso”, disse. Soraya alerta para uma série de efeitos colaterais, como pancreatite e até depressão grave.
“Existem medicamentos que podem ser utilizados, que são os inibidores do apetite. A cirurgia bariátrica está indicada nos casos de obesidade com IMC (Índice de Massa Corporal) entre 35 e 40, associado a comorbidades de difícil controle, ou IMC acima de 40”, disse, ressaltando, no entanto, que antes da realização do procedimento é necessário um tratamento clínico por, no mínimo, dois anos.
O Hospital das Clínicas da UFMG é o único 100% SUS da capital mineira que realiza cirurgia bariátrica por videolaparoscopia, técnica minimamente invasiva que utiliza pequenas incisões para reduzir o estômago. Dentre os benefícios está a recuperação mais rápida do paciente e menos complicações na parede abdominal. Em média, a instituição realiza quatro procedimentos por mês.
Equilíbrio
Medicação, mudança do estilo de vida e reeducação alimentar têm papeis distintos no controle da obesidade. “A medicação é algo temporário, usada como ponto de partida para mudança do estilo de vida que engloba vários pilares: alimentação saudável, redução do consumo do álcool e do fumo, prática do exercício físico e higiene do sono, já que durante o sono há uma série de reações químicas que mexem com a ansiedade e o metabolismo em si”, explicou a nutricionista do Complexo Hospitalar Universitário da UFPA (CHU-UFPA), Ana Lucia Rocha Faillace.
Ela coordena um programa multidisciplinar visando a qualidade de vida dos trabalhadores com resultados exitosos na reeducação alimentar. “Temos que adentrar os hábitos culturais e alimentares do indivíduo, introduzindo lentamente alimentos saudáveis e retirando aqueles que mais prejudicam. O seu carrinho de compras do supermercado, a sua geladeira e a sua dispensa em casa também precisam estar magros”, disse.
Quando o ato de comer vira compulsão alimentar, ele torna-se também um problema psicológico, por isso mesmo a importância do tratamento multidisciplinar e individualizado. “O tratamento não pode ser uniprofissional, mas sim multiprofissional. É preciso que os profissionais interajam entre si para manter aquele paciente saudável em todos os seus níveis, seja no físico ou no psicológico”, pontuou.
Qualidade de vida
A Organização Mundial da Saúde recomenda a prática de atividades físicas de intensidade moderada por cerca de 150 minutos por semana ou de intensidade vigorosa, como corrida ou pedalada rápida, por pelo menos 75 minutos semanais.
O profissional de Educação Física Ulisses Masseli Dias explica que os benefícios dos exercícios vão muito além da balança. “A prática regular, quando corretamente planejada e estruturada, favorece o desenvolvimento de outros componentes essenciais da aptidão física relacionada à saúde, como força muscular, resistência cardiorrespiratória e flexibilidade”, disse.
Além disso, segundo o profissional, ela desempenha um papel decisivo na prevenção e controle das doenças crônicas não transmissíveis associadas ao estilo de vida, como hipertensão, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Na saúde mental, repercute com melhora do humor, redução dos níveis de estresse e ansiedade e aumento da sensação de bem-estar.
No Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS), duas iniciativas destacam-se na promoção da saúde e prevenção da obesidade entre os colaboradores. O Projeto Saúde em Dia monitora indicadores de risco como sedentarismo e acúmulo de gordura abdominal por meio de avaliações da composição corporal. Já o Projeto Vida Plena promove bem-estar emocional e mental por meio de sessões de Mindfulness e Alongamento Laboral quinzenais e Plantão de Acolhimento Psicológico pré-agendado. O objetivo é reduzir estresse, aumentar o uso de recursos de apoio psicológico e favorecer um ambiente de trabalho saudável e equilibrado.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Luna Normand com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh