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HUGG – Unirio
Hospital da Ebserh no Rio de Janeiro (RJ) amplia linha de atendimento com cirurgias para homens trans
A metoidioplastia é um procedimento voltado para homens trans que, com o uso contínuo de hormônios masculinos, apresentam um aumento natural do clitóris. Imagem: Arquivo Ebserh
Rio de Janeiro (RJ) – A partir deste ano, o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG-Unirio), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), dará mais um passo na consolidação do cuidado integral à população trans ao oferecer cirurgias de metoidioplastia para homens trans. A iniciativa complementa o trabalho iniciado em 2024, quando o hospital realizou suas primeiras cirurgias de redesignação de gênero em mulheres trans. Com este novo serviço, o HUGG reforça o compromisso com a humanização e inclusão no atendimento, pilares fundamentais do Sistema Único de Saúde (SUS).
A metoidioplastia é um procedimento voltado para homens trans que, com o uso contínuo de hormônios masculinos, apresentam um aumento natural do clitóris. Esse crescimento, que pode variar entre os pacientes, possibilita a transformação do órgão em um micropênis. O coordenador do Serviço de Urologia, André Cavalcanti, explicou que “a cirurgia libera o clitóris, transforma-o em um micropênis funcional para micção em pé e amplia a uretra”. O procedimento pode incluir, a depender da escolha do paciente, o fechamento da vagina e a criação de uma bolsa escrotal a partir dos grandes lábios.
Embora o procedimento não ofereça funcionalidade para penetração sexual, André destaca que, além dos benefícios significativos na funcionalidade miccional, a cirurgia busca atender expectativas relacionadas à aparência condizente com a identidade de gênero, impactando positivamente a qualidade de vida desses pacientes.
Para se submeter ao procedimento, é necessário atender a pré-requisitos que incluem acompanhamento psicológico e endocrinológico por pelo menos dois anos, garantindo que o paciente esteja preparado para as mudanças envolvidas no processo de redesignação. O médico destacou que esse acompanhamento é fundamental para assegurar o sucesso da cirurgia e o bem-estar dos pacientes, em linha com as boas práticas médicas e o cuidado humanizado.
O coordenador ressaltou que o hospital mantém seu compromisso com a universalidade do atendimento, garantindo que a ampliação dos cuidados à população trans não compromete outros serviços essenciais. “Não é fazer o trans com o objetivo de deixar de atender o doente oncológico, por exemplo, é também atender essa população”, explicou André, reforçando a importância de o SUS oferecer um cuidado integral e inclusivo para todas as pessoas.
A redesignação genital é mais comumente procurada por mulheres trans, já que a disforia para esse público está frequentemente associada ao órgão sexual masculino. Entre os homens trans, a disforia, geralmente, se concentra nas mamas, o que explica a maior procura pela mastectomia redutora. Essa diferença de demandas reflete a diversidade das necessidades da população trans e norteia o planejamento do hospital para oferecer um atendimento alinhado às particularidades de cada paciente.
O serviço será realizado por uma equipe multidisciplinar que inclui urologistas, cirurgiões plásticos, enfermeiros e fisioterapeutas. A cirurgia tem duração média de três a quatro horas, com internação de 48 a 72 horas. Dois pacientes já estão na fila de espera para o início dos procedimentos, previstos para os primeiros meses de 2025.
Apesar de ser realizada por poucos centros no Brasil, a metoidioplastia está ganhando popularidade mundialmente. O coordenador destacou que transformar o procedimento em um processo ágil e rotineiro será um dos desafios iniciais, mas o HUGG está empenhado em consolidar o serviço e minimizar complicações.
Com mais esse passo, o HUGG reafirma seu compromisso com a humanização e inclusão, posicionando-se como referência no cuidado integral à população trans e reforçando o papel do SUS como garantidor de direitos para todas as pessoas.
Sobre a Rede Ebserh
O HUGG-Unirio faz parte da Rede Ebserh desde dezembro de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Felipe Monteiro
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh