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HUAP-UFF
Hospital da Ebserh em Niterói (RJ) realiza primeiro procedimento para controle da hipertensão arterial grave
Niterói (RJ) – O Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), realizou no dia 31 de janeiro sua primeira denervação renal. O procedimento, indicado para pacientes com hipertensão arterial resistente, pode auxiliar no controle da pressão arterial quando os medicamentos isoladamente não são suficientes.
Segundo o médico responsável pela seleção dos pacientes e professor de Clínica Médica da Universidade Federal Fluminense (UFF), Ronaldo Gismondi, a técnica não elimina a necessidade de tratamento contínuo, mas representa um avanço no controle da doença. “Ele tem o efeito equivalente a um remédio de pressão, então não é um procedimento milagroso, que a pessoa fica curada, não é isso. Ele ajuda no controle da hipertensão”, explica. Pacientes que precisam de múltiplos medicamentos podem se beneficiar da técnica, que reduz a necessidade de altas dosagens. “Quando a gente faz a denervação, ela tem um efeito duradouro ou sustentado. As pesquisas mostram que esse efeito pode passar de cinco anos. Só que a pessoa faz uma vez e aquilo fica resolvido”, acrescenta.
A denervação renal é realizada por meio de um cateter inserido na artéria femoral, na região da virilha. No local, o dispositivo libera uma energia controlada de radiofrequência, que reduz a atividade dos nervos simpáticos responsáveis pela regulação da pressão arterial. O médico responsável pela realização do procedimento, André Sousa, explica que a técnica pode proporcionar um melhor controle da hipertensão. “A denervação renal é um procedimento de aplicação de energia por radiofrequência (semelhante a uma leve cauterização) realizada por cateterismo, que se inicia com a colocação de um cateter pela artéria femoral. Com a aplicação da energia, os nervos simpáticos dos rins são menos afetados pela adrenalina e a pressão arterial pode ser melhor controlada”, detalha.
Além de ser minimamente invasiva, a recuperação do paciente ocorre de forma rápida. “É um procedimento feito na mesma máquina que a gente faz o cateterismo, chamada hemodinâmica. Ele acessa o paciente pelos vasos femorais, e no dia seguinte, se o local da punção estiver tudo ok, ele pode andar. Dois dias depois, volta ao trabalho e à vida normal”, afirma Ronaldo. No entanto, ele alerta que, como qualquer intervenção médica, a técnica apresenta riscos, ainda que sejam baixos. “O médico pode não conseguir fazer, pode haver um pequeno sangramento no local onde faz a punção e pode ter um pouco de dor lombar durante alguns dias”, explica. Para garantir a segurança do procedimento, é necessário que o paciente passe por exames prévios, como a tomografia, para avaliar a anatomia das artérias renais e verificar se são adequadas para a introdução do cateter.
O residente de Clínica Médica que acompanhou o procedimento, Hugo Rodrigues, destaca que a técnica representa um avanço importante no tratamento da hipertensão resistente. “Os estudos que embasam o emprego da denervação renal mostraram benefício principalmente nos pacientes que têm hipertensão resistente – aquela na qual o paciente usa pelo menos três anti-hipertensivos de primeira linha e permanece fora da meta pressórica. Nesse cenário, esperamos que esses pacientes consigam reduzir a quantidade de medicações tomadas em pelo menos uma”, afirma.
Para aqueles que necessitam de diversos remédios para manter a pressão sob controle, a técnica pode facilitar a adesão ao tratamento. “Atingir a meta pressórica é fundamental na prevenção de doenças cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral. Fazer isso com um menor número de medicações é mais barato e mais cômodo para o paciente”, completa Hugo.
Apesar de validada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a denervação renal ainda está sendo incorporada gradativamente ao atendimento especializado. “O Huap possui um serviço especializado de tratamento de hipertensão arterial que visa tratar casos graves e de difícil controle. Esse grupo já atua de forma diferenciada em casos difíceis, buscando causas raras e tratáveis de hipertensão. Iniciamos agora a possibilidade de oferecer mais esse tratamento e estamos avaliando como podemos expandir, conforme novos casos sejam selecionados”, destaca André.
Com a realização do primeiro procedimento na unidade, o Huap fortalece sua atuação no tratamento da hipertensão e amplia as possibilidades terapêuticas para pacientes que necessitam de novas abordagens no controle da doença.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário da Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF) faz parte da Rede Ebserh desde o início de 2016. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Felipe Monteiro
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh