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EPIDEMIOLOGIA
Doença de Chagas: Hospitais da Ebserh unem ciência, tecnologia e assistência
Hospitais da Ebserh têm prestado assistência e desenvolvido pesquisas no esforço de combater a doença.
Nesta reportagem, você vai ver:
Tecnologia ultrapassando fronteiras
Pesquisa inédita busca novos diagnósticos e tratamentos
Brasília (DF) – Comemorado em 14 de abril, o Dia Mundial de Combate à Doença de Chagas chama atenção para um problema de saúde pública que ainda afeta milhões. Causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida principalmente pelo barbeiro, a doença atinge cerca de 6 a 7 milhões de pessoas no mundo, segundo a OMS — sendo 1 milhão delas no Brasil, muitas sem diagnóstico. Hospitais administrados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) têm prestado assistência e desenvolvido pesquisas no esforço de combater a doença.

A infecção ocorre quando as fezes do inseto entram em contato com a pele ou mucosas, como olhos ou boca, permitindo a penetração do parasita. Regiões como o Norte e o Centro-Oeste brasileiros ainda concentram casos agudos. Ao longo dos anos, associava-se a doença à zona rural, principalmente a casas de pau a pique. Recentemente, os casos notificados chegaram a áreas urbanas, principalmente por transmissão via transfusão de sangue, de mãe para filho (vertical), ou por ingestão de alimentos contaminados.
Sintomas
A doença é silenciosa, o que dificulta a iniciativa por buscar ajuda médica. Segundo Alinne Macambira, cardiologia do Hospital de Doenças Tropicais do Tocantins (HDT-UFT), “a doença de Chagas acomete muitos brasileiros, se manifesta na forma aguda e na forma crônica. Na forma aguda, aparece com inchaço indolor de uma das pálpebras, febre, virose e na forma crônica ela pode acometer o coração, esôfago e o intestino”, afirmou.
Tratamento e Prevenção
O tratamento é realizado com medicamentos antiparasitários e requer a orientação e o acompanhamento de um médico, após a confirmação da doença. Os medicamentos são disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto a prevenção envolve o controle do barbeiro, melhoria das condições de habitação e saneamento e educação sobre a doença.
Tecnologia ultrapassando fronteiras
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG/Ebserh) oferece serviço de telessaúde que usa inteligência artificial para analisar eletrocardiogramas e identificar casos da doença de Chagas, especialmente em pacientes de áreas remotas. O professor Antonio Luiz Ribeiro explica que o objetivo é estudar a história natural da doença nos pacientes e buscar alternativas de como melhorar o cuidado.
O projeto Sami-Trop São Paulo - Minas Tropical Médici é uma parceria com a Universidade de São Paulo e surgiu do fato de ter cerca de 2% dos pacientes atendidos pelo serviço de tele eletrocardiografia terem Chagas. “O estudo já formou muita gente, já publicou dezenas de artigos e trouxe contribuições à história natural da doença de Chagas. Reconhecer esse paciente é uma maneira de trazê-lo para o sistema de saúde e eventualmente oferecer a ele novos tratamentos”, concluiu Antonio Luiz.
Pesquisa inédita busca novos diagnósticos e tratamentos
O Hospital Universitário da Universidade Federal do Amapá (HU-Unifap/Ebserh), tem realizado pesquisas da doença de Chagas, com ênfase em três áreas. A primeira é o Desenvolvimento de Novos Tratamentos, com foco na fase aguda da doença e no uso do Benzonidazol, contribuindo para a criação de medicamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais, adaptados às necessidades da população amazônica.
A segunda ênfase dos estudos é no Aprimoramento de Métodos Diagnósticos, como a utilização de testes parasitológicos, sorológicos e marcadores bioquímicos para monitorar pacientes, com destaque para a microscopia de gota espessa, que permite identificar a doença em estágios iniciais e possibilita intervenções mais rápidas. Já a terceira é na Educação e Conscientização: Capacitação de equipes de saúde locais e realização de campanhas educativas para aumentar o conhecimento sobre os sintomas, formas de transmissão e medidas de prevenção da doença de Chagas, especialmente em comunidades ribeirinhas e quilombolas.
O estudo identifica o perfil dos pacientes na região, o que contribui para o mapeamento mais preciso da doença e melhora a vigilância em saúde no estado. A capacitação de profissionais de saúde locais amplia a capacidade de detecção precoce da doença, especialmente na fase aguda, aumentando as chances de cura.
Destacam-se as parcerias com o próprio Centro de Pesquisa Clínica (CPC) do Hospital e com a Novartis, uma empresa farmacêutica global. Essas colaborações visam avançar na pesquisa de novos diagnósticos e tratamentos para a doença, considerando as especificidades da Amazônia.
Segundo Luana Soares, o projeto contribui para a formação de recursos humanos em pesquisa clínica, saúde pública e medicina tropical, fortalecendo o sistema local de saúde e criando capacidade instalada na região. “Ao firmar parcerias com instituições, o HU-Unifap insere o Amapá em uma rede de colaboração nacional e internacional, elevando o nível da produção científica”, frisou.
Além disso, o hospital tem realizado ações educativas e de conscientização em comunidades ribeirinhas e quilombolas, promovendo exames e coletando dados epidemiológicos essenciais. “Essas iniciativas reforçam o compromisso do hospital em estreitar os laços com a comunidade e aprimorar o conhecimento sobre a doença de Chagas”, complementou Soares.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Neurizete Duarte, com colaboração de George Miranda e edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh