Relatos e Historias
Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência
Da residência à profissão: a trajetória de Lorraine e a importância da inclusão
Lorraine Faria de Sousa concluiu a residência em nutrição, iniciou o mestrado e, em 2023, foi convocada para trabalhar no HC-UFU. Imagem: Milton Santos.
O Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro, é uma data dedicada à reflexão sobre os direitos e os desafios enfrentados por milhões de brasileiros. A iniciativa busca sensibilizar a sociedade quanto à importância da inclusão em todos os espaços, da escola ao trabalho e reforça a necessidade de construir ambientes acessíveis, respeitosos e igualitários.
A inclusão é essencial para que a sociedade se desenvolva de forma justa e equilibrada. Cada vez mais se reconhece que a presença de pessoas com deficiência em diferentes contextos traz benefícios coletivos, ao estimular a aprendizagem mútua e ampliar o entendimento sobre as diferenças.
A história de Lorraine de Sousa: de residente a paciente e, depois, profissional
Lorraine Faria Crozara de Sousa, nutricionista do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), é exemplo de superação e resiliência.
Em outubro de 2020, enquanto atuava como residente em Nutrição, recebeu o diagnóstico de neuromielite óptica, uma doença rara que afeta a medula espinhal e os nervos ópticos. A condição fez com que perdesse a capacidade de andar.
“Foi muito difícil no início, pois não sabia o que o futuro me reservava. Mas, com o tempo, aprendi a adaptar a minha vida”, relembra.
Após iniciar o tratamento e se dedicar à fisioterapia, Lorraine conseguiu retomar atividades do dia a dia, como tomar banho e cuidar da casa de forma independente. Concluiu a residência, iniciou o mestrado e, em 2023, foi convocada para trabalhar novamente no hospital onde havia atuado antes de se tornar paciente.
“Minha maior dificuldade foi aceitar que agora sou uma mulher com deficiência adquirida. Mas, ao compreender essa realidade, percebi que poderia continuar alcançando meus objetivos”, afirma.
Ela também recorda com carinho a acolhida dos colegas: “Sou muito feliz no setor em que trabalho. O HC é meu primeiro emprego depois que fiquei na cadeira de rodas. Foi onde caminhei antes do diagnóstico, onde fui paciente em um momento difícil e, agora, onde exerço minha profissão.”
Para Lorraine, a verdadeira inclusão vai além da acessibilidade física: “Aqui, meu setor garantiu não apenas rampas de acesso, mas o apoio necessário para que eu realizasse meu trabalho plenamente. O suporte da equipe foi essencial para a minha adaptação.”
Inclusão nos ambientes escolar e profissional
O processo de inclusão no ambiente escolar é fundamental para que estudantes com deficiência tenham igualdade de oportunidades. A convivência promove respeito à diversidade e amplia a compreensão das diferenças.
Nos espaços de trabalho, a inclusão deve estar aliada ao acesso a oportunidades e condições adequadas. A adaptação de ambientes, a oferta de tecnologias assistivas e a promoção de políticas igualitárias são medidas que garantem que profissionais com deficiência possam exercer suas funções de maneira plena.
O caminho para a inclusão
O Brasil avançou na criação de políticas públicas e marcos legais, como a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015). No entanto, ainda há desafios a enfrentar, desde barreiras estruturais até o preconceito velado em diversos contextos.
Lorraine reforça: “Inclusão não é favor, é responsabilidade social. É dever coletivo garantir acessibilidade, equidade e oportunidades. Que cada olhar para a pessoa com deficiência seja carregado de humanidade e reconhecimento, porque diversidade é força e convivência é aprendizado."
Sobre a Ebserh
O HC-UFU integra a Rede Ebserh desde maio de 2018. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais. Sua missão é apoiar e fortalecer essas unidades por meio de uma gestão de excelência, que alia assistência pelo Sistema Único de Saúde (SUS) à formação de profissionais, pesquisa e inovação.
Redação: Maria Carolina Frigo Maschio
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh