Relatos e Historias
HUMANIZAÇÃO
Carimbo da placenta transforma momento do parto em arte e memória afetiva para as mães atendidas no Hospital da Ebserh em Santa Cruz (RN)
Santa Cruz (RN) - O Hospital Universitário Ana Bezerra (Huab-UFRN), vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte e integrante da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), tem passado por importantes transformações nos últimos anos, guiado pelo princípio da humanização no pré-parto, parto e puerpério. Essas mudanças envolvem o uso de dispositivos e práticas que transformam o nascimento em um ato de cuidado e amor.
Entre os recursos implementados, destaca-se o carimbo da placenta, uma forma simbólica e humanizada de celebrar o nascimento, como afirma o técnico de enfermagem, Kleiton Valentim. “O parto é uma experiência única, em que a mulher é protagonista desse momento. Quando realizamos esse trabalho, mostramos que o parto não é apenas um procedimento técnico, mas um evento humano e emocional.”
Ele complementa que a placenta é muito mais do que um órgão, é o elo que sustentou a vida do bebê durante toda gestação. “Transformar essa conexão em carimbo artístico é uma forma de eternizar esse momento tão especial. Essa lembrança é oferecida como um presente cheio de significado, feito com respeito e afeto, para que cada mãe possa guardar, não apenas na memória, mas também nas mãos, um pedacinho da sua história”, afirmou.
A estudante Ilana Rochelly, de 20 anos, mãe da pequena Hana Melina, nascida em março deste ano, é uma das mulheres que tiveram esse momento eternizado. Em um depoimento escrito como forma de agradecimento. “O carimbo da placenta para muitas mães, se tornou um gesto lindo, que carrega não só beleza, mas uma jornada de amor e cuidado entre mãe e bebê. Essa arte possui um significado profundo, deixando para sempre marcado o momento mais importante da minha vida. Ver aquela linda obra me emocionou, pois enxerguei toda a minha trajetória desenhada naquela ‘árvore da vida’. É a lembrança mais linda que tenho da maternidade”, destacou.
Outras estratégias para a humanização do parto
Maternidades como a do Huab têm ampliado o uso de dispositivos que promovem bem-estar e acolhimento durante o trabalho de parto. A penumbra nas salas de parto contribui para um ambiente mais tranquilo e respeitoso, favorecendo a produção de ocitocina e reduzindo o estresse da gestante. A musicoterapia também tem sido aplicada como ferramenta para relaxamento e conexão emocional.
O ambiente é enriquecido com elementos afetivos, como varais com frases motivacionais, que encorajam e acolhem as mulheres em um dos momentos mais transformadores de suas vidas. Além disso, métodos não farmacológicos de alívio da dor, como o uso de chuveiro morno, banheira, bola suíça, banqueta de parto e espaldar, permitem posições mais confortáveis e contribuem para o avanço natural do parto, respeitando o ritmo do corpo.
“Essas práticas reforçam que a humanização do pré-parto, parto e puerpério vai além da estética: trata-se de um cuidado ético, centrado na dignidade, no respeito e na experiência da mulher como protagonista do nascimento”, destacou a chefe da Unidade de Saúde da Mulher do Huab, Fladjany Silva.
Cuidado baseado no respeito à mulher
A enfermeira obstetra Francisca Soares pontuou que a assistência ao parto passou, ao longo dos anos, por um processo de medicalização e intervenções excessivas. Em resposta a isso surgiu o movimento pela humanização do parto que propôs um cuidado baseado no respeito à autonomia da mulher, na redução de intervenções desnecessárias e na adoção de práticas baseadas em evidências científicas.
“As boas práticas no Huab se baseiam nos princípios da Política Nacional de Humanização, da Lei 15.126 de 2025, que estabelece a atenção humanizada como princípio no âmbito do SUS e demais leis que regulamentam os processos de humanização. Esses dispositivos estimulam a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários a fim de transformar as práticas de saúde, promovendo ações que garantam e respeitem a dignidade e a participação de pacientes e familiares no processo de cuidado”, afirmou Francisca.
O hospital realiza em média 203 partos por mês. As boas práticas na assistência a esse atendimento têm impactos positivos no bem-estar físico e emocional de mulheres, recém-nascidos e suas famílias. “Dentre os resultados podemos destacar a redução de ansiedade e medo, fortalecimento da autonomia e protagonismo da mulher, satisfação com o parto, melhora nos desfechos clínicos, fortalecimento do vínculo mãe-bebê-família, melhora na relação profissional-paciente e outros”, finalizou.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Danielle Morais
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh