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INPP participa de workshop sobre a implementação do Inventário Florestal Nacional no Pantanal (IFN)
Foto: Ascom/SFB
O Serviço Florestal Brasileiro (SFB) promoveu, entre os dias 17 e 20 de fevereiro, o ‘Workshop IFN Pantanal’, na Base de Estudos do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Corumbá (MS). O evento reuniu especialistas e representantes de órgãos ambientais para apresentar o Inventário Florestal Nacional (IFN), e preparar o início do inventariado no bioma. Para representar o Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), esteve presente no evento a Profa. Dra. Catia Nunes da Cunha, pesquisadora associada da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e membro do Conselho Técnico-Científico do INPP. A programação incluiu atividades práticas sobre coleta de dados em campo, destacando a importância da colaboração entre pesquisadores, comunidades locais e uso de tecnologias inovadoras.
O IFN, coordenado pelo SFB, é o principal levantamento de dados florestais do Governo Federal, cobrindo 21 Unidades Federativas (60% do território nacional) até dezembro de 2024. O estudo, que será realizado periodicamente, analisa estrutura, composição, saúde das florestas, biomassa, estoques de madeira e carbono, permitindo monitorar mudanças ao longo do tempo.
Um dos pilares para o avanço das pesquisas foi a colaboração entre os pesquisadores. Para a pesquisadora, o intercâmbio de informações e a aproximação entre diferentes atores permitem uma compreensão mais profunda das necessidades locais, favorecendo soluções colaborativas. "O estreitamento de laços e a troca de conhecimento técnico e científico contribuem para uma implementação mais eficaz e participativa dos projetos no Pantanal", explicou.
A coleta de dados no bioma pode enfrentar desafios específicos devido à dinâmica sazonal. "Durante a cheia, o acesso a diversas regiões é limitado, exigindo embarcações e equipamentos adequados. Já na seca, a imprevisibilidade climática e o risco de incêndios podem alterar tanto o cronograma quanto as estratégias de coleta", ressaltou a professora. Para superar esses obstáculos, é essencial um planejamento logístico detalhado, considerando a variação dos níveis de água e os eventos extremos, como queimadas.
Levando em conta que um dos levantamentos do IFN é realizado com moradores locais, a pesquisadora destacou a participação da população como um elemento essencial. Além disso, ressaltou que os moradores possuem um conhecimento único sobre as dinâmicas ambientais, sociais e culturais da região. Sua inclusão no processo não apenas enriquece a pesquisa, garantindo decisões mais contextualizadas para a conservação e o manejo, mas também traz benefícios diretos à comunidade, como a implementação de políticas públicas e projetos de desenvolvimento sustentável adaptados às suas necessidades.
Uma das ferramentas fundamentais para compreender a saúde do ecossistema é a análise de amostras vegetais e de solos. "Esses dados fornecem informações sobre a composição de espécies, a saúde da vegetação e as características físico-químicas do ambiente, ajudando a identificar desequilíbrios e subsidiar estratégias de conservação", explicou a professora.
A tecnologia também ganhou destaque como um fator crucial para a eficiência do IFN no Pantanal. A pesquisadora mencionou o uso de tablets, drones, sensores e imagens de satélite como instrumentos de coleta e análise de dados mais ágeis e precisos, permitindo monitoramento quase em tempo real. Durante o evento, foi detalhada a metodologia da Grade Nacional de Pontos Amostrais (GNPA, adotada pelo SFB). Essa abordagem utiliza uma grade com pontos a cada 20 km (ou 5 km em áreas específicas), onde são coletados dados biofísicos e socioambientais. "Essas informações ajudam a orientar ações de conservação e manejo sustentáveis", acrescentou.
Quanto ao acesso às propriedades rurais, explicou que a logística está sendo planejada. Isso inclui contatos prévios com autoridades, sindicatos e proprietários, além da designação de um responsável para coordenar essa etapa inicial. Essa pessoa será responsável por organizar o agendamento das visitas e garantir todas as autorizações necessárias, facilitando a realização dos levantamentos em campo.
O workshop reforçou a importância de uma abordagem colaborativa e tecnológica para o sucesso do IFN no Pantanal, visando a conservação e o uso sustentável do bioma. A integração de pesquisadores, moradores locais e o uso de ferramentas inovadoras foram apontados como elementos-chave para o sucesso das ações no território.
A pesquisadora finalizou ressaltando que os aspectos essenciais do encontro foram o diálogo aberto sobre os desafios, a troca de experiências práticas e o fortalecimento das parcerias existentes.
Sobre Dra. Catia Nunes da Cunha
Ecóloga pela UFSCar, com pós-doutorado no Max-Planck Institut (Alemanha), Dra. Catia é pesquisadora aposentada da UFMT e do INCT-Áreas Úmidas (INAU), além de conselheira técnico-científica do INPP. Sua atuação é focada no estudo do Pantanal, contribuindo para a conservação e o manejo sustentável do bioma.

