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Dia 22 de setembro - Dia da Defesa da Fauna: Pesquisa alerta para impacto de atropelamentos na fauna pantaneira
Card de divulgação - Dia da Defesa da Fauna
No Dia da Defesa da Fauna, celebrado em 22 de setembro, o Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP) entrevistou a pesquisadora Dra. Tainá Dorado Rodrigues, que investiga os atropelamentos de vertebrados em rodovias que cortam o Pantanal. Ela ressalta que o problema é hoje “uma das principais causas de mortalidade da nossa fauna, que afeta desde pequenos anfíbios e répteis até grandes mamíferos ameaçados de extinção”.
Segundo Tainá, estudar os atropelamentos é fundamental para compreender os impactos sobre as populações e indicar soluções. “Essas pesquisas permitem identificar áreas críticas e propor medidas para diminuir a mortalidade nas estradas”. Para ela, o tema se conecta diretamente com o propósito do Dia da Defesa da Fauna, “uma data de conscientização para reduzir pressões humanas sobre os animais”.
Entre os grupos mais atingidos estão os mamíferos, mas a lista de vítimas é ampla. A pesquisadora cita o Rhinella diptycha (sapo-cururu), o Caiman yacare (jacaré-do-Pantanal) e os mamíferos Cerdocyon thous (lobete), Tamandua tetradactyla (tamanduá-mirim) e Hydrochoerus hydrochaeris (capivara), como alguns dos mais frequentemente atropelados. Além disso, chama atenção para o fato de que 15 espécies registradas neste estudo, constam em listas de ameaça da IUCN (International Union for Conservation of Nature) e do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), incluindo aves como a ema (Rhea americana) e o jacu-de-barriga-castanha (Penelope ochrogaster), répteis como o cágado-do-Pantanal (Acanthochelys macrocephala), e mamíferos como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), a lontra (Lontra longicaudis) e a anta (Tapirus terrestris).
Os impactos, explica a pesquisadora, vão além da perda de indivíduos: “A perda da biodiversidade pode levar à desestabilização do ecossistema, comprometendo diversos serviços ecossistêmicos prestados pela fauna”. Esses serviços incluem desde o controle de pragas, realizado por animais insetívoros, a manutenção da vegetação por herbívoros e dispersores de sementes, até o equilíbrio das cadeias alimentares pelos predadores.
O problema também afeta a sociedade, sobretudo pela insegurança nas estradas. “Animais de médio e grande porte, como capivaras, jacarés, tamanduás e antas, podem causar colisões graves, colocando em risco a vida de motoristas e passageiros”. Além do perigo, esses acidentes geram custos com hospitalizações, manutenção viária e consertos de veículos. Ela acrescenta que a recorrência de acidentes também alimenta conflitos entre a população e a fauna, quando a questão central está na ausência de planejamento adequado das rodovias em áreas de alta biodiversidade.
Para reduzir os riscos, a pesquisadora defende medidas de mitigação urgentes: “É necessária a implementação de sinalização e redutores de velocidade adequados, passagens de fauna e cercas nas áreas mais críticas, além de campanhas de educação ambiental para alertar os motoristas”.
Ao refletir sobre a data, Tainá destaca que o Pantanal, reconhecido como um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade do planeta, exige maior atenção diante das pressões que sofre. “No Dia da Defesa da Fauna, temos o intuito de sensibilizar a sociedade e lembrar da responsabilidade coletiva de proteger os animais, a diversidade e o equilíbrio ecológico”. “Defender a fauna é também repensar a forma como nos deslocamos e como nossas estradas interferem no caminho dos animais”, conclui a pesquisadora.