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Dia da Proteção Radiológica: conheça mais sobre esse importante campo do setor nuclear
Dr. Dan Beninson, considerado o pai da proteção radiológica na América Latina.
Muitos podem não saber, mas a data 15 de abril foi escolhida para ser o Dia da Proteção Radiológica no Brasil e na América Latina. Isso porque foi nessa data, no ano de 1996, que o cientista e físico argentino Dr. Dan Beninson recebeu o Prêmio Sievert no 9° Congresso Internacional da Associação Internacional de Proteção contra Radiação (IRPA), em Viena, Áustria, tornando-se o primeiro latino-americano a conquistar a maior premiação da área de radioproteção.
Beninson foi um pioneiro no campo da proteção radiológica tanto dentro quanto fora do seu país de origem, dando orientações às instituições nucleares por onde passou a aproveitarem o potencial da radiação ionizante, de forma pacífica, sem causarem danos às pessoas ou ao meio ambiente, e que perduram até à atualidade.
O físico fundou e foi o primeiro presidente da Sociedade Argentina de Proteção Radiológica (SAR). Foi membro fundador da IRPA, integrando-se também ao grupo que formou o primeiro Conselho Executivo. Ainda atuou como presidente, secretário científico e representante argentino do Comitê Científico para o Estudo dos Efeitos da Radiação Atômica (UNSCEAR), membro do grupo de peritos que elaborou, em 1960, as Normas Básicas de Segurança para Proteção Radiológica da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e presidiu, em diferentes momentos, a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (CIPR).
Por fim, Beninson ainda foi o mentor de várias gerações de jovens cientistas, técnicos e profissionais em diversas disciplinas da área nuclear. O cientista argentino morreu em 21 de agosto de 2003.
Mas, afinal, o que é proteção radiológica?
A área amplamente difundida por Dan Beninson é composta por um conjunto de medidas e normas que visam proteger os indivíduos dos efeitos adversos gerados pela exposição à radiação, que está presente no setor nuclear, na indústria e na medicina, utilizando medidas técnicas e administrativas que reduzem a níveis baixíssimos de exposição.
O servidor do Instituto de Engenharia Nuclear João Régis dos Santos, que é chefe da Divisão de Segurança e Proteção Radiológica (DISPR/IEN), orienta quais medidas devem ser tomadas por qualquer pessoa ao encontrar um possível material radioativo:
“A primeira coisa a se fazer é não tocar no material, afastando-se, se possível isolar o local e comunicar o fato a alguma autoridade (Corpo de Bombeiros, SAER/CNEN). Possuindo no local um Serviço de Proteção Radiológica, a comunicação deve ser dirigida ao responsável. No IEN/CNEN, fatos como estes devem ser comunicados à DISPR/IEN. Cabe destacar que dadas às características das radiações ionizantes, a sua identificação somente pode ser constatada com a utilização de monitores de radiação, aplicados para situações específicas, razão que justifica a necessidade desse recurso e de profissionais habilitados para a sua utilização e para a interpretação dos resultados aferidos”.
Régis explica ainda que a DISPR/IEN, em obediência à Política de Segurança, Saúde, Qualidade e Meio Ambiente, aprovada pela Portaria IEN nº 013/2003, atua buscando o atendimento dos requisitos prescritos nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e nos princípios recomendados pelas organizações internacionais, para melhorar continuamente suas práticas ligadas à proteção física e radiológica.
Os profissionais que atuam nesse campo no IEN/CNEN, segundo o servidor, são estimulados pela divisão a se atualizarem sobre os três principais seguimentos da proteção radiológica, a fim de mitigarem esses eventos caso venham a ocorrer no instituto:
- Radioproteção ocupacional;
- Radioproteção ambiental;
- Capacitação em resposta a incidentes e acidentes envolvendo fontes radioativas.
A área da proteção radiológica vem se aperfeiçoando com o passar das décadas. Isso desde os experimentos do físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen que levaram à descoberta do raio-x em 1896, passando pelos estudos do casal de cientistas Marie e Pierre Currie que, ao descobrirem a existência de três elementos químicos que produziam os mesmos efeitos, apresentaram à ciência moderna o termo radioatividade, até se chegar à popularização do conceito de Proteção Radiológica no início do século XX, a partir de recomendações sobre os procedimentos a serem seguidos pelos profissionais que trabalhavam expostos às radiações ionizantes.
Várias instituições internacionais foram criadas para difundir e fortalecer as políticas de Proteção Radiológica no campo científico. No Brasil, atuam nesse campo a própria CNEN, criada em 1956, a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), de 1961, a Sociedade Brasileira de Proteção Radiológica (SBPR), de 1986, e a Sociedade Brasileira de Biociências Nucleares (SBBN), criada em 1996.
“Segurança radiológica envolve todos os atores relacionados: o responsável pela instalação, o supervisor de proteção radiológica, as chefias e, naturalmente, os mais interessados: os trabalhadores. A sinergia entre eles em prol da segurança radiológica garante a melhoria desta proteção na organização com um todo”, finaliza João Régis dos Santos.
Escrita por: José Lucas Brito (Setcos/ IEN)