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DEZEMBRO LARANJA
Câncer de pele: prevenção deve ser iniciada na infância, evitando-se a exposição direta ao sol entre 10h e 16h
O mês de dezembro marca o início do verão no hemisfério sul, quando há uma maior incidência dos raios solares nessa parte do planeta. Esse também é um período em que muitas pessoas costumam frequentar praias e locais de veraneio, e, consequentemente, ficam mais expostas à radiação ultravioleta (UV), que representa um fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pele. Acompanhe as orientações de especialistas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que gerencia 45 hospitais universitários federais no país.
Segundo o Ministério da Saúde (MS), a doença representa cerca de 33% de todos os casos de câncer no Brasil. São mais de 185 mil novos diagnósticos por ano, conforme o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Esse número evidencia a magnitude do problema e seu impacto na saúde pública.
No Brasil, os tipos mais frequentes são os não melanomas: carcinoma basocelular (CBC) e carcinoma espinocelular (CEC). O melanoma, menos prevalente, é o tipo mais agressivo e responsável pelo maior número de óbitos, sendo mais frequente em adultos brancos. Apesar disso, quando identificado precocemente, suas chances de cura ultrapassam 90%. Os principais sintomas do câncer de pele são: manchas que coçam, descamam ou que sangram; sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor; feridas que não cicatrizam em até quatro semanas.
Conscientização
Para o dermatologista Leonardo Simas Abi Saab, do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), a população subestima a dose acumulada de exposição solar diária. Ele afirma que as pessoas não associam bronzeado a dano celular na pele e acreditam que apenas quem frequenta praia ou piscina está em risco. “Precisamos transformar a fotoproteção em hábito, tão natural quanto escovar os dentes”, diz.
Campanhas com linguagem clara e histórias reais, aliadas ao exemplo dos profissionais de saúde, incentivam o autocuidado, ajudam a romper barreiras culturais e comportamentais e fazem a população compreender que o diagnóstico precoce salva a pele, preserva a função e evita cirurgias extensas. “Quanto mais cedo essa consciência for construída, menor será o impacto dessas doenças”, afirma Leonardo Saab.
Prevenção e diagnóstico
De acordo com a dermatologista Rossana Veiga, chefe do Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA), a prevenção ao câncer de pele deve ser iniciada desde a infância, evitando-se a exposição direta ao sol entre 10h e 16h.
Martha Tenório, dermatologista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), enfatiza que os efeitos dos raios UV na pele são cumulativos ao longo da vida. Por isso, a prevenção também precisa integrar à rotina o uso diário de protetor solar (com FPS 30 ou mais), ter preferência por ambientes com sombra, além do uso de óculos escuros com proteção UV.
Para facilitar a identificação de lesões potencialmente suspeitas, o dermatologista utiliza a regra do ABCDE (Assimetria, Borda, Cor, Diâmetro e Evolução), um método simples e amplamente difundido para avaliar sinais na pele que servem de alerta.
Fatores de risco
As pessoas com maior risco de desenvolver câncer de pele não melanoma são: as de pele clara, olhos claros, albinos ou sensíveis à ação dos raios solares; pessoas com história pessoal ou familiar deste câncer; com doenças cutâneas prévias; que trabalham sob exposição direta, prolongada ou repetida ao sol; e exposição a câmeras de bronzeamento artificial.
Dermatologista do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), Mabel Duarte alerta que as visitas ao especialista devem ocorrer a cada seis meses, porém, caso surjam lesões ou feridas persistentes, essa ida deve ser imediata.
Tratamento
A escolha do tratamento depende do tipo de câncer de pele, sua profundidade, localização e características do paciente. “Não existe um único método universal, existe o melhor tratamento para cada caso”, explica Leonardo Saab (HU-UFSC). Dentre as técnicas apontadas por ele, está a cirurgia micrográfica de Mohs, padrão ouro para tumores complexos ou localizados em áreas de maior impacto estético e funcional, como face, nariz e olhos.
Outras técnicas são: excisão cirúrgica convencional (remoção); terapias tópicas, indicadas para lesões superficiais e pré-cancerosas; crioterapia e fototerapia (terapia fotodinâmica), opções menos invasivas, eficazes em estágios iniciais; imunoterapia e terapias-alvo, que, de acordo com Leonardo Saab, são avanços importantes, sobretudo para o melanoma metastático e tumores agressivos, oferecendo sobrevida ao paciente. “Tumores identificados no seu início têm altíssimas taxas de cura, frequentemente, com tratamentos simples e pouco invasivos”, evidencia o médico.
Cuidados no verão
Durante a estação mais quente, buscar sombra, utilizar guarda-sóis ou tendas com proteção UV, usar camisetas de manga longa, óculos escuros com proteção UV, chapéus de aba larga e protetor solar todos os dias são medidas de proteção.
A dermatologista Martha Tenório esclarece que a reaplicação do protetor precisa ser feita a cada duas horas e sempre após entrar no mar, suar ou se enxugar. Também devem ser protegidos lábios, orelhas, nuca e dorso dos pés. Para a dermatologista Rossana Veiga (CHU-UFPA), o importante é a pessoa se divertir sem ficar com a pele rosada ou vermelha. Crianças e adolescentes merecem atenção especial, pois a exposição excessiva ao sol entre a infância e a juventude aumenta o risco de câncer de pele na vida adulta.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Rosenato Barreto, com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh