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SIMULAÇÃO REALÍSTICA
LahCliM ultrapassa 4 mil participantes em 2025 e fortalece a formação segura e humanizada em saúde
Rio Grande (RS) – O ano de 2025 marca um momento simbólico para o Laboratório de Habilidades Clínicas e Multiprofissional (LahCliM) do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Mais de quatro mil estudantes, residentes e profissionais passaram pelo espaço para participar de atividades de simulação realística e capacitações que impactam diretamente a qualidade do cuidado prestado no Sistema Único de Saúde (SUS).
As simulações reproduzem cenários clínicos reais e permitem que equipes multiprofissionais testem condutas, treinem procedimentos e discutam decisões sem riscos ao paciente. A metodologia integra teoria, prática e reflexão, trazendo para o HU-Furg um ambiente seguro para o aprendizado contínuo.
Aprender fazendo
Inaugurado há cinco anos, o LahCliM foi idealizado para qualificar práticas clínicas, aprimorar a comunicação entre equipes e fortalecer a segurança do paciente. O espaço disponibiliza recursos tecnológicos, manequins e ambientes simulados que aproximam profissionais da realidade hospitalar. As atividades são organizadas em ciclos de vivência no cenário, com feedback, análise das decisões e retomada do processo com mais confiança.
O chefe da Unidade de E-Saúde e responsável pelo LahCliM, Heitor Biondi, destacou: “Esse número representa a consolidação da simulação clínica como estratégia de formação em saúde. A segurança do paciente deixou de ser um tema complementar e passou a ser o eixo do ensinar e do aprender”. Também ressaltou que a confiança no Laboratório vem de toda a comunidade acadêmica e assistencial: “Esse recorde mostra a confiança nos cursos ofertados, nos profissionais que atuam no espaço e no HU como polo formador, oferecendo o que há de mais atualizado no ensino em saúde e na educação permanente. As pessoas sabem que, ao entrar aqui, estão participando de algo que impacta diretamente a qualidade do cuidado que prestamos no SUS”.
O gestor destacou também que os cenários criados no Laboratório reproduzem a dinâmica da assistência no SUS, com tomada de decisão rápida, trabalho em equipe e o exercício da comunicação clara durante procedimentos. De modo geral, as atividades foram realizadas, integrando Enfermagem, Medicina, Fisioterapia e outras áreas. Para Heitor, “Quando os profissionais treinam juntos, entendem melhor o trabalho do outro e conseguem tomar decisões mais seguras. Isso se reflete lá na ponta, no atendimento ao paciente”.
Além disso, Heitor reforçou que o LahCliM se desenvolveu como um ambiente de segurança emocional: “A simulação dá chance de errar sem colocar ninguém em risco. Refletir sobre o erro e ajustar condutas é o que transforma profundamente quem aprende”. E relatou que cada pessoa encontra espaço para praticar, perguntar e experimentar sem medo: “O erro não é motivo de julgamento. É um convite para melhorar o processo, a comunicação e a tomada de decisão. Vemos os participantes ganhando autonomia, confiança e senso de equipe a cada vivência. Isso torna o Laboratório um lugar seguro para treinar e se desenvolver.”
Heitor acrescentou que o impacto da simulação não se limita ao período de treinamento: “É emocionante ver participantes voltarem meses depois e contarem como os conhecimentos adquiridos aqui fizeram diferença na assistência, especialmente no cuidado a pacientes graves. Saber que o nosso trabalho chega à vida de quem precisa do SUS, por meio das mãos de quem cuida, traz muito sentido ao que fazemos”.
Fortalecendo a cultura de segurança
No LahCliM, cada cenário é pensado para colocar o paciente no centro do cuidado. Para os profissionais do HU-Furg, isso se reflete na prática assistencial. A enfermeira do Centro Obstétrico, Maria Luiza Soares de Amorim, relatou: “Nas capacitações, trabalhamos juntos. Enfermeiras, técnicas, médicos e estudantes. Isso ajuda a alinhar a equipe, e quem ganha é o paciente, porque a assistência fica baseada em evidência”.
Ela apontou que “As capacitações trazem atualizações na prática assistencial ou alguma inovação no serviço. O LahCliM alinha prática e teoria. Leva a nossa realidade para o Laboratório e isso facilita muito o aprendizado”. Maria também lembrou a mobilização que ocorreu após um treinamento de reanimação neonatal: “Menos de uma semana depois, nossa equipe passou por uma situação real e cada pessoa sabia o seu papel. O bebê ficou bem. Dá a sensação de que fizemos a diferença”.
A profissional também ressaltou a proximidade do Laboratório com as necessidades reais: “Sempre que temos alguma dificuldade prática, o Laboratório organiza encontros para treinar a equipe. Hoje, não vejo mais nossa assistência sem o LahCliM”.
Simulação também na graduação
O acadêmico do segundo ano de Medicina, Artur Pletsch Todeschini, participou de treinamentos de emergência, reanimação e segurança no LahCliM. Para ele, a simulação diminui a distância entre teoria e prática: “A transição pode gerar insegurança. No Laboratório, essa distância diminui. Sinto que o tempo investido nos treinamentos vale muito”.
Ele pontuou que a simulação aumenta a clareza sobre o que acontece nos cenários assistenciais, ainda mais para quem está nos primeiros semestres do curso: “Quando estamos só na teoria, imaginamos como seriam os procedimentos. Após treinar, entendemos melhor a complexidade das ações e passamos a respeitar mais a atuação de toda a equipe. Percebemos que cada detalhe importa e que ninguém faz nada sozinho”.
Segundo Artur, a experiência também amplia sua noção de cuidado centrado no paciente: “Quando participamos de uma simulação, começamos a pensar no paciente como alguém real, que está ali sentindo, dependendo das nossas decisões. Isso ajuda a proporcionar uma melhor experiência para o paciente quando estivermos, de fato, na prática assistencial”.
Ele também destaca o apoio do Laboratório a projetos de extensão da Universidade, como as Ligas Acadêmicas, o Kids Save Lives e o De Bem com a Vida, com empréstimo de equipamentos e uso do espaço. “A simulação não fica só no Hospital. Vai para as escolas, para a sociedade, e isso mostra que o conhecimento que construímos aqui tem alcance real”.
Futuro em expansão
Desde sua criação, o LahCliM passou por melhorias estruturais, metodológicas e pedagógicas. Segundo Heitor, o Laboratório evoluiu de uma proposta inovadora em um espaço reduzido para um ambiente consolidado e integrado às demandas da Universidade, do HU-Furg e da cidade. “Ampliamos a oferta de cenários, qualificamos a equipe e fortalecemos processos pedagógicos. Hoje, trabalhamos com simulação de alta complexidade, alinhada às melhores práticas internacionais”.
Com as obras de expansão do HU-Furg, a expectativa é ampliar o Laboratório e integrar ainda mais áreas da saúde. Como detalhou Heitor: “Queremos incorporar novas tecnologias, ampliar métricas de impacto e integrar ainda mais os cursos e os serviços de saúde”. Além disso, o LahCliM já participa de pesquisas financiadas com recursos do CNPq e desenvolve projetos de formação de instrutores em simulação.
Sobre a Ebserh
O HU-Furg faz parte da Rede Ebserh desde julho de 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh