Pesquisa realizada no Huap-UFF investiga as consequências da covid-19 em pacientes renais

A covid-19 deixou como legado, além das mais de 700 mil mortes no Brasil, diversas sequelas em quem sobreviveu à doença. Essas condições são alvo de diversos estudos, um deles coordenado pelo professor Jocemir Ronaldo Lugon, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e realizado no âmbito do Hospital Universitário Antônio Pedro (Huap-UFF), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O quadro “De olho na pesquisa” de novembro fala um pouco sobre o assunto.

Jocemir Lugon é professor da nefrologia da UFF desde agosto de 1979 e possui uma longa trajetória de atuação na área. Possui mestrado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), doutorado pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp) e pós-doutorado na University of Texas Health Science Center at San Antonio, Texas. “Me interessei pela especialidade no 5º ano da minha graduação em Medicina. Desde meu contato inicial com a pesquisa, no mestrado, tenho dedicado grande parte das minhas atividades à essa área de atuação”, afirma.

A partir de um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), a pesquisa sobre a síndrome pós-covid iniciou em 2022, em um estudo multidisciplinar que avaliou múltiplos órgãos de pacientes atendidos pelo Huap-UFF, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com objetivo de investigar a frequência de problemas de saúde em pessoas que sobreviveram à doença.

“Adotamos um estudo com 4 especialidades clínicas: nefrologia, cardiologia, pneumologia e neurologia. Além disso, fizemos colaborações com alguns laboratórios do próprio hospital, o Laboratório Multidisciplinar de Apoio à Pesquisa em Nefrologia (LAMAP), e do Instituto Biomédico da UFF para estudar aspectos genéticos e fisiológicos dos participantes. Encontramos que 63% dos participantes tinham covid longa”, explica o professor.

Jocemir relata que o rim foi um órgão pouco afetado pela síndrome pós-covid, mas a presença de algum grau de doença renal previamente ao contágio com o vírus foi um importante determinante de mortalidade em pacientes hospitalizados. “Além disso, nos pacientes que sobreviveram à hospitalização, a doença renal prévia foi o maior determinante de morte nos 6 meses após a alta”, destaca.

O estudo conta com publicações e apresentações em congressos sobre aspectos genéticos, citocinas inflamatórias e alterações de vesículas extracelulares da urina, além do relato de problemas cardíacos e pulmonares, e representa um ganho para os pacientes do SUS.

“Hoje, minha área de atuação em pesquisa extrapola a área da nefrologia. Trabalho com linhas de cuidado em terapia intensiva e envelhecimento também. A pesquisa com seres humanos em qualquer área tem o potencial de aplicabilidade mais imediata, podendo contribuir para melhorar o atendimento aos usuários da unidade”, reforça o professor Jocemir.

Sobre a Ebserh

O Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF) faz parte da Rede Ebserh desde o início de 2016. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

Por Paola Caracciolo

Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh