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ATENDIMENTO
Ambulatório do Huap-UFF realiza pesquisa sobre alopecia em mulheres negras
O Ambulatório de Alopecias do Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF) realiza, desde 2021, um estudo sobre a alopecia em mulheres negras com o objetivo de aperfeiçoar o diagnóstico precoce e fornecer um tratamento adequado para essa população. Criado há uma década, a unidade atende, semanalmente, pacientes diagnosticados com alopecia, destes 80% são pessoas negras, majoritariamente mulheres.
A alopecia é uma doença caracterizada pela queda de cabelo e pelos, que pode ser classificada em dois tipos: as não cicatriciais, nas quais ainda há chance de o cabelo voltar a crescer, e as cicatriciais, em que a região afetada pela doença perde os fios de forma definitiva. Segundo a professora de Dermatologia da UFF e coordenadora do ambulatório, Maria Fernanda Gavazzoni, não existe uma causa específica para o surgimento da doença. Ela pode estar relacionada a fatores genéticos, alterações do sistema imunológico, ao uso de quimioterapia, no tratamento do câncer, ou até mesmo a outras doenças como lúpus, por exemplo, e situações de estresse.
A escassez de literatura médica sobre o couro cabeludo negro, somada ao fato de a maioria da população atendida na unidade ser preta e parda, motivou o ambulatório a se dedicar ao estudo das alopecias nessa população. “Os estudos produzidos, em sua maioria, se dedicaram a entender a estrutura do couro cabeludo de pessoas brancas. Visto que 80% dos nossos pacientes são pessoas negras, vimos a necessidade de criar pesquisas para entender em profundidade as especificidades da alopecia nessa população”, explica a coordenadora.
A pesquisa
A pesquisa de alopecia em mulheres negras procura reunir conhecimentos que possam apoiar os profissionais de saúde na interpretação integrada dos dados e favorecer diagnósticos mais precisos. Segundo Nadia El Kadi, doutoranda do programa de pós-graduação em Patologia da UFF e responsável pelo estudo, já existem exames complementares, como a tricoscopia, que ajudam na descoberta das alopecias. “Nossa proposta é colaborar no desenvolvimento de algoritmos que tornem a identificação da doença em pessoas negras mais precisa. A ideia é criar ferramentas que auxiliem a integração das informações obtidas nos exames clínicos, como a tricoscopia e histopatologia, para facilitar o diagnóstico do tipo de alopecia e a indicação do tratamento mais adequado”, explica.
A pesquisa foi dividida em dois grupos: “Um formado por pacientes negras, sem queixas e sem sinais de alopecia, e outro por pacientes com alopecias. O objetivo é compreender melhor os critérios de normalidade dessa população, identificar os tipos mais comuns de alopecias, suas principais características e buscar formas de favorecer um diagnóstico precoce”, afirma a doutoranda. “Nosso objetivo é contribuir para reduzir a marginalização de pessoas pretas e pardas, produzindo conhecimento sobre suas características específicas e compartilhando-o com o maior número possível de profissionais, para poderem oferecer um cuidado mais adequado à população negra”, finaliza.
*com informações da Superintendência de Comunicação Social da UFF