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Cresce 61% o número de atendimentos ambulatoriais em geriatria no HC-UFU/Ebserh
Imagem: Freepik
O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) conta com ambulatórios de Geriatria, especialidade da Medicina focada no cuidado da saúde de pessoas idosas. No primeiro semestre deste ano (2025), foram realizadas mais de mil consultas médicas especializadas em Geriatria no HC-UFU. O número é 61% maior do que o registrado no primeiro semestre do ano passado (2024) e reflete o novo perfil da sociedade.
Minas Gerais ocupa a terceira posição no ranking nacional de estados com maior índice de envelhecimento, ficando atrás do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Dados do Censo 2022 do IBGE apontam que a população idosa de Minas Gerais representa 17,8% dos habitantes, o que equivale a aproximadamente 3,6 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. A expectativa é que esse número continue a crescer, atingindo 24,9% da população em 2040 e chegando a 32% até o ano de 2060.
O Dia Internacional das Pessoas Idosas e Dia Nacional do Idoso é lembrado na próxima quarta-feira (01/10). Recomenda-se procurar o geriatra a partir dos 50 anos, quando começam a surgir mudanças mais significativas no organismo e ocorre o surgimento de grande parte das doenças crônicas. Confira a íntegra do bate-papo com Marcelo Mendonça, geriatra no HC-UFU:
Cada vez mais a população está se moldando em um novo perfil, com mais idosos e menos jovens. Como isso pode impactar, de maneira geral, o modo que vivemos?
O Brasil está passando por uma rápida transição demográfica culminando, de maneira geral, em um envelhecimento da população. Isso também ocorre em outros países do mundo. Percebemos que em lugares onde não era comum haver a presença de idosos, como cinemas, academias, bares, hoje tem idosos por toda parte. Estamos caminhando para nos tornarmos uma população de idosos. Em 2030, espera-se que a população de idosos no Brasil seja numericamente igual ou superior à população de crianças e adolescentes de até 14 anos.
Isso impacta várias áreas da sociedade, como, por exemplo, saúde, previdência social, lazer, mercado de trabalho, e até na forma como as cidades são planejadas. Nós, enquanto sociedade e prestadores de serviços, precisamos nos capacitar e adaptar para atender essa população cada vez mais idosa, e não o contrário. Portanto, é preciso fortalecer as políticas públicas voltadas para as pessoas idosas e as iniciativas para a pessoa idosa viver com mais dignidade e qualidade de vida.
Você acredita que a sociedade brasileira está preparada para um envelhecimento populacional tão acelerado?
Infelizmente não. O processo de envelhecimento da população brasileira está ocorrendo numa velocidade muito rápida. Diferente de países desenvolvidos, que ficaram ricos antes de envelhecer, nós estamos envelhecendo antes de sermos ricos. Isso significa que teremos uma população idosa cada vez maior, mas com menos recursos econômicos e sociais disponíveis. Além disso, somos carentes de políticas públicas voltadas à pessoa idosa, como saúde, previdência, transporte, moradia e acessibilidade.
Outra coisa que merece destaque é o preconceito contra o envelhecimento ou a pessoa idosa. Isso se chama idadismo. Se nós queremos uma sociedade que ofereça oportunidades e qualidade de vida e dignidade a pessoa idosa, precisamos, antes de qualquer coisa, combater o preconceito vinculado ao envelhecimento.
Os transtornos de memória são os mais comuns com o avanço da idade, como o Alzheimer? Ou existem outras doenças mais comuns na terceira idade?
A doença de Alzheimer é uma doença comum entre os idosos. De fato, a idade avançada é o principal de fator de risco para a demência de Alzheimer e essa doença é muito temida entre as pessoas porque ainda, infelizmente, não temos medicação para a cura. Porém, são vários os problemas de saúde que afetam os idosos. As doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial e insuficiência cardíaca, diabetes e doenças osteoarticulares são também muito comuns nessa faixa etária.
Os novos estudos apontam algum segredo em relação à melhoria da qualidade de vida na terceira idade?
As pesquisas científicas têm mostrado um avanço nos diagnósticos e mais possibilidades de tratamentos. O uso de tecnologias, além das pesquisas genéticas, tem facilitado bastante para obtermos um aumento da expectativa de vida e com mais qualidade de vida. Mas tudo isso é possível se fizermos o básico, que acaba sendo o mais importante. Para termos uma longevidade saudável precisamos ter uma alimentação equilibrada, a prática regular de atividade física, um sono de qualidade, o controle adequado de doenças crônicas e manter a mente sempre em atividade. Uma prova disso é que estudos recentes demonstraram que mantendo o estilo de vida saudável, podemos prevenir até 45% dos casos de demência.
Rede Ebserh
O HC-UFU faz parte da Rede Ebserh desde maio de 2018. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Pollyana Freitas
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh