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FORA CÁUSTICOS
HC-UFMG integra campanha de alerta sobre o risco de acidentes com crianças causados por produtos cáusticos
Belo Horizonte (MG) – O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), está integrando a campanha nacional “Fora Cáusticos”, para alertar pais e responsáveis para os perigos de acidentes por produtos cáusticos com crianças. A campanha foi lançada pela Sociedade Brasileira de Endoscopia e pela Sociedade Brasileira de Pediatria. O HC-UFMG aderiu à campanha por ser um centro de referência no tratamento de crianças acidentadas com esses produtos. O hospital recebe em média cinco novos casos por semana, por ingestão acidental de produtos cáusticos. A principal consequência dessa ingestão são lesões que causam o estreitamento do esôfago.
Segundo a médica especialista em gastroenterologia pediátrica e coordenadora do serviço de Endoscopia Pediátrica do HC, Simone Carvalho, as crianças e adolescentes atendidos no HC-UFMG, na maioria das vezes, ingerem os produtos cáusticos acidentalmente. “Os acidentes com soda cáustica ainda são muito frequentes e graves, gerando uma grande morbidade dos pacientes e lesões irreversíveis para o resto da vida”, disse a médica.
A médica aponta que a população pediátrica, principalmente na faixa etária de 0 a 4 anos, é a mais afetada. Nessas idades as crianças exploram muito os ambientes da casa, e como ainda não possuem a capacidade cognitiva de identificar riscos acabam se acidentando. Além disso, outro agravante, conforme a médica, é que os produtos cáusticos no nosso país são muito utilizados em produtos de limpeza.
De acordo com a médica, até agora em 2025, o HC-UFMG recebeu 419 pacientes acidentados com produtos cáusticos. Em 2023, foram atendidos 840 pacientes, entre 0 e 14 anos, sendo que destes, 535 tinham entre 1 e 4 anos de idade, população com maior risco.
Perigo dentro de casa
A médica evidencia como causa dos acidentes domésticos o armazenamento inadequado dos produtos de limpeza, já que, em geral, eles ficam debaixo de pias e tanques ou em armários que não são trancados. Ela também enfatiza que muitos desses produtos não possuem rótulos adequados nem lacres de segurança, além de estarem em embalagens coloridas que se assemelham muito a produtos alimentícios, e dessa forma, atraem a atenção das crianças.
Conforme a médica, os produtos cáusticos podem ser encontrados também nas baterias presentes em brinquedos e produtos eletrônicos. As baterias, principalmente em formato de disco, facilitam a ingestão pelas crianças. Para ela, nesse caso, o ideal é que o atendimento aconteça nas primeiras duas horas do ocorrido. “Assim, já tentamos retirar essas baterias por endoscopia, evitando que elas lesionem ainda mais a criança”, afirma.
Recomendações aos pais e responsáveis
A médica Simone Carvalho orienta que o ideal é não ter produtos cáusticos, mas se tiver, que eles sejam armazenados adequadamente longe do alcance de crianças, em armários trancados, e evitar colocar em recipientes alimentícios. Ela também recomenda não induzir vômitos, não oferecer bebidas ou alimentos para o acidentado e procurar imediatamente um pronto atendimento para que as consequências não sejam mais graves.
Atendimento
Na fase aguda, assim que o paciente ingere o produto cáustico, o ideal é que ele seja levado a um pronto atendimento no setor de emergência, onde o dano será avaliado. O tratamento das complicações relacionadas a esse tipo de acidente é feito no HC-UFMG. “Geralmente, esse paciente com estenose de esôfago passará por dilatações endoscópicas por quase todo resto da vida para poder se alimentar”, explicou Simone. Conforme ela, em algumas situações ainda na fase aguda, o paciente chega com lesões tão graves que se faz necessário definir a alimentação via enteral, seja por gastrostomia ou jejunostomia, permitindo a alimentação do paciente por sonda colocada no abdômen.
“No início, são atendimentos semanais para podermos dilatar o esôfago via acessórios específicos da endoscopia. O objetivo é que a criança vá gradualmente voltando a se alimentar normalmente e, mais na frente, a sonda de alimentação possa ser retirada”, concluiu a médica.
Sobre a Ebserh
O HC-UFMG faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Rosenato Barreto
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