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Dia Mundial contra o HIV/Aids expõe realidade da epidemia no país
A realidade da epidemia de HIV/Aids no país é assunto que deveria ser pauta diária o ano todo, mas o 1º de dezembro, Dia Mundial contra o HIV/Aids, vem como reforço mais do que oportuno para lembrar que essa epidemia continua, apesar de ofuscada pela pandemia da Covid-19. Com a flexibilização da quarentena em boa parte do país e o sexo cada vez mais fácil de acontecer, a expectativa é que os riscos de infecção sejam maiores agora do que nos meses iniciais da pandemia.
Para complicar ainda mais, o acesso ao diagnóstico tem sido mais difícil neste momento. E sem saber se está com o vírus, não é possível tratá-lo. No Brasil, estima-se que 135 mil brasileiros não sabem que vivem com o HIV, seja porque nunca fizeram, seja porque não têm o costume de se testar com frequência.
Para o infectologista do HC-UFMG e professor Emérito da Faculdade de Medicina da UFMG, Dirceu Greco, alguns impactos da pandemia do coronavírus podem interferir no acesso ao diagnóstico e tratamento do HIV/Aids. A maior pressão sobre os serviços de saúde, por exemplo, pode resultar em remarcação ou suspensão de consultas, e o receio de se expor à Covid-19 nessas mesmas unidades é outro fator de afastamento das pessoas. “A pandemia não veio para substituir nenhuma doença, mas para dificultar o controle das outras”, frisa o médico.
Os serviços de saúde estão estruturados, mesmo com a crise sanitária, para fazer o teste rápido para diagnóstico de HIV, sífilis e hepatite B e C em postos de saúde ou Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA). Os medicamentos para tratamento também continuam sendo distribuídos. Porém, além do receio de se expor ao novo coronavírus, a dificuldade de locomoção pode ser outro empecilho com a crise financeira e o aumento do desemprego.
Profilaxia
Reforçar a prevenção correta, neste momento, é crucial. O preservativo é o método mais conhecido, acessível, barato e eficaz para prevenir as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), mas atualmente também está disponível no SUS a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP).
Trata-se de uma associação de dois medicamentos que, quando tomados diariamente, diminuem o risco de infecção pelo HIV. “É muito importante para a segurança de pessoas que têm dificuldade de negociar relações sexuais”, avalia Greco. Vale lembrar que o medicamento não substitui o uso de camisinha, pois não previne contra a transmissão das demais ISTs, e só está disponível para maiores de 18 anos.
(Com Faculdade de Medicina da UFMG)