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RELATOS E HISTÓRIAS
Aurora Del Carmen: uma história de conquistas em prol da enfermagem
Nas comemorações dos 60 aos do HUGV-Ufam, a enfermeira Aurora Del Carmen Rosell Soria, representa a categoria da Enfermagem no HUGV e no Amazonas, pela sua trajetória de luta pela categoria profissional, com competência e entusiasmo.
Aurora nasceu em Dos de Mayo, uma província do Peru, localizada na região de Huánuco, é filha de um contador e de uma doméstica, sendo a mais velha de 5 irmãos. Com a separação dos pais aos 13 anos, ela e os irmãos mais velhos ficaram com o pai. Foi assim que Aurora iniciou sua jornada do cuidar, pois assumiu a responsabilidade de cuidar dos irmãos mais novos.
Aurora conta que com essa responsabilidade, também veio a maturidade e a vontade de sempre aprender mais. Ao terminar o segundo grau, ela pediu ao pai para estudar. "Eu era muito curiosa, eu estudava de madrugada com luz de lamparina. Vendo meus pais humildes, eu via a necessidade de ter uma profissão".
Estudo e dedicação
Aurora tem orgulho da trajetória que escolheu seguir. “Com tudo o que eu já conquistei, só posso dizer que foi Deus a me abençoar. Ao finalizar o segundo grau, com 17 anos, vim morar com minha madrasta, Maria da Conceição Farias Rosell, que era enfermeira da Fundação SESP, em Manaus. Fiz vestibular e ingressei na escola de Enfermagem de Manaus”.
A vida seguia e Aurora não pode mais cuidar dos irmãos, por conta dos estudos. Ela concorreu à bolsa (um financiamento) para a Escola de Enfermagem e, na época, era ligada ao Ministério da Saúde, com ensino rigoroso.
Fez estágio na Santa Casa de Misericórdia de Manaus, onde teve aulas de Administração em Enfermagem com a professora Josephina de Melo, que era a provedora da Santa Casa. “Uma oportunidade ímpar porque éramos líderes de equipe, não havia médico internamente. E lá tinha a primeira UTI da cidade. Minha vida era dedicada à assistência e eu estava disponível para a UTI”, recorda.
“No projeto Rondon, conheci meu marido, Robson Negreiros, com quem tive cinco filhos. Trabalhei com os idosos do Dr Thomas, passei pela Maternidade Balbina Mestrinho. Organizei o setor, realizei treinamentos e fui, por conta disso, trabalhar no setor de recursos humanos do da Secretaria de Saúde do Estado”.
Atou também como coordenadora estadual da Saúde da Mulher e da Criança, um trabalho pioneiro desenvolvido sobre parto humanizado, alojamento conjuntoe a implantação do Comitê de Mortalidade Materno-Infantil.
Uma história de amor com o HUGV
Aos 28 anos, Aurora chegou ao HUGV, já com uma bagagem de experiências, ingressando inicialmente como enfermeira chefe da Clínica Médica do hospital. “Na época era o único pronto socorro da cidade, um hospital resolutivo, de vanguarda, protagonista da saúde no estado. Eu era chefe da equipe assistencial e fui convidada para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. O HUGV foi pioneiro nesse trabalho, com o médico infectologista, professor Marcus Barros, uma tarefa que garantia a qualidade da assistência”.
Aurora conta sobre o importante trabalho desenvolvido. “Eu fazia a vigilância desse trabalho de controle de infecção hospitalar. Naquele período houve a morte do presidente Tancredo Neves, o que causou uma comoção nacional em todos os hospitais do Brasil e em Manaus não foi diferente. Treinamos vários hospitais em Manaus sobre prevenção à infecção hospitalar”.
Foi Pró-reitora de Assuntos Comunitários da Ufam (2002-2009), onde teve a oportunidade de criar o Coral do HUGV, com a equipe de Enfermagem, além deorganizar treinamentos para a assistência do HUGV, dentre eles, o de Técnico de Enfermagem em CTI.
Travessias
E com um olhar de muita experiência, Aurora fala dos momentos críticos que enfrentou na saúde do Amazonas, como a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, conhecida como Aids, e a pandemia da Covid-19, em 2020.
Ela conta que o primeiro paciente de Aids de Manaus foi atendido na Clínica Médica do HUGV: “Ninguém sabia como lidar com a doença ainda. Não sabíamos como atuar ainda e os hospitais universitários eram os mais indicados, porque dominavam os cuidados e as precauções universais, estavam a frente. Por isso, o HUGV era referência. Treinamos as equipes da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado e do Hospital Alfredo da Mata. Todo esse treinamento foi feito pelo HUGV, um momento muito importante para o Amazonas e eu estava à frente desse projeto. Essa foi uma grande oportunidade de crescimento na minha vida profissional”.
Eleita diretora da Divisão de Enfermagem em 1986, quando da vigência da Lei 7.498, que regulamentava o exercício da enfermagem. “Precisávamos nos adequar para garantir o atendimento à Lei do Exercício Profissional, nos regularizar. Logo eu coloquei todos para estudar".
Outro momento crucial que enfrentou: a pandemia da COVID-19. Aurora, chefe da Divisão de Enfermagem, viu um grande desafio profissional, devido ao alto risco de contaminação pelo coronavírus, sobrecarga de trabalho e a insegurança pelas incertezas da nova doença."Para dar suporte físico e emocional aos profissionais de Enfermagem, busquei tratamentos de cuidados alternativos com terapias a integrativas. Era preciso cuidar dos cuidadores".