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Minha História com a Rede Ebserh
“Tem como você passar pela doença feliz, sorrir e acreditar”
Eu descobri o câncer de mama em 2018, com 23 anos, através de uma lesão no bico do meu seio. E graças a Deus, porque foi a única forma de descobrir a doença, já que não tinha nada aparente e talvez eu não descobrisse. Pela minha idade, por ser muito nova, a mamografia não era indicada. Então, inicialmente, eu não fiz. O exame que me pediram foi um ultrassom de mama, que constatou que tinha algo estranho. A lesão não fechava com antibiótico e pomada. Quando viram que não estava resolvendo, pediram a biópsia. Nesse momento, eu sabia do que se tratava, porque minha avó materna teve câncer. Eu sabia do risco que estava correndo, da possibilidade que esperavam. Com o resultado, me encaminharam para o Hospital Antônio Pedro (Huap-UFF/Ebserh).
Quando cheguei ao hospital, até para os médicos foi diferente e surpreendente, por conta da minha idade. Não era algo comum. Eu fui super bem atendida e amparada pela equipe de médicos e enfermeiros, das meninas da recepção também. Não tenho nem como colocar tamanho na gratidão que tenho a cada um deles. As minhas médicas então... Queria externar minha felicidade, porque o carinho com que eles tratam as pacientes é algo acolhedor no momento que a gente precisa. A minha dificuldade não foi encarar o diagnóstico, saber do tratamento. A minha dificuldade foi como eu ia falar com minha família, que já tinha perdido minha avó para o câncer de mama. Como eu vou falar para eles? Como vão reagir? Quando contei, eles falaram que estavam comigo, que íamos vencer isso juntos.
Eu iniciei o tratamento tendo apoio da minha família. Conforme o tempo ia passando, eu não tive reações à quimioterapia, mas a lesão começou a se abrir e alastrar por todo o seio. Preferiram, então, interromper a quimioterapia e operar. Foi quando fiz a mastectomia total. Depois, voltei para a quimioterapia. Recentemente, terminei a radioterapia e, em breve, darei início ao medicamento oral, graças a Deus.
É um processo muito extenso, cansativo e difícil. Mas ele cura. Valeu a pena passar por tudo isso, porque depois do câncer a gente sai uma pessoa melhor, mais feliz do que entra, querendo viver muito mais. Ao longo do caminho, perdemos amigos com a mesma doença, que a pessoa não conseguiu vencer. Então, chegar ao fim dos longos cinco a dez anos de tratamento e falar “eu venci” é muito gratificante.
Quando eu fiquei carequinha, as pessoas falavam: “tão nova já com câncer”. Ao invés de perguntar “por que comigo?”, eu perguntava “por que não comigo?”. Não sou diferente de ninguém... Talvez se eu não tivesse passado por tudo que passei, eu não teria conhecido tanta gente, tantos lugares ou tido tantas oportunidades. Tem como você passar pela doença feliz, tem como você sorrir, tem como você acreditar, tem como, dentro de você, ter esperança e conseguir transbordar isso para os outros. E eu tenho feito isso. Eu digo que na minha vida valeu a pena as dores, as cicatrizes, as noites mal dormidas. Vale a pena lutar, acreditar.
O Outubro Rosa é muito importante porque é mais falado da prevenção, dos exames, da própria doença. Embora eu acredite que deveria ser mais falado durante o resto do ano.
Daiana Nascimento, 26 anos*
* Daiana está em acompanhamento na mastologia de seis em seis meses, após o fim da radioterapia. Hoje, apesar de não se considerar ainda uma palestrante, é chamada para falar sobre a doença para quem está passando por ela agora.
Sobre a Rede Ebserh
O Huap-UFF faz parte da Rede Ebserh desde abril de 2016. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, a os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.