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HUSM-UFSM
Reconstrução mamária devolve autoestima e esperança a paciente do hospital da Rede Ebserh de Santa Maria (RS)
Elisabete com o sorriso de quem reencontrou a autoestima.
Santa Maria (RS) – “Agora me sinto completa de novo.” Foi assim que Elisabete Rodrigues Machado, 64 anos, descreveu o pós-cirúrgico de sua reconstrução mamária. Moradora de Santiago (RS), ela viajou até Santa Maria para participar do mutirão de cirurgias realizado no dia 5 de julho pelo Hospital Universitário de Santa Maria da Universidade Federal de Santa Maria (HUSM-UFSM), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
A iniciativa faz parte do Ebserh em Ação e do programa federal Agora Tem Especialistas, que têm acelerado atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e devolvido esperança a milhares de pacientes em todo o país. “Durante a pandemia eu fiquei com medo de viajar no ônibus da saúde e faltei às consultas da mastologia. Já estava conformada em ficar a vida inteira usando top recheado com enchimento”, contou Elisabete, que enfrentou um ano de luta contra o câncer e cinco anos de acompanhamento de rotina.
Do diagnóstico à decisão de lutar
Elisabete é uma mulher forte e corajosa. Em 2015, ao descobrir um nódulo no seio esquerdo durante o autoexame, levou três meses para procurar ajuda médica. “A ginecologista solicitou a mamografia e, quando viu o resultado, ficou agitada. Pedi que me encaminhasse pelo SUS para Santa Maria, pois sabia que seria caro para me tratar”, lembrou.
Após uma série de exames no HUSM, veio o diagnóstico: carcinoma triplo negativo, um dos tipos menos comuns e mais agressivos da doença. “Doutora Sabrina foi quem me deu a notícia. Ela me perguntou se eu estava preparada para ouvir a resposta, e eu disse que sim, sem respirar. Saí de lá sem chão, me despedindo mentalmente desse mundo. Fiquei uns quatro dias assim, mas na primeira quimioterapia, eu senti que era eu, o tratamento e Deus, e estávamos combatendo a doença”.
Elisabete não estava disposta a desistir. Com o apoio da equipe assistencial, amigos e fé inabalável, ela enfrentou o tratamento. “Uma amiga me disse: ‘eu aposto em ti’. E outra que conversei, já estava curada há sete anos, foi uma luz para mim. Então pensei: se outras ficaram curadas, eu também ficaria”.
A mastectomia foi realizada pela mesma médica que realizou a reconstrução mamária, a mastologista Sabrina Ribas Freitas. O mutirão do Dia E foi um marco na vida de Elisabete e de outros pacientes atendidos pelo HUSM. Ao todo, 163 procedimentos foram realizados em 5 de julho, proporcionando um reencontro com a saúde, a autoestima e a esperança para aqueles esperavam por algum atendimento especializado.
Para a mastologista, esse reencontro simboliza a essência do cuidado oncológico. “Antes mesmo da reconstrução, o mais importante é que houve sucesso no tratamento da doença. Esse é sempre o nosso foco inicial: buscar a cura ou o controle do câncer, quando possível”. E reforçou, “Sabemos o quanto as mamas impactam a autoestima, a percepção corporal e a vivência da feminilidade. Poder oferecer a reconstrução mamária é uma forma de cuidar integralmente da paciente. Para nós, é uma alegria poder participar desse momento com elas”.
Sabrina reforçou que a reconstrução tem impacto profundo na vida das pacientes. “Sabemos o quanto as mamas influenciam na autoestima, na percepção corporal e na feminilidade. Quando possível, realizamos o procedimento já na cirurgia oncológica. Mas, em alguns casos, a reconstrução precisa ser adiada: por razões clínicas ou por escolha da paciente. O importante é respeitar o tempo e a realidade de cada uma”.
A reconstrução que mudou a história
A ausência da mama era uma cicatriz invisível que Elisabete carregava com dignidade. “Minha filha ao me ver tão contente, completa, pois me faltava a mama esquerda, se surpreendeu. Ela pensava que não era importante para mim, pois não me queixava nem demonstrava tristeza. Algumas vezes, esquecia de colocar top com enchimento e na rua, quando percebia, colocava a mão ou cobria com um pacote para esconder minha condição de pessoa que falta um pedaço”.
Ao saber que seria uma das pacientes contempladas no mutirão, não teve dúvidas. “Abracei de imediato. Estava tranquila, confiante, entregue a Deus e aos médicos. Todos me trataram como eu gostaria de ser tratada. A equipe foi maravilhosa”.
A cirurgia foi bem-sucedida e, duas semanas depois, Elisabete retornou ao HUSM para retirar os pontos, mas, dessa vez a viagem de 160 quilômetros foi feita com leveza e gratidão. “Agora é só acompanhar. Estou bem”. Para ela, o mutirão é uma iniciativa que precisa continuar. “Vi pessoas lá fazendo outros tipos de cirurgia. Como eu, acredito que todos devem ter ficado contentes”.
Com experiência e serenidade, deixou um recado: “Cuidem-se! Alimentem-se de forma saudável, façam exercícios, observem os sinais no corpo e não deixem para depois. Em caso de dúvida, procure atendimento médico”.
Para a mastologista Sabrina, “A história de Elisabete mostra a importância de cuidar da saúde como um todo: corpo e mente. Estilo de vida saudável, alimentação equilibrada, sono de qualidade, controle do estresse e atividade física são fundamentais tanto na prevenção quanto na recuperação”.
Para Sabrina, “Nem sempre uma cirurgia perfeita do ponto de vista técnico significa satisfação total. Muitas vezes, existem dores subjetivas, como o luto pela perda da mama. Por isso, o apoio emocional também é essencial para o sucesso da abordagem cirúrgica”. E completou: “Os resultados costumam ser muito bons. Mas é importante que a paciente esteja pronta, não só fisicamente, mas também emocionalmente”.
Sobre a Ebserh
O HUSM-UFSM faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh