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IMPLANTE COCLEAR
Ouvido biônico devolve audição a pacientes surdos tratados na Rede Ebserh
O aparelho converte a energia mecânica do som em estímulos elétricos e esses sinais, por sua vez, são levados ao cérebro pelo nervo auditivo
Brasília (DF) – Imagine um mundo completamente barulhento, em que as pessoas se atropelam nos diálogos, falam cada vez mais alto para serem ouvidas e interagem entre si de forma vertiginosa. Esse é o mundo em que vivemos. Agora imagine que as coisas vão esfriando, as pessoas vão se distanciando, a interação se perdendo e a própria compreensão das coisas tornando-se mais difícil. Isso é o que acontece com quem perde a audição, como é caso de Maria Liduína, que percebeu os primeiros sinais da surdez aos 12 anos. “Dois anos depois, a perda foi brusca”, lembra a irmã de Liduína, Luciana Alves.
Em muitos casos, o uso de aparelhos auditivos não resolve ou sequer minimiza o problema. Mas para determinados casos, uma solução tem sido oferecida com resultados expressivos na melhoria da qualidade de vida das pessoas. É o implante coclear, popularmente conhecido como “ouvido biônico”. Trata-se de um equipamento eletrônico computadorizado que substitui a função do ouvido interno de pessoas com surdez total ou quase total. Liduína recebeu o implante no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC-UFC/Ebserh), uma das unidades da Rede Hospitalar Ebserh que oferece a alternativa. “É como se ela nascesse de novo”, conta a irmã, emocionada.
Para o implante, é realizada uma cirurgia para a colocação de um eletrodo dentro da cóclea (parte auditiva do ouvido interno também chamada de caracol, devido à sua forma), que será ativado depois de um mês, tempo normalmente necessário à cicatrização. O aparelho converte a energia mecânica do som em estímulos elétricos e esses sinais, por sua vez, são levados ao cérebro pelo nervo auditivo. Normalmente, o paciente fica internado por um dia e retira os pontos uma semana depois. O implante coclear possui alto custo – cerca de R$ 60 mil (R$ 45 mil apenas pela prótese), mas a cobertura total da cirurgia nos hospitais da Rede Ebserh é pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Para quem tem dúvidas sobre o impacto na vida das pessoas para melhor, basta conhecer Helenice Cartágene, assistente social do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS-UFPA/Ebserh), localizado em Belém (PA). Ela acompanhou a história de uma paciente que nunca tinha ouvido a voz do próprio filho. “Durante o nascimento do filho, por complicações no parto ocorrido em um hospital do interior do estado, ela teve como consequência a perda total da audição. Mas ao chegar em casa após a ativação do implante, a família colocou-a de costas e pediu para o filho falar com ela. Ao ouvir a palavra ‘mãe’, verbalizada pelo menino, sentiu uma emoção inexplicável, teve seu sonho realizado. Hoje ela segue vida normal, desenvolveu a oratória perfeitamente e voltou a trabalhar”, conta.
A menina Kamilly Ferri, de 7 anos, moradora da Região Metropolitana de Vitória (ES), também recebeu o implante. Ela nasceu surda e já consegue se comunicar por meio da linguagem oral. “Cada palavra que ela aprende é uma vitória para a gente. Eu não trabalho fora apenas para cuidar dela. É muito gratificante ouvir uma palavra de carinho da minha filha. Faz valer todo o sacrifício”, disse a mãe de Kamilly, Lauriete Ferri. A criança recebeu o implante no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam-Ufes/Ebserh), em Vitória (ES).
Outras unidades da Rede Ebserh ainda podem ser citadas por oferecer o implante de forma gratuita, como o Complexo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR/Ebserh), o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) e o Hospital Universitário de Aracaju (HU-UFS/Ebserh). Segundo o otorrinolaringologista do HU-UFS, Ronaldo Carvalho, além de resultar em melhora dos níveis de audição, o implante é capaz de contribuir para o desenvolvimento da fala e da linguagem e melhorar a autoestima e a confiança do paciente. “Os benefícios são inúmeros em toda a comunicação, incluindo o relacionamento com outras pessoas”, avalia.
Sobre a Rede Hospitalar Ebserh
Desde outubro de 2015, o Complexo Hospitalar da UFPA faz parte da Rede Ebserh. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Hospitalar Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.
Coordenadoria de Comunicação Social