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DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO
Nutricionistas lembram: o caminho para uma vida mais saudável começa no prato
Consumo de alimentos ultraprocessados deve ser evitado e de processados, limitado. Imagem ilustrativa: Freepik.
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Brasília (DF) – “Uma alimentação adequada é fundamental em todas as fases da vida”, destaca a nutricionista Nataly Cézar, chefe da Unidade Multiprofissional do Hospital Universitário Júlio Bandeira, da Universidade Federal de Campina Grande (HUJB-UFCG). Neste 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação, ela e outros especialistas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) defendem o consumo de alimentos saudáveis e o atendimento em nutrição aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), tanto ambulatorial quanto a pacientes internados.
Nataly esclarece que na infância e adolescência a alimentação contribui para o crescimento, o desenvolvimento físico e cognitivo, além de melhorar o desempenho escolar. Na fase adulta, auxilia na manutenção da energia, do peso corporal adequado e na prevenção de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e obesidade. Já no envelhecimento, ajuda a preservar a massa muscular, fortalecer os ossos, proteger a imunidade e garantir mais autonomia e qualidade de vida.
O Guia Alimentar para a População Brasileira do Ministério da Saúde orienta que uma alimentação saudável deve priorizar alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, cereais, feijões, oleaginosas, leite, carnes e ovos. Também recomenda limitar o consumo de alimentos processados e evitar os ultraprocessados, priorizando refeições feitas em casa, de forma equilibrada e culturalmente apropriada.
Os carboidratos, responsáveis pelo fornecimento de energia ao corpo, podem ser encontrados em arroz, batata, mandioca, pães e massas, de preferência, integrais. As proteínas estão presentes em carnes magras, ovos, peixes e ainda em leguminosas, como feijão, lentilha e grão-de-bico. As gorduras boas estão no azeite, nas castanhas, sementes, abacate e em peixes ricos em ômega-3. Já vitaminas e minerais vêm principalmente das frutas, verduras e legumes. “Incorporar esses nutrientes à rotina significa montar refeições variadas e coloridas ao longo do dia, garantindo equilíbrio e diversidade alimentar”, diz Nataly.
Doenças e alimentação inadequada
A nutricionista Francine Monte Duarte, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Amapá (HU-Unifap), lista como principais doenças ligadas a uma má alimentação, a obesidade, o diabetes tipo 2, a hipertensão arterial, as doenças cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), além de alterações no colesterol e triglicerídeos. Ela também elenca doenças do fígado, como a esteatose hepática, e até alguns tipos de câncer.
Francine Duarte explica que o excesso de calorias leva ao ganho de peso e à obesidade; o alto consumo de carboidrato simples favorece o diabetes, assim como o aumento de triglicerídeos e o excesso de sal aumentam a pressão arterial, e as gorduras ruins elevam o risco de infarto e AVC. Já a baixa ingestão de frutas, verduras e fibras reduz a proteção natural contra essas doenças.
Maria Josefa de Moraes, de 71 anos, paciente no HUJB-UFCG, buscou na consulta com a nutricionista, a prescrição de uma dieta com alimentos mais saudáveis. Ela relatou que, além de outros problemas de saúde, está com o colesterol alto. “Uma alimentação mais adequada deve resolver meu problema. Através da orientação da nutricionista, posso me prevenir cada vez mais. Quando era mais nova, eu comia de tudo! Não sabia que poderia ter os problemas atuais”, declarou a paciente.
Alimentação saudável adaptada para diferentes necessidades e preferências
Segundo a nutricionista do HUJB-UFCG, a alimentação saudável é um conjunto de princípios que podem ser ajustados para atender necessidades individuais, culturais e de saúde. Pode ser adaptada a vegetarianos, veganos e pessoas com intolerâncias alimentares, desde que haja planejamento nutricional, diversidade alimentar e, quando necessário, suplementação. Nas intolerâncias alimentares, os alimentos são substituídos por similares em nutrientes. Na intolerância à lactose, por exemplo, deve-se optar por leites e derivados sem lactose, ou bebidas vegetais enriquecidas, e ainda garantir cálcio em vegetais verdes-escuros, gergelim, amêndoas.
“Mesmo com adaptações, o plano alimentar deve seguir os princípios da alimentação saudável, com todos os nutrientes necessários, respeitando-se a individualidade”, destaca Nataly César. Entre os desafios para a população manter uma alimentação saudável, ela elenca os relacionados a fatores econômicos, já que alimentos frescos muitas vezes têm custo mais elevado em comparação com ultraprocessados; a falta de tempo, que leva as pessoas a optarem por refeições rápidas; e a forte influência da publicidade e do ambiente alimentar, que favorecem escolhas menos saudáveis.
Suplementação alimentar
Segundo Joezer Oliveira Carvalho, nutricionista residente no Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT), os suplementos alimentares podem fornecer nutrientes, enzimas, probióticos e substâncias bioativas (nutriente ou não-nutriente com ação metabólica específica). Ele evidencia que a maioria das pessoas saudáveis não necessita de suplementos alimentares, pois uma dieta equilibrada já é suficiente para atender às necessidades nutricionais.
Joezer explica que os atletas profissionais ou praticantes de atividade física intensa, por não atingirem suas metas nutricionais somente com a dieta normal, podem necessitar de suplementação. Porém, ele lembra que os suplementos não devem substituir a alimentação, somente complementá-la. “Existem produtos com ‘cara de suplemento alimentar’, mas que, na verdade, são medicamentos por possuírem alta dose de determinado nutriente para tratar alguma deficiência nutricional diagnosticada em algumas pessoas”, alerta Joezer Carvalho.
Riscos associados ao uso de suplementos alimentares
Quando a pessoa consome um suplemento, mesmo em pequenas doses, o nutriente suplementado soma-se ao da sua dieta. “O resultado pode ser uma ingestão muito acima da necessidade do organismo. O excesso interfere na absorção de outros nutrientes importantes e pode causar problemas no organismo ou ter um efeito tóxico”, diz Joezer.
O profissional afirma que outro risco envolve o consumo de produtos vendidos como suplementos e que apresentam em sua composição nutrientes ou substâncias que não foram avaliados por estudos científicos ou que não têm evidências suficientes que justifiquem seu uso. “Muitas pessoas acabam comprando produtos que não promovem benefícios reais ou cujo efeito é mínimo e irrelevante”, diz Joezer. Ele acrescenta que o nutricionista é o profissional preparado para avaliar em que momento a suplementação será indicada, analisando cada caso.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Rosenato Barreto com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh