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Hospital da Ebserh em Fortaleza (CE) supera marca de 100 cirurgias de hipófise
Cirurgia de hipófise realizada no Hospital Universitário Walter Cantídio: redução de riscos para cérebro e nervo óptico
Fortaleza (CE) – O Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) superou a marca de 100 cirurgias de hipófise. Com este serviço, o hospital universitário é um dos principais centros especializados nesse tipo de cirurgia na região, amplia o atendimento na rede pública e contribui para redução de custos de tratamento de pacientes com tumores de hipófise, além de formar profissionais qualificados neste procedimento. O HUCW tem toda a linha de cuidado para estes pacientes, desde o atendimento ambulatorial até o acompanhamento pós-cirúrgico.
A hipófise é conhecida como "glândula-mãe", pois regula diversas outras glândulas, como tireoide, testículos, ovários e adrenais. O procedimento cirúrgico, que já foi feito por via transcraniana e posteriormente pela gengiva, hoje é realizado pelo nariz (transesfenoidal transnasal), permitindo um acesso mais direto e seguro, reduzindo riscos ao cérebro e ao nervo óptico.
De acordo com o neurocirurgião Rodrigo Becco de Souza, coordenador da neurocirurgia do HUWC, a cirurgia dura de duas horas e meia a três horas e a recuperação exige acompanhamento especializado. "A cicatrização nasal é um ponto importante, pois a cirurgia é feita pelo nariz com o uso de endoscopia. Além disso, podem ocorrer alterações hormonais, como a queda da secreção de ADH, levando ao aumento do volume urinário e alterações dos sais no sangue, necessitando de medicação temporária", explica.
Segundo ele, pelo último levantamento do sistema Master, a equipe já realizou mais de 150 procedimentos desde 2016, quando o hospital retomou estas cirurgias. “Começamos a operar por uma demanda da endocrinologia. Na ocasião, havia cerca de 50 pacientes com potencial benefício pela cirurgia. Estabelecemos e aperfeiçoamos, em conjunto, protocolos para a condução destes pacientes”, disse o médico, que iniciou estes procedimentos na residência em neurocirurgia em São Paulo e já acompanhou especialistas nesta cirurgia nos Estados Unidos.
“Na medida em que resolvíamos esses casos, abrimos espaço para atender a demanda da rede pública, o que nos levou a operar não somente os casos inicialmente indicados. Portanto, ver essa marca de mais de 100 casos operados, seguindo protocolo que asseguram a qualidade da condução de cada um dos pacientes, é muito gratificante”, acrescentou.
Especialista ressalta importância para o SUS
O endocrinologista Manoel Martins, professor do Departamento de Medicina Clínica da UFC e parte da equipe do HU, destaca a importância desse procedimento para os pacientes e para o Sistema Único de Saúde (SUS). "Como a cirurgia hipofisária é feita em poucos centros, termos uma equipe dedicada a esse tratamento é essencial. Esses tumores podem causar grande morbidade e até mortalidade, então o tratamento adequado é fundamental", afirma.
Segundo Martins, a cirurgia hipofisária, hoje na grande maioria feita por acesso transesfenoidal transnasal ("pelo nariz"), é o tratamento de escolha da maioria dos tumores de hipófise (exceto os prolactinomas, cujo tratamento inicial deve ser medicamentoso). O objetivo é retirar apenas o tumor, preservando a glândula normal, o que nem sempre é possível. Mesmo nos casos em que não há cura, o paciente pode apresentar rápida melhora dos sintomas de excesso hormonal e principalmente dos sintomas neurológicos como dor de cabeça e da redução visual
Ele explicou que a equipe que retomou esta cirurgia em 2016 é a mesma até hoje, sendo necessário a participação de otorrinolaringologista, endocrinologista e neurocirurgião. Participam da equipe, além de Rodrigo Becco e Manoel Martins, a professora endocrinologista Ana Rosa Quidute, os otorrinolaringologistas André Alencar Araripe, André Luiz Monteiro e Viviane Carvalho, e as endocrinologistas Renata Carvalho de Alencar, Carla Antoniana Vieira e Juliana Pinheiro
“Além dos profissionais do hospital e da universidade, contamos com toda a equipe de residentes da endocrinologia e otorrino, que também é fundamental para o sucesso da cirurgia, servindo também de campo de aprendizagem para eles”, acrescentou Manoel Martins.
Hospital forma profissionais para a sociedade
De acordo com os médicos do Walter Cantídio, o aprendizado é benéfico não somente para os residentes das especialidades cirúrgicas envolvidas, mas também para outros residentes envolvidos no cuidado, como endocrinologia, anestesiologia e radiologia, por exemplo. Dessa forma, os profissionais são treinados não somente para atender às demandas do hospital, mas para reproduzir este trabalho, em alta qualidade, onde precisar.
O HUWC é um dos dois maiores centros especializados no manejo de pacientes com tumores hipofisários no Ceará, ao lado do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). No Walter Cantídio, os pacientes encaminhados com suspeita ou diagnóstico de tumores hipofisários são inicialmente avaliados no Ambulatório de Neuroendocrinologia pelos professores Ana Rosa Quidute e Manoel Martins, ambos especialistas na área. Após a avaliação clínica inicial, sendo confirmado o diagnóstico, decide-se iniciar o tratamento com medicamentos, indicado em vários casos, ou com a cirurgia.
"Os pacientes com diabetes, com problemas na tireoide e outros podem ser tratados num posto de saúde, mas, se a pessoa com doença hipofisária não tiver acesso a um atendimento especializado, não haverá a menor possibilidade de o problema dela ser identificado e tratado com sucesso. Por isso, trabalhamos muito para estimular o diagnóstico. Treinamos e sensibilizamos os profissionais da atenção primária para que referenciem para o atendimento especializado, principalmente agora que retomamos a cirurgia hipofisária", reflete Manoel Martins.
Sobre a Ebserh
O CH-UFC faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Sinval Paulino, com informações do site oficial do CH-UFC
Coordenadoria de Comunicação Social