Galeria de Imagens
DIA DOS PAIS
Histórias de pais e filhos viram exemplos de parceria e transformação nos hospitais da rede Ebserh
Brasília (DF) - “Eu via o sofrimento dele, então decidi entrar em um laboratório e vi que tínhamos o mesmo tipo sanguíneo. Na mesma hora eu liguei e falei que ia fazer os exames para ver se a gente era compatível”. O relato é do vendedor Leonardo, que tinha então 30 anos e virou o doador do rim para o homem que o havia adotado quando tinha dois anos. A chance de serem 100% compatíveis era de uma em mil, mas deu certo.
Essa é a história do pastor Elias Nascimento, um paciente renal atendido no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes), e seu filho adotivo, Leonardo. O relato é lembrado neste Dia dos Pais, como um exemplo de emoções que pacientes e trabalhadores dos hospitais universitários vivem no dia-a-dia e que mostram a força do vínculo entre pais e filhos. “Acho que nossos caminhos já estavam cruzados desde a adoção, já éramos unidos e hoje esta história nos uniu para sempre”, disse Elias.
O nefrologista Rodrigo Klein, que atende Elias atualmente no Hucam, disse que os casos de doação entre pais (ou mães) e filhos (ou filhas) sempre emocionam. “A cena que mais comove nossa equipe é quando vemos doador e receptor entrando juntos no centro cirúrgico, cada um em sua maca, mas muitas vezes dando as mãos antes da cirurgia”, afirma o médico.
Relação transforma vidas
Além desse fortalecimento, o envolvimento de pais e filhos emociona porque geralmente transformam a vida de todos. É o caso do enfermeiro Edgar Lisboa, também do Hucam, cuja história pessoal e profissional passou por uma reviravolta quando recebeu o diagnóstico de autismo nível 3 de suporte do filho Augusto, hoje com 9 anos. O segundo filho, Vicente, também foi diagnosticado com autismo, num grau mais brando.
“Mudou tudo, mudou minha visão de paternidade, minhas expectativas profissionais e até minha visão sobre família”, afirma Edgar, que adiou os planos – hoje retomados – de fazer um doutorado. Junto com a esposa, Débora Libanês, ele é fundador do instituto Além do Diagnóstico, resultado de seus aprendizados com Augusto e Vicente. Edgar é o primeiro colaborador da Ebserh a conseguir jornada diferenciada para se dedicar aos filhos e, com seu ativismo, contribuiu para o desenvolvimento das políticas de apoio a famílias atípicas na Rede.
Pai relata como luta por inclusão
Quem também vive essa experiência é o técnico em segurança do trabalho Paulo Henrique Martins Souza, do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN). Ele divide a vida profissional com os cuidados dedicados ao filho João Gabriel, um adolescente de 15 anos diagnosticado com autismo severo.
“Cumpro todas as tarefas que me são demandadas e minha dedicação ao meu filho faz toda a diferença no seu desenvolvimento”, afirma o pai, que se tornou uma inspiração diante dos problemas que encara para garantir a inclusão, o tratamento e as necessidades de Gabriel. Ele conta com carga horária reduzida na Ebserh para essa tarefa de pai. “É um desafio constante e enriquecedor”, afirma.
Parceria até na vocação profissional
Dizem que a palavra convence, mas o exemplo arrasta. Deve ser o caso de Rubem Filho e Rubem Neto, pai e filho. Os dois são cirurgiões do aparelho digestivo do Hospital Universitário Getúlio Vargas, da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam). “Desde a infância, eu sempre quis ser cirurgião, por ver meu pai se dedicando tanto em fazer o que gosta. Com certeza, ver ele ajudando tantos pacientes me influenciou a escolher o que eu faria”, afirma o Rubem mais novo.
Ele diz que, apesar da vocação, não houve pressão, e o fato de seguir a carreira do pai, o cirurgião mais antigo do HUGV, nem sempre traz facilidades. “Ele é e foi o professor da grande maioria dos bons cirurgiões formados aqui no Amazonas, então a expectativa criada sobre mim, mesmo antes de eu terminar a faculdade, já existia. E isso serviu de incentivo para que eu me dedicasse cada vez mais na minha área”, acrescenta o filho, que hoje é pai de uma menina que quer ser cirurgiã.
Rubem pai, que foi o primeiro superintendente do HUGV e hoje é responsável técnico pelo Serviço de Cirurgia do Aparelho Digestivo do hospital, se enche de orgulho ao falar desta parceria. Ele ocupa várias linhas só para falar do currículo do filho que passou no concurso da Ebserh em 2016, e faz questão de afirmar que nunca houve favorecimento.
Segundo ele, além desta experiência familiar, trabalhar com o jovem Rubem é gratificante no sentido profissional, principalmente por acompanhar a evolução das técnicas cirúrgicas na sua área. “A cirurgia que a gente fazia há 15 anos atrás não é mais a mesma de hoje. Mas nem por isso eu não deixo de me atualizar. Eu corro atrás deles agora; antigamente, eles corriam atrás de mim”, conclui o cirurgião famoso que, sem querer, definiu o papel de pai ao falar desta experiência: “A figura do mestre é justamente isso: é fazer com que os seus discípulos o superem”.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Reportagem: Sinval Paulino, com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh