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SAÚDE
Doença de Lyme pode causar complicações neurológicas e cardíacas se não tratada a tempo
A doença é uma infecção causada por bactérias gram-negativas do gênero Borrelia, transmitidas pela picada de carrapatos infectados Imagem Ilustrativa: canva
Brasília (DF) – Febre, fadiga extrema e dores nas articulações são sintomas que podem ser confundidos com uma gripe comum, mas fazem parte do quadro da doença de Lyme, uma infecção bacteriana transmitida pela picada de carrapatos contaminados. Embora rara no Brasil, a doença ganhou destaque mundial após o cantor Justin Timberlake divulgar em suas redes sociais seu diagnóstico. Para esclarecer o tema, especialistas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) explicam os principais aspectos da doença e a atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) no combate à doença.
A doença de Lyme foi assim denominada em referência à cidade de Lyme, no estado de Connecticut, nos Estados Unidos, onde os primeiros casos clínicos foram identificados na década de 1970. Segundo a médica infectologista Thallyta Antunes, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), a doença é uma infecção causada por bactérias gram-negativas do gênero Borrelia, transmitidas pela picada de carrapatos infectados.
Embora não seja contagiosa entre pessoas, é uma condição que exige atenção devido à sua possível evolução clínica. Além de febre, fadiga e dores nas articulações, a doença pode apresentar manifestações cardíacas, oftalmológicas, neurológicas e reumatológicas. Entre as possíveis sequelas estão paralisia do nervo óptico, bloqueio atrioventricular e pericardite.
A doença existe no Brasil?
A infecção é mais comum nos Estados Unidos, Europa e partes da Ásia. No Brasil, há discussões entre especialistas sobre casos locais e formas semelhantes da infecção. De acordo com o infectologista André Bon, do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB), os registros no país são, em geral, de pessoas que viajaram para áreas onde há transmissão da doença. “O que se discute é a ocorrência de síndromes semelhantes, como a chamada doença de Lyme-símile ou síndrome de Baggio-Yoshinari”, explica Bon.
O infectologista Rodrigo Douglas Rodrigues, do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), aponta que há relatos clínicos compatíveis com a forma “símile” da doença. “Temos registros da forma brasileira da doença, cujo principal vetor é o carrapato-estrela. Os casos estão associados principalmente a ambientes com animais silvestres, como capivaras”, afirma o médico.
Diagnóstico e tratamento pelo SUS
Segundo Bon, o diagnóstico da doença de Lyme é sorológico, ou seja, realizado por meio de exame de sangue, que detecta a presença de anticorpos ou antígenos relacionados à bactéria. “Já a confirmação deve ser feita através do exame Western Blot”, destaca.
Os hospitais universitários da Rede Ebserh realizam a avaliação precoce dos sintomas e o acompanhamento em todas as fases da forma símile da doença pelo SUS. O tratamento é baseado no uso de antibióticos com ação contra a bactéria e também cuidados específicos para as manifestações clínicas apresentadas pelo paciente. “A doença costuma se manifestar com lesões na pele, febre, cansaço intenso e gânglios inchados (ínguas) pelo corpo. É importante procurar atendimento médico caso a pessoa apresente esses sintomas e tenha tido exposição de risco, como caminhada em áreas de mata fechada ou próximas a rios, contato com animais silvestres, especialmente capivaras, ou presença de carrapatos ou histórico de picada recente”, aconselha Rodrigo.
Prevenção sempre será o melhor caminho
Evitar a picada de carrapatos é fundamental para prevenir a doença. “É recomendado o uso de roupas compridas, aplicação de repelentes e a inspeção cuidadosa do corpo após visitas a áreas de mata ou regiões ribeirinhas. Outra medida importante é verificar a pele ao remover as roupas, observando se há carrapatos aderidos. Caso algum seja encontrado, ele deve ser retirado imediatamente e o local lavado com água e sabão”, orienta o infectologista.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Reportagem: Elenita Araújo, com revisão de Danielle Campos.
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh