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RELATOS DE QUEM CUIDA
“A gente possibilitou, por meio desses projetos, a ligação instituição-comunidade que é necessária”
Enfermeira do HUPAA-Ufal desde 1981, Terezinha Barbosa da Silva lidera projetos que transformam o hospital e a comunidade. - Foto:
Maceió (AL) – Meu nome é Terezinha Barbosa da Silva, sou enfermeira e tenho especialização em saúde comunitária e saúde do adolescente. Sou uma pessoa que acredita muito e busco meu espaço. Quando eu era estudante passava em frente ao hospital e dizia que ia trabalhar nesse lugar. Assim aconteceu. Fiz minha capacitação em Belo Horizonte (MG), voltei para Alagoas para prestar o concurso e cheguei no HU como enfermeira no ano de 1981.
Trabalhei inicialmente com crianças e adolescentes no projeto de puericultura, que foi constituído pelo Dr. José Gonçalves, e continuei até um ano atrás fazendo o acompanhamento de enfermagem das crianças que nasciam na maternidade, por meio do “Núcleo materno infanto-juvenil”. Também trabalhava com os adolescentes dos bairros do entorno do hospital e da Vila Sombra dos Eucaliptos, em que íamos ajudar as pessoas da comunidade.

Ao longo do tempo a estrutura de trabalho foi modificada diante das novas demandas que surgiam. Agora estou na Unidade de Ambulatório 2 – pediatria. Como não existe mais a puericultura, fiquei dando continuidade aos projetos. Inicialmente criamos o “Núcleo de Assistência Materno Infanto Juvenil”, em 1991. Quando a gente começou a trabalhar nesse projeto percebemos que tinham muitos adolescentes, por isso criamos o “Mutante”. Após isso, assumi o “Saúde e cidadania na escola”. Além deles, também contamos com o PROGERARTES para geração de renda, arte, educação e saúde.
Tive muitos momentos marcantes na instituição. Porém, uma das coisas que mais lutamos quando chegamos aqui era a criação do parque infantil. Tínhamos até um projeto de anos atrás para que ele fosse implantado, mas acabou não dando certo. Porém, em 2024 o parquinho foi inaugurado e o sonho de longa data se realizou. Agora a gente passa e vê as crianças brincando, às vezes até os pais se divertindo, vivenciando uma etapa que não tiveram. Então esse parquinho fez a diferença.
Acredito que todo o trabalho desenvolvido até aqui ficou marcado pela mudança da realidade, por meio da troca de conhecimentos. A gente possibilitou, por meio desses projetos, a ligação instituição-comunidade que é necessária. Transformamos a mentalidade de muitos estudantes que desconheciam o que era feito na comunidade. Ao invés de ficar sentados, apresentamos a realidade para eles poderem aprender a trabalhar e nós também aprendemos. É preciso saber lidar com o tradicional e o popular.
Para quem está chegando agora para trabalhar nesta instituição eu diria que é necessário trabalhar com amor, buscando sempre os objetivos, ir à luta e acreditar. Quando você acredita, tudo pode acontecer. Também não recomendo que trabalhe só, pois não é possível conseguir tudo sozinho. Além disso, outro conselho que dou é que não queira estar nos holofotes, pois quem se humilha será exaltado, quem se exalta será humilhado.
Embora esteja próximo da minha aposentadoria, sinto que aprendi muito no HU e continuo aprendendo. Para os próximos passos penso em escrever um livro sobre toda a trajetória vivida até aqui e espero que esses projetos que estou à frente atualmente continuem mesmo após eu sair, porque tudo que está acontecendo hoje é porque alguém lá atrás lutou por isso.
Terezinha Barbosa da Silva, enfermeira do HUPAA-Ufal